Convenção informal do PL prefere Wilder governador
Partido acertou ao lançar candidatos em 2024 e a estratégia vai se repetir com o time, que já está em campo, levando a mensagem do partido e a imagem de Bolsonaro, inclusive no Entorno, com Michelle e Celina Leão
A coluna Xadrez de O HOJE havia adiantado na semana passada o que o portal UOL noticiou ontem: foi tensa a reunião em que o PL decidiu sepultar as fofocas, tirar todas as dúvidas a limpo e decidir sobre se teria ou não pré-candidato a governador de Goiás. O encontro foi dividido em dois momentos, em Goiânia, na sede do partido, no setor Oeste, e na casa do senador Wilder Morais, no bairro elogiado pelo UOL, o Marista. Compareceram as lideranças liberais que quiseram ir e optaram por lançar Wilder a governador, o deputado federal Gustavo Gayer a senador e deixar em aberto as demais vagas. Não se trata de decisão isolada: é a diretriz do presidente do diretório nacional, Valdemar da Costa Neto, lançar o máximo possível de candidatos, inclusive para seus palanques estaduais valorizarem as negociações com os presidenciáveis.
O raciocínio de Costa Neto é coerente: se não tiver candidatos majoritários, o que exatamente o PL vai expor à mesa de negociação, com seu líder máximo na cadeia e o horário do TSE uma fração do que já representou? Em Goiás, viu-se na eleição passada o risco de lançar alternativas viáveis ao Senado sem ter candidato a governador nem a vice: Marconi Perillo, que acaba de deixar para Aécio Neves (MG) à presidência nacional do PSDB, liderou as pesquisas o tempo inteiro e na hora da urna o eleitor tirou Wilder do 5º lugar e lhe deu a única vaga em disputa no Senado.
A dupla escolhida até agora é bastante econômica, o governadoriável Wilder é pão-duro nas campanhas e o senatoriável Gayer não gasta absolutamente nada. Então, vai sobrar dinheiro para quem de fato precisa, os deputados federalizantes – vem deles a conta para fatiar o Fundão Eleitoral/Partidário, que no PL bate na casa do bilhão a cada dois anos.
DINHEIRO E BOLSONARO, UMA DUPLA DE SUCESSO
Aliás, o dinheiro do partido foi decisivo, junto com a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro, para a vitória dos 27 prefeitos – o PL foi o 3º mais vitorioso de Goiás em 2024, atrás somente dos partidos oficiais, o União Brasil do governador Ronaldo Caiado e o MDB de seu vice, Daniel Vilela. Em alguns casos, estar no PL foi a diferença entre a vitória e o tombo. Caso tivesse continuado no MDB, Márcio Correa seria derrotado por Antônio Gomide (PT) em Anápolis. Simone Ribeiro não ganharia em Formosa sem a sombra de Bolsonaro, assim como Luís Otávio em Cristalina – e os dois prefeitos do Entorno já deixaram o PL. Outro vizinho, Carlinhos do Mangão, de Novo Gama, saiu do PP para o PL, mas ganharia em qualquer sigla.
Para evitar a debandada, Wilder fez o correto: foi a Costa Neto, ganhou o crédito para as articulações do Diretório Regional, chamou a turma e está percorrendo o Estado sob a chancela de uma espécie de convenção antecipada. O vereador em Goiânia Vitor Hugo tentou negociar com outros partidos o apoio do PL e de Bolsonaro, ambos lhe aplicaram um corretivo verbal e ele se recolheu.
FALA POUCO, ESCUTA MUITAS E BOAS
Enquanto isso, Wilder intensificou as caminhadas. Traçou a versão goiana da Rota 22 e está com agendas a partir desta semana, começando por Caçu, no Sudoeste, em 4 de dezembro. Nas excursões pelo interior, mais ouve que fala, mais pergunta que responde, quer saber das demandas, das opiniões, como pode fazer para seu mandato produzir mais pelos municípios, do que o pessoal espera para a gestão de governador de 2027/2030.
