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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
OPINIÃO

BC seria covarde a ponto de liquidar BRB por política anti-Ibaneis e Celina?

Bamerindus, Caixego, BEG, BBC e diversas outras instituições foram abatidas pelo Banco Central e seus controladores acusaram perseguição e injustiça. Se ocorreu em Goiás na época do PSDB, pode ocorrer no DF em tempos de PT?

Nilson Gomespor Nilson Gomes em 21 de novembro de 2025
BRB
Foto: Antonio Cruz/ ABr

Na 1ª quinzena deste mês, menos de uma semana antes de a Polícia Federal prender um dos donos do Banco Master, o BRB comemorava o sucesso de seus cartões de crédito, que chegavam a 1 milhão ativos, movimentando R$ 1 bilhão por mês. Antes restrita a Brasília, a instituição se nacionalizara. Isso é a economia. Na parte eleitoral, pesquisas mostraram a vice-governadora Celina Leão (PP) liderando para o Palácio do Buriti, a sede do GDF. As duas vagas para o Senado seriam ocupadas pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Os três da direita bem à frente dos socialistas. 

Mais uma derrota geral da esquerda, cuja vitória mais recente obteve na Justiça, com Rodrigo Rollemberg (PSB), considerado o pior gestor que o quadradinho já teve, tomando a vaga de Gilvan Máximo (Republicanos) na Câmara dos Deputados. Os 3 fatos podem estar interligados ou juntá-los dá espaço a teoria da conspiração?

A independência do BC, que chegou a ter status de ministério quando ocupado pelo goiano Henrique Meirelles, é uma das conquistas que os políticos mais prometem.

Tanto não a cumprem que, até 31 de dezembro de 2024, todos os males do mundo eram atribuídos ao fato de o presidente do Banco Central ser Roberto Campos Neto, cujo mandato havia começado no governo anterior. Assumiu Gabriel Galípolo, de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como Jorge Messias, indicado ontem para o Supremo Tribunal Federal. Não se encontra diferença entre Neto e Galípolo para a troca ter sido durante dois anos uma questão de Estado, considera oficialmente raiz da inflação. Galípolo resistiria ao companheiro se fosse instado a intervir no BRB na tentativa de barrar a vitória de três personagens da direita a cargos majoritários?

Por muito menos, o governo de Fernando Collor baniu a Caixego, a Caixa Econômica de Goiás. O então governador, Henrique Santillo, havia apoiado Ulysses Guimarães (MDB) no 1º turno do retorno da votação direta para presidente da República. No 2º, sua preferência era Lula, que perdeu para Collor. Santillo havia comido sem margarina o pão que o diabo amassou no recém-terminado mandato de José Sarney, que vetara empréstimo internacional para o Programa de Pavimentação Municipal e se recusara a ajudar a suprir as demandas do acidente com o Césio 137, sabidamente de responsabilidade do Governo Federal. 

Santillo saiu do ruim para o pior. Mesmo com o Estado em ruínas, reservou na Caixego o dinheiro para as folhas do pessoal. E veio o inferno de Dante para o governo que o tempo inteiro os opositores, inclusive os internos no MDB, mantiveram nas cordas, sobretudo no pescoço: o BC fechou-a com as verbas depositadas e Santillo concluiu o mandato de forma melancólica.

Espera-se que o BC não faça com o BRB a covardia sofrida pela Caixego, porém, se repetiria pouco depois com a banca privada, como o goiano BBC em 1998, e o paranaense Bamerindus no ano anterior. Os donos de ambos, Irapuan Costa Júnior e José Eduardo Vieira, foram senadores. Eram bancos saudáveis, que os inimigos foram minando (saiu na imprensa que o BC estava de olho num dos seis maiores bancos do País e qual era o 6º?, sim o Bamerindus, que chegou a ser o 3º), como estão fazendo agora com o BRB. 

Na Caixego, houve perseguição e nos dois particulares também teve política no meio. Vieira foi ministro de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso. Lúcia Vânia, então mulher de Irapuan, também foi senadora e também foi ministra de FHC. Saíram. Ficaram sem banco. Estão arquitetando agir assim com Ibaneis? Talvez ainda respeitem uma palavra de ordem da esquerda antes de Mensalão, Petrolão e INSS: no voto, sim; na marra, não.

BRB passou de 650 mil para milhões de clientes

O Banco de Brasília é saudável sob todos os pontos de vista, daí o interesse de peixes graúdos, o menor deles tubarão, em seus clientes e agências. Para se nacionalizar, investiu no marketing mais atrativo, o do futebol, e no time com maior torcida do mundo, o Flamengo. A inveja foi crescendo junto com os títulos, os do banco e do Fla. O presidente que elevou o BRB de patamar antes de ser fulminado pelo BC, Paulo Henrique Costa, relatou à revista Piauí o quadro em 2019, 1º ano de Ibaneis no governo:

“O BRB estava parado e perdeu muitos clientes. Precisava ser moderno e competitivo e buscar novos clientes, dentro e fora do DF”.

No dia em que Ibaneis Rocha assumiu o GDF, o banco “tinha 650 mil clientes, uma carteira de R$ 9 bilhões de crédito e R$ 15 bilhões de ativos, todos concentrados no consignado. Com a nova proposta de ser mais agressivo, o banco deu um salto. No ano passado, alcançou 9 milhões de clientes, distribuídos em 97% do território nacional. Seus ativos totais pularam para R$ 61 bilhões. Somos responsáveis por 54% da carteira de crédito imobiliário do Distrito Federal”.

A repórter Consuelo Dieguez, na reportagem para a Piauí de maio de 2025, fez a pergunta que não podia calar:

“Com tanto sucesso, por que o BRB precisava se juntar a um banco tão duvidoso [o Master]?”

“Oportunidade”, resumiu Costa. E, escreve Dieguez, “a oportunidade surgiu em dezembro passado, logo depois que o Banco Central deu um ultimato aos controladores do Master”.

A venda de parte do Master ao BRB não era ilegal, não daria o prejuízo superior a R$ 12 bilhões que está sendo divulgado pelas fake news na internet e em quase nada se compõe da narrativa atualmente empregada para prejudicar o governador Ibaneis Rocha, sua vice Celina Leão e outros adversários políticos da esquerda no DF. Leia trechos que desmentem o fuzuê armado:

“Pelo negócio que está sendo desenhado [aquisição de 58,4% do Master], o BRB não comprará ações de empresas do Master”. 

“Entre as operações do Master que o BRB vai dispensar estão os precatórios e os fundos de investimento em ações de empresas que atuam em outros setores que não o mercado financeiro, como a Oncoclínicas e a Alliança”.

“Quanto à montanha de R$ 50 bilhões de CDBs emitidos pelo Master, o BRB pretende ficar com os de longo prazo, com vencimento em até dez anos, que respondem por cerca de 50% do estoque. Os demais, que estão vencendo agora, não interessam. Costa admite que, neste caso, o pepino pode cair na conta do FGC”.

“Conforme os termos atuais da transação, o BRB vai pagar R$ 2 bilhões para ficar apenas com a parte administrável do Master”.

Portanto, nada das portas do inferno de Dante apregoada nos subterrâneos de Brasília.

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