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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Governo Lula

Reforma ministerial esvaziada afasta Centrão

Prometida como chave para ampliar a base, a reforma terminou reforçando a desconfiança entre o Planalto e partidos que dominam o Congresso Nacional

Thiago Borgespor Thiago Borges em 27 de maio de 2025
Reforma ministerial esvaziada afasta Centrão
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que dominava as discussões políticas em torno do Palácio do Planalto na reta final do último semestre do ano passado, já perdeu a força que prometia ter na bancada de negociações para as articulações em 2026. O rumor, que previa Lula abrindo espaço para os partidos do Centrão na Esplanada em detrimento dos aliados à esquerda, não se concretizou — e foi um dos fatores determinantes para que as legendas do bloco desembarcassem em peso da gestão petista. 

No início do ano, as negociações apontavam para a seguinte resolução: Lula iria demitir ministros de seu grupo político para abrir espaço para grandes siglas do Centrão — União Brasil, MDB, Republicanos, PP e PSD. O movimento era visto como certo e refletiria a tentativa do petista de manter as legendas que dominam o Congresso Nacional em sua base de apoio. Dessa forma, além de garantir governabilidade, Lula teria possíveis aliados importantes para a disputa de 2026. 

Porém, o que se viu foi um movimento oposto. O presidente preferiu manter aliados fiéis nos ministérios mais importantes das Esplanada, já que entendeu que serão esses aliados que irão lutar pelo seu projeto político de reeleição em 2026. Amontoar o Centrão na Esplanada não é garantia de apoio integral desses partidos no próximo pleito — e por isso Lula recuou. Ao fim, a reforma ministerial virou uma troca de seis por meia dúzia. As mudanças foram a entrada de Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e a ida de Alexandre Padilha da SRI para a pasta da Saúde, após a demissão de Nísia Trindade. 

A única mudança envolvendo alguma legenda do Centrão foi a saída de Juscelino Filho (União Brasil), que pediu demissão do ministério de Comunicações após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por um suposto esquema de corrupção. No seu lugar, entrou Frederico Siqueira, ex-presidente da Telebras, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), um dos líderes do União Brasil. 

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Após a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, devido a crise instaurada na pasta por conta do escândalo de descontos indevidos no INSS, e a entrada de Wolney Queiroz, ambos do PDT, a única mudança ainda ventilada na Esplanada é a saída de Márcio Macêdo da Secretaria-Geral da Presidência para dar lugar ao deputado Guilherme Boulos (Psol-SP). Ou seja, mais uma mudança que pouco agradaria os partidos do centro. 

O cenário irritou o Centrão. A leitura é que, agora, mesmo que Lula decida abrir espaço, é tarde demais. No entendimento dos líderes do bloco, não existe tempo hábil para construir trabalhos sólidos e importantes até a disputa eleitoral do próximo ano, mesmo nos cargos do alto escalão da Esplanada. Além disso, a baixa popularidade do governo não desperta bons olhos dos partidos de centro, que não querem ser associados a uma má administração do país.

Em suma, o resultado das poucas mudanças ministeriais é o distanciamento do governo federal do Centrão, que já ensaia uma candidatura de centro-direita ao Palácio do Planalto que deve ser endossada pela maioria dos partidos. Enquanto isso, Lula tentará a reeleição com a máquina pública nas mãos e com apoio majoritário das legendas de esquerda. (Especial para O Hoje)

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