A estratégia de lançar candidaturas, que funcionou em 2024, vai se repetir no próximo ano. Mesmo em lugares nos quais perdeu, houve vitória fora a prefeitura. Por exemplo, em Rio Verde, foi derrotado com Lissauer Vieira, duas vezes presidente da Assembleia, mas não por ruindade do candidato ou má representação de Wilder ou Bolsonaro: vitoriosa foi a sede de continuidade da administração de Paulo do Vale, encarnada por Wellington Carrijo (MDB).
QUEM GANHOU FOI CAIADO E NÃO MABEL
Nas duas maiores cidades, a vitória também não foi dos eleitos – Sandro Mabel (União Brasil) em Goiânia e Leandro Vilela (MDB) em Aparecida –, mas da altíssima aprovação do governador Ronaldo Caiado. Nelas, o PL não perdeu por deficiência do partido ou de suas lideranças: além da supremacia de Caiado, houve problemas pessoais com os candidatos.
Mesmo em locais com o 3º lugar, o PL acertou em lançar candidaturas para formar grupo. Em Inhumas, a médica Fabianne Leão e o advogado Sebastião Neto perderam para Caiado, que ganhou com José Essado, que o governador tirou da aposentadoria direto para a prefeitura. Onde está o acerto do PL? Em 2026, Essado vai apoiar Daniel Vilela, Fabianne (que rompeu com a base exatamente graças à ressurreição de Essado) vai com Marconi Perillo e Neto, com Wilder.
Michelle Bolsonaro será fundamental no Entorno
A presidente nacional do PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, está cuidando de perto de Jair Bolsonaro, que cumpre pena em uma sala da Polícia Federal em Brasília. Essa atenção pessoal ao marido é um fator que deve consolidar sua pré-candidatura ao Senado pelo DF, em vez de presidente ou vice da República. Essa decisão será fundamental para as candidaturas do PL a governador e senador por Goiás. Bastarão alguns minutos de sua casa para os municípios goianos do Entorno.

Além dela, vão outras mulheres fortes em Brasília, a senadora Damares Alves (Republicanos/DF) e a goiana Celina Leão (PP), hoje vice, mas que será governadora a partir de abril. Com essa força, Wilder Morais pode repartir a equipe e até a família, com pessoal exclusivo para o Entorno. A presidente estadual do PL, a pedagoga Anna Morais, mulher de Wilder, pode ser a companheira de caminhadas, carreatas e vídeos de Michelle, Damares e Celina. Nas eleições de 2022, Anna foi fundamental no planejamento de marketing e no cumprimento de agendas, inclusive representando Wilder.
Com o esquadrão feminino, o PL vai conter a enorme quantidade de candidatos e lideranças governistas com mandato. Os demais partidos também terão mulheres nas campanhas do Entorno. Em Valparaíso, as ex-prefeitas Lêda Borges (PSDB) e a prefeita Lucimar Nascimento (PT) estarão a postos na disputa à Câmara dos Deputados – no caso de Lêda, à reeleição. A primeira-dama de Novo Gama, Joscilene Mangão, será candidata à Assembleia e, como o marido, pode ter deixado o bonde do PL, mas não consta que tenha desembarcado da amizade a Wilder,
Anna e Michelle Bolsonaro. Em Formosa, o PL elegeu a prefeita Simone Ribeiro contra a favoritaça Delegada Fernanda Flores, que deixara o partido dias antes e se lançou pelo PP. Agora no Solidariedade, Fernanda ganhou oportunidade de assumir na Assembleia no lugar de Cristiano Galindo. Com esse tanto de mulher vencedora e ótima de voto, foi um escorregão do PL deixar escapar Fernanda, que tinha votos próprios, e apostar em Simone – que ganhou, mas o PL perdeu. Por isso, Formosa é um lugar em que Michelle, Anna, Damares e Celina vão ter de trabalhar bastante por Wilder.