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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Adriana, Daniel, Marconi e Wilder precisarão de PPPs para construir

Desafio do próximo governador de Goiás é a infraestrutura, sobretudo a logística, pois as produções agropecuária e mineral não param de crescer, o sistema viário é o mesmo de décadas atrás e as PPPs precisam entrar em cena como protagonistas

Nilson Gomespor Nilson Gomes em 4 de dezembro de 2025
Wilder
Fotos: Reprodução_Facebook e Renato Araújo Câmara dos Deputado

O HOJE tem publicado, rotineiramente, o que deveria constar na agenda dos pré-candidatos ao Governo de Goiás. De todas as demandas, e são muitas, as mais urgentes e necessárias estão na infraestrutura, sobretudo a viária. O Estado ainda não entrou na era das rodovias particulares, feitas e geridas pela iniciativa privada. A Ferrovia Norte-Sul, que corta Goiás de Norte a Sudoeste, está sob administração de uma empresa, a Rumo. Porém, as rodovias estão todas sob controle do poder público. O próximo governador pode ser o 1º do século a abrir uma estrada e o 1º em 300 anos a construir uma ferrovia.

É a maior demanda para os quatro principais pré-candidatos ao Executivo estadual, a deputada federal Adriana Accorsi (PT), o vice-governador Daniel Vilela (MDB), o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Wilder Morais (PL). Cada qual com seu grupo, o que interessa é atrair os investimentos.

Adriana é da agremiação que está no poder nacional. Daniel é o escolhido do atual governador, Ronaldo Caiado (UB). Marconi comandou o Estado por quatro mandatos, além de ter sido senador. Wilder saiu da miséria de passar fome e morar em casa abandonada para ser bilionário por esforço próprio, além de ter batido recorde de atração de investimentos quando foi secretário de Indústria e Comércio de Caiado. Portanto, quem ganhar governa e quem perder ajuda, pois condições todos têm e Goiás está precisando de tudo, menos de ego e vaidade.

Duplicação, já, em três BRs

Sem a iniciativa privada, a concordância é unânime, não tem jeito. Goiás tem mais de mil quilômetros de BRs sem asfalto. A maior carência, pois inclui até o fator morte por acidentes, é de duplicação da BR-153, entre Anápolis e a divisa com o Tocantins. Os diferentes governos, de diferentes siglas, já prometeram a obra, no momento está em outra fase de “agora, vai” e até agora não foi.

Há outras duas rodovias federais em momento de inadiável duplicação, entre Jataí e a divisa com o Mato Grosso, passando por Mineiros, e de Rio Verde a Itumbiara. O Ministério dos Transportes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez reuniões públicas neste ano avisando que iria duplicar alguns trechos das três. Ainda não começou e a perspectiva não é boa, pois estão programados poucos quilômetros, menos de 10% do total, até 2030. Não dá conta? Pede ajuda à iniciativa privada.

8 mil quilômetros de poeira e lama

A solução vale para os políticos no âmbito regional. O HOJE repisa a notícia de que os produtores da cidade e do campo carregam suas mercadorias em 8 mil quilômetros de rodovias estaduais ainda de terra. O mundo com trem-bala e o Estado que alimenta o mundo transportando suas commodities em estradas de chão. Cada governador tem feito a sua parte, asfalta o que o orçamento permite, mas é pouco. A cada ano, vão se incrementando as necessidades. É insuportável, com o volume de produção mineral e agropecuária atual e futura, construir rodovias de pista simples, sem acostamento e com piso de asfalto ruim. 

Os exatos três séculos de ocupação em Goiás parecem ter travado em algum momento, talvez numa cabeça de burro, como se diz no interior. Pode ser, hein: só sendo muito burro de cabeça para não verticalizar a produção mineral. Desde o século 18 o Estado é conhecido como aquele lugar em que se o morador quiser ficar rico basta raspar as paredes da casa. Tem minério de todo tipo, em todo lugar. A fertilidade da terra é de tal maