DF colhe 6,6 mil toneladas de abacate e lidera produção regional
Produção cresce 20% em um ano e incentiva expansão em Goiás

O abacate superou a goiaba e se tornou a fruta mais plantada no Distrito Federal. Segundo dados da assistência técnica rural local, apenas em 2024, mais de 6.600 toneladas foram colhidas na capital federal, consolidando a fruta como carro-chefe da fruticultura regional. A expansão da cultura também se reflete em Goiás, onde produtores investem em tecnologia, irrigação e diversificação de cultivares para suprir a demanda nacional e internacional.
Demanda externa aquece investimentos
Nos últimos anos, o Brasil vem ampliando sua participação no mercado global de abacate, especialmente na variedade Hass, de maior valor comercial. Em 2024, o país exportou mais de 24 mil toneladas da fruta. Só no primeiro trimestre de 2025, esse número já superava 6 mil toneladas, com destino a mercados exigentes como Japão, Chile, Índia e países europeus.
De acordo com técnicos da área, esse crescimento está relacionado a dois fatores principais: o aumento da área plantada e a melhoria nos padrões de rastreabilidade e qualidade exigidos para exportação. “A cadeia do abacate tem se profissionalizado rapidamente. Já somos reconhecidos por entregar um produto competitivo, com segurança alimentar e excelente valor nutricional”, afirma um engenheiro agrônomo que acompanha projetos de fruticultura no Centro-Oeste.

Distrito Federal assume protagonismo
A área de produção no Distrito Federal é hoje uma das que mais crescem no país em termos percentuais. O clima favorável, as iniciativas de assistência técnica pública e a proximidade com centros logísticos de distribuição têm feito da região um novo polo de abacate. Muitos produtores locais estão apostando em sistemas agroflorestais e irrigação de precisão, com colheitas planejadas ao longo do ano, o que permite abastecer o mercado mesmo fora do período de pico.
O cultivo da fruta se tornou uma alternativa viável a outras lavouras mais dependentes de insumos químicos. “O abacate tem se mostrado mais resistente, com bom retorno financeiro e uma aceitação crescente por parte dos consumidores, tanto no Brasil quanto fora dele”, relata um agricultor de Planaltina.
Goiás diversifica cultivares e amplia produtividade
Goiás também tem se destacado na produção da fruta. Embora ainda atrás de São Paulo em volume absoluto, o estado mostra potencial crescente. A produção goiana tem avançado em municípios das regiões Sul e Central, com destaque para áreas próximas a Goiânia, Morrinhos e Jataí.
Técnicos da extensão rural apontam que o uso de variedades mais adaptadas ao cerrado e o manejo adequado das lavouras contribuíram para esse avanço. Em algumas propriedades, a produtividade já ultrapassa 18 toneladas por hectare, com uso de irrigação e espaçamento adensado. “O desafio agora é organizar a cadeia para que possamos agregar valor com processamento e exportação”, observa um especialista em fruticultura da região.
Potencial industrial: azeite de abacate ganha espaço
Além da fruta in natura, uma vertente que tem ganhado destaque é a produção de azeite de abacate. O produto é obtido a partir da polpa da fruta e tem alto valor agregado. Ele aproveita frutos que não atendem ao padrão estético exigido pelos canais premium, reduzindo perdas e aumentando a rentabilidade da cadeia produtiva.
Embora a produção nacional ainda esteja em estágio inicial, já existem projetos-piloto operando em estados como São Paulo e Minas Gerais, com equipamentos adaptados das indústrias de azeite de oliva. Técnicos de Goiás e do Distrito Federal já estudam o modelo para replicação local. “Temos as condições ideais de clima, solo e produção. Agora é alinhar tecnologia e mercado para que essa vertical também se consolide”, aponta um consultor técnico.
Tendência de crescimento sustentável
O consumo per capita de abacate vem crescendo no Brasil, impulsionado por uma percepção de alimento saudável e versátil. De acordo com a Associação Brasileira de Piscicultura, o brasileiro consome cerca de 10 quilos de peixe por ano — um número ainda modesto frente a países como Chile ou México no caso do abacate, mas que apresenta tendência de alta.
O Chile, por exemplo, é o segundo maior consumidor mundial da fruta, com mais de 8,6 kg per capita ao ano. Esse dado revela o espaço que o Brasil ainda pode ocupar, tanto em consumo interno quanto em exportações. Além disso, os acordos comerciais com países asiáticos e sul-americanos abrem novas rotas logísticas e parcerias sanitárias, essenciais para o escoamento da produção do Centro-Oeste.
Com a diversificação agrícola no campo e o aumento do consumo urbano, Goiás e o Distrito Federal caminham para se tornarem importantes referências nacionais na produção e no processamento do abacate. A aposta agora é em uma fruticultura de alta eficiência, voltada à sustentabilidade, à industrialização e à conquista de mercados exigentes.