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Política Fiscal

Lula cria ou aumenta mais de 20 tributos desde o início do terceiro mandato 

O número pode ser ainda maior. Governo prepara novo pacote de reajustes, com foco nos investimentos do setor produtivo 

Raunner Vinicius Soarespor Raunner Vinicius Soares em 16 de junho de 2025
Luís Inácio Lula da Silva (PT)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou ou aumentou 21 tributos desde o início do seu terceiro mandato, diz levantamento da oposição na Câmara dos Deputados. Os dados levam em consideração os impostos, taxas e contribuições — de 2023 a 2025. As medidas atingiram de combustíveis a compras pela internet, passa por apostas eletrônicas, investimentos, energia solar, veículos elétricos e até heranças. “Quase todos os setores da economia e da vida cotidiana foram afetados por novas imposições fiscais. Desde janeiro de 2023, o governo Lula vem promovendo uma escalada sem precedentes na carga tributária brasileira”, afirma o líder da oposição, deputado federal Luciano Zucco (PL-RS). 

O parlamentar afirma que a oposição não aceitará novos aumentos de impostos e que irá resistir a qualquer proposta que vá na contramão do alívio fiscal. “O Congresso tem o dever e a obrigação de dizer um sonoro não a esse governo que só sabe gastar e cobrar mais da população. Basta!”, declara. Zucco ainda destaca que o povo brasileiro tem sido espremido por uma máquina pública ineficiente e perdulária. “Estamos falando de aumento no gás, na gasolina, na energia, nos investimentos, nos alimentos. O governo Lula está metendo a mão no bolso do cidadão de forma descarada”, acusa o deputado federal. 

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Zucco também faz um alerta direto às legendas e parlamentares que avaliam apoiar novas medidas tributárias. “Quem embarcar nessa aventura arrecadatória que se prepare. O eleitor está de olho, e as eleições estão logo aí. O brasileiro já não aguenta mais pagar a conta da incompetência fiscal do governo federal.” 

Novo pacote 

Como anunciado nos últimos dias, o governo federal prepara um novo pacote de aumento de tributos. Desta vez, o governo mira os investimentos no setor produtivo. O Ministério da Fazenda estuda o envio de uma Medida Provisória para tributar em 5% os rendimentos de CRI, CRA e debêntures incentivadas, que hoje são isentos de Imposto de Renda (IR). Esses papéis são fundamentais para o financiamento do agronegócio, do setor imobiliário e de obras de infraestrutura. 

O levantamento alerta que, se for adiante, a medida pode desestimular investimentos privados nesses setores e provocar um efeito cascata: menos crédito, menos obras, menos empregos — e mais custo para o consumidor final. Zucco aponta que a oposição vê com extrema preocupação esse movimento e alerta que transformar o investidor produtivo em vilão é o caminho inverso do que o Brasil precisa para crescer. 

Reforma Tributária 

O líder da oposição diz que o que mais chama atenção é que esse pacote de aumentos vem logo após a aprovação da Reforma Tributária, que prometia simplificar e racionalizar o sistema. “É uma completa maluquice. O País ainda nem digeriu a reforma e o governo já vem com mais aumento de imposto?”, critica.  

O levantamento demonstra, com exemplos práticos, como essas ações podem impactar a população: 1) Gasolina e diesel mais caros: encarecem o transporte coletivo, o frete e o preço dos alimentos nas prateleiras; 2) Volta dos impostos sobre etanol: eleva o custo de abastecimento até mesmo em Estados produtores; 3) Compras em sites como Shein, Shopee e AliExpress agora pagam até 60% de imposto: o que antes era uma alternativa acessível para as famílias, agora ficou inviável; 4) Energia solar mais cara: o aumento no imposto de importação de painéis solares desestimula a adoção de energia limpa e barateia menos a conta de luz. 

Outros como: 5) Veículos elétricos e híbridos importados agora pagam até 30% de imposto: desincentivo à mobilidade sustentável; 6) Apostas esportivas agora são taxadas: impacto direto sobre plataformas, prêmios e patrocínios esportivos; 7) Armas e munições com IPI mais alto: penaliza moradores de áreas rurais e inseguras que precisam de meios legais de defesa; 8) Imposto sobre investimentos no exterior (offshores): desestimula o retorno de capitais ao Brasil; 9) Tributação sobre fundos exclusivos (“come-cotas”): torna o investimento privado mais caro e menos atraente. 

