O Congresso dos Estados Unidos aprovou, na quinta-feira (3), o projeto de lei do governo de Donald Trump que amplia os cortes de impostos instituídos em 2017. O texto pode elevar a dívida pública em US$ 4,1 trilhões e aumentar o déficit primário em US$ 3,4 trilhões em dez anos. A medida é considerada a principal ação econômica do segundo mandato de Trump.

Apelidado por Trump de “Um Grande e Belo Projeto”, o plano foi aprovado por margem estreita: a Câmara aprovou por apenas quatro votos, enquanto no Senado houve empate, com três republicanos contrários. O voto de desempate foi dado pelo vice-presidente J.D. Vance.

O líder democrata Hakeem Jeffries discursou por quase nove horas para atrasar a votação, afirmando que os cortes prejudicam os trabalhadores que dependem do Medicaid. “Eles conquistaram esses benefícios, trabalharam duro por eles e os merecem”, disse.

O texto reduz tributos para diversos setores econômicos e aumenta os gastos militares em US$ 150 bilhões até 2034. Também prevê US$ 129 bilhões para políticas de segurança interna, reforçando ações de deportação e controle de fronteiras. A Casa Branca defende que o pacote vai estimular a economia e atrair investimentos, destacando seus efeitos em pesquisa, infraestrutura e geração de empregos.

Em contrapartida, o projeto corta recursos em áreas sociais. As reduções incluem US$ 1,07 trilhão no Medicaid, programa de saúde para pessoas de baixa renda, além de cortes em vale-alimentação, educação e programas trabalhistas. O texto também desmantela políticas ambientais criadas durante o governo Biden, com redução de US$ 543 bilhões em incentivos para veículos elétricos e fontes renováveis.

O Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB), entidade que monitora o orçamento do país, calcula que se as medidas forem tornadas permanentes, o impacto pode chegar a US$ 5,3 trilhões, com a dívida pública atingindo 130% do PIB até 2034.

A iniciativa tem apoio de grandes conglomerados dos setores da indústria, comunicação, petróleo, transporte, agricultura, tecnologia e mercado financeiro, que devem ser beneficiados com isenções fiscais. Já parte da oposição alerta para os efeitos sobre a população mais pobre e o enfraquecimento de políticas ambientais e sociais em vigor.