Prisão de Jair Bolsonaro divide bancada goiana; veja repercussão
Parlamentares de Goiás repercutem a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Manifestações vão da celebração ao repúdio
Bruno Goulart
A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizada pela Polícia Federal na manhã do último sábado (22), provocou imediata reação da bancada goiana no Congresso Nacional. Enquanto viaturas descaracterizadas cumpriam o mandado autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no condomínio do Jardim Botânico, em Brasília, deputados federais de Goiás começaram a se pronunciar.
Para parte dos parlamentares, a decisão foi uma resposta necessária diante da tentativa de violar a tornozeleira eletrônica. A deputada federal Silvye Alves (União Brasil) avaliou ao O HOJE que a prisão foi “correta”, ao argumentar que a violação do equipamento “abre precedentes para uma possível fuga”. Silvye criticou também o que chamou de narrativas “burras” de apoiadores que tentam justificar o episódio. Contudo, a parlamentar ponderou sobre a saúde de Bolsonaro e o impacto de uma prisão prolongada: “Ele de fato está doente e não dá para adivinhar como irá se comportar na cadeia”.
No mesmo campo de defesa da legalidade, o deputado José Nelto (União Brasil) classificou a prisão como “justa”. Segundo o parlamentar, a tentativa de burlar regras de monitoramento acionou um “sinal” para a Polícia Federal. Nelto reforçou que sua posição é coerente com sua trajetória no centro político e que nenhum cidadão, inclusive ex-presidentes, está acima das leis brasileiras. Para o deputado, a crise enfrentada hoje por Bolsonaro é consequência direta de suas próprias ações. “Ele procurou. Tentou golpe, afrontou a Justiça. Ninguém pode permitir isso”, disse ao O HOJE.
Prisão de Jair Bolsonaro
Enquanto isso, parlamentares alinhados à esquerda interpretaram o momento como um marco institucional. A deputada Adriana Accorsi (PT) celebrou a decisão nas redes sociais e afirmou que o Brasil deu “um passo histórico” ao decretar a prisão do “chefe do projeto de ódio, das mentiras e da tentativa de golpe”. Delegada de formação, Accorsi destacou que as instituições resistiram aos ataques sofridos nos últimos anos e reiterou que “ninguém está acima da lei”, ao enxergar na prisão a reafirmação da soberania democrática.
Leia mais: Caiado passa por procedimento cardíaco em SP e apresenta boa evolução pós-operatória
Na outra ponta, vozes da direita goiana reagiram com indignação e acusaram o Supremo de abuso de poder. A deputada Magda Mofatto (PRD) falou em “ditadura judicial” e disse que o País vive um momento de revolta. Segundo Mofatto, a prisão teria ocorrido por motivações políticas e até religiosas, ao questionar se “ser fiel a Deus, a Cristo, é crime”. A parlamentar convocou apoiadores a reagirem “com força e fé” e disse acreditar que “ainda existe justiça neste País”.
Injusta
O deputado Gustavo Gayer (PL), aliado direto de Bolsonaro, também classificou a prisão como injusta. Segundo Gayer, o argumento de “garantia da ordem pública” seria apenas um pretexto do que chamou de “sistema”. O parlamentar afirmou que Bolsonaro não cometeu crimes e sugeriu perseguição ao dizer que o ex-presidente teria sido alvo após um ato de oração realizado por seus apoiadores. Ainda declarou que querem “matar Bolsonaro com requintes de crueldade”.
Outros parlamentares manifestaram preocupação com o estado de saúde do ex-presidente e com possíveis excessos do Judiciário. O deputado Ismael Alexandrino (PSD) citou, nas redes sociais, um versículo bíblico, o versículo 15 do capítulo 17 de Provérbios, ao deixar implícita sua crítica à decisão: “O que justifica o perverso e o que condena o justo são abomináveis ao Senhor”.
Já o deputado Glaustin da Fokus (Podemos) lamentou o agravamento da situação jurídica de Bolsonaro e destacou sua “condição de saúde debilitada”. Para Glaustin, a prisão preventiva causa inquietação ao ferir princípios de justiça e ignorar pedidos por medidas humanitárias. O parlamentar expressou solidariedade à família de Bolsonaro e afirmou que continuará a defender “o verdadeiro espírito democrático”. (Especial para O HOJE)