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quinta-feira, 17 de julho de 2025
Crise humanitária

MSF denuncia sistema de distribuição de ajuda em Gaza: “Um massacre disfarçado de humanitarismo

A Gaza Humanitarian Foundation é o sistema de distribuição de alimentos implementado por Israel e Estados Unidos em Gaza

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 27 de junho de 2025
MSF denuncia sistema de distribuição de ajuda em Gaza: “Um massacre disfarçado de humanitarismo
A mãe de uma das vítimas declarou que a ajuda da GHF está “encharcada de sangue”. (Foto: Divulgação - Nour Alsaqqa/MSF)

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou na quinta-feira (27) o sistema de distribuição de alimentos em Gaza, implementado por Israel e Estados Unidos, classificando-o como uma armadilha mortal que está custando vidas. Com mais de 500 mortos e cerca de 4 mil feridos desde que o modelo foi adotado, a entidade afirma que o atual esquema “está matando a população palestina, forçando-a a escolher entre morrer de fome ou arriscar suas vidas”.

Segundo a organização, a logística da distribuição é feita pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), e obriga civis a se deslocarem por longas distâncias até quatro pontos de entrega, localizados em zonas controladas militarmente. “Os quatro locais de distribuição […] são do tamanho de campos de futebol cercados por pontos de vigilância, montes de terra e arame farpado”, afirma Aitor Zabalgogeazkoa, coordenador de emergência da MSF em Gaza.

O procedimento, segundo ele, é brutal: “Os trabalhadores da GHF deixam cair os paletes e as caixas de alimentos e abrem as cercas, permitindo que milhares de pessoas entrem de uma só vez e lutem até o último grão de arroz.” Quem tenta acessar os locais fora do momento estabelecido corre risco real de vida: “Se as pessoas chegam cedo e se aproximam dos postos de controle, são alvejadas. Se chegarem na hora certa, mas houver um excesso de pessoas […] serão alvejadas. Se chegarem tarde […] são baleadas.”

No hospital de campanha de MSF em Deir Al-Balah, houve um aumento de 190% em pacientes com ferimentos por arma de fogo em apenas uma semana de junho. A clínica de Al Mawasi, sem estrutura para emergências, recebeu 423 feridos desde o início do mês. “Muitas pessoas estavam sendo diretamente alvejadas. Isso não é ajuda. É uma armadilha mortal“, denuncia Hani Abu Soud, membro da comunidade no centro de saúde primária.

A escassez atinge todos os níveis. Hospitais funcionam com o mínimo de suprimentos, e pacientes morrem antes mesmo de receber atendimento. Entre eles está Ashraf, de 17 anos, baleado ao tentar buscar alimento para a irmã. “Essa ‘ajuda’ está encharcada de sangue”, disse a mãe do jovem, Hanan.

MSF exige o fim imediato do bloqueio à entrada de alimentos, combustíveis e suprimentos médicos e defende a retomada do sistema humanitário anterior, coordenado pela ONU.

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