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sábado, 6 de dezembro de 2025
Queda

Prefeitos goianos estão ‘preocupados’ com isenção do IR até R$ 5 mil

Déficit orçamentário é a realidade para grande parte dos municípios goianos. Presidente da AGM, José Délio teme que compensação da União não seja suficiente

Thiago Borgespor Thiago Borges em 14 de novembro de 2025
Prefeitos goianos estão ‘preocupados’ com isenção do IR até R$ 5 mil
Foto: Joédson Alves/ABr

A maioria dos novos prefeitos assumiram os respectivos municípios goianos para este primeiro ano de mandato com uma situação fiscal delicada. O déficit orçamentário tornou-se padrão entre as cidades goianas e, com a aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, o alerta dos gestores municipais voltou a acender. 

Duas das três maiores cidades do Estado enfrentam dívidas públicas bilionárias. Em setembro, o secretário municipal da Fazenda, Valdivino Oliveira, afirmou que a dívida da Prefeitura de Goiânia era de cerca de R$ 1,2 bilhão. Em Anápolis, a situação não é muito diferente, já que a dívida estimada pelo Paço anapolino no primeiro quadrimestre deste ano era de R$ 1,7 bilhão. 

A situação de Aparecida de Goiânia é mais contornável. O prefeito Leandro Vilela (MDB), quando assumiu a gestão, herdou uma dívida estimada em R$ 487 milhões. Na última prestação de contas, o prefeito informou que a gestão pagou cerca de R$ 307 milhões das dívidas.

No início do ano, um levantamento do jornal O HOJE, com base nos dados do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO), mostrou que 18 das 20 maiores cidades goianas entraram em 2025 com déficit orçamentário. 

Leia mais: Déficit orçamentário afeta 18 dos 20 maiores municípios goianos, diz TCM-GO

Preocupação dos prefeitos

Com a situação delicada, a isenção do Imposto de Renda, apesar do apelo popular, tornou-se uma questão para os prefeitos. A redução na arrecadação aflige os gestores, visto que a conta da diminuição da arrecadação afeta diretamente os recursos municipais. O prefeito de Hidrolândia e presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), José Délio Jr. (União Brasil), o Zé Délio, afirmou que o clima entre os prefeitos goianos é de preocupação. 

“Nós estamos preocupados. Não somos contra a isenção, mas a gente precisa é que o governo federal se sensibilize e reponha aos municípios as perdas”, disse o prefeito em conversa com a reportagem do O HOJE. “Não só na questão do Imposto de Renda pela isenção da faixa [de até R$ 5 mil], mas também pelo imposto retido na fonte, que é do município. O imposto de renda retido do servidor público é originário da receita municipal”, disse. 

Zé Délio ressaltou que, com a isenção, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), uma das principais fontes de renda das gestões municipais, também sofrerá queda, visto que o Imposto de Renda é um “fator preponderante” no FPM. “O governo federal está fazendo a famosa cortesia com o chapéu alheio”, disse o prefeito. 

Emenda aprovada

No relatório do deputado Arthur Lira (PP-AL), que foi o relator da matéria na Câmara dos Deputados, uma das emendas aprovadas prevê que haverá acréscimos de recursos no FPM. Caso o aumento não seja suficiente, a União irá aportar financeiramente as cidades a cada três meses. Os recursos virão da taxação dos super-ricos (quem recebe mais de R$ 50 mil por mês). 

Apesar da compensação financeira, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que a perda dos municípios brasileiros pode chegar a até R$ 5,1 bilhões por ano. O valor considera a redução do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e a redução nos repasses do FPM. Em Goiás, a perda anual é estimada em R$ 387,7 milhões, R$ 153,5 milhões da arrecadação do imposto e R$ 234,2 milhões em razão da redução dos repasses. 

O presidente da AGM alertou que, apesar da compensação da União, a conta será paga pelos municípios. “Não é palpável que nós não vamos perder. Nós iremos perder. Toda recompensa é menor do que o que foi perdido. A população tem que entender que quem está pagando a conta são os municípios, quem está isentando são os municípios”, observou. (Especial para O HOJE)

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