Também: 10) Fim de isenção sobre subvenções: afeta diretamente a capacidade de investimento de empresas que antes tinham incentivos fiscais; 11) Alíquota maior de IOF: encarece empréstimos, financiamentos e seguros; 12) Heranças com ITCMD progressivo: famílias com patrimônios modestos podem ser mais penalizadas; 13) Reoneração do gás de cozinha e do diesel: atinge especialmente os mais pobres e o setor produtivo; 14) Ferro e aço com até 25% de imposto de importação: impacta desde a construção civil até os preços de eletrodomésticos e automóveis. 

“Sanha arrecadatória” 

“Em meio a toda essa sanha arrecadatória, o governo Lula não apresentou uma única proposta concreta de corte de despesas públicas. Nenhum programa foi revisto, nenhuma estrutura foi enxugada, nenhum privilégio foi eliminado. A conta, mais uma vez, está sendo empurrada para quem trabalha, empreende e consome. Para a oposição, isso é um sinal claro de que o governo não tem compromisso com o equilíbrio fiscal — apenas com o aumento do tamanho do Estado”, ressalta Zucco. 

 Cronologia de Medidas Tributárias (2023–2025) 

Vigência  Tema  Alíquotas/Alterações  Base Legal 
Jan/2023  PIS/Cofins em receitas financeiras  PIS: 0,33% → 0,65%; Cofins: 2% → 4%  Decreto nº 11.374/2023 
Mar–Jun/2023  Combustíveis (gasolina e etanol)  Gasolina: +R$0,47/l; Etanol: +R$0,02/l  MP nº 1.163/2023 
Mar–Jun/2023  Exportação de petróleo bruto  Alíquota de 9,2%  MP nº 1.163/2023 
Mai/2023  ICMS nos créditos de PIS/Cofins  Exclusão do ICMS da base  MP nº 1.159/2023 e Lei nº 14.592/2023 
Dez/2023  Apostas eletrônicas  Receita: 12%; IRPF: 15% sobre prêmios  Lei nº 14.790/2023 
Dez/2023  Imposto Seletivo (“do pecado”)  Previsão constitucional  EC nº 132/2023 
Dez/2023  IPVA sobre jatinhos/lanchas  Inclusão na base  EC nº 132/2023 
Dez/2023  ITCMD progressivo  Progressividade  EC nº 132/2023 
Nov/2023  Veículos elétricos importados  Alíquota progressiva até 30%  Res. Gecex nº 532/2023 
Jan/2024  IRPJ/CSLL sobre incentivos fiscais  Fim da isenção  Lei nº 14.789/2023 
Jan/2024  Come-cotas de fundos exclusivos  IRRF: 15%–20%  Lei nº 14.754/2023 
Jan/2024  Tributação de offshores  IRRF 15%, sem deduções  Lei nº 14.754/2023 
Jan/2024  PIS/Cofins sobre diesel e biodiesel  Fim da alíquota zero  Lei nº 14.592/2023 
Fev/2024  ICMS sobre gasolina/etanol anidro  R$1,3721 por litro  Conv. ICMS nº 173/2023 
Mar/2024  IPI sobre armas e munições  Armas: 55%; Munições: 25%  Decreto nº 11.764/2023 
Mai–Dez/2024  SPVAT (ex-DPVAT)  Criado e extinto  Leis Compl. nº 207 e 211/2024 
Jun/2024  E-commerce (até US$50)  20% (≤US$50); 60% (>US$50)  Lei nº 14.902/2024 
Out/2024  Importação de ferro e aço  Alíquota até 25%  Res. Gecex nº 648/2024 
Nov/2024  Painéis solares (25%)  Alíquota de 25%  Res. Gecex nº 666/2024 
Mai/2025  Aumento do IOF  Diversas alíquotas  Decreto nº 12.466/2025 
— (a definir)  Tributação de CRI/CRA/Debêntures  Possível alíquota de 5%  Anúncio especulativo 

 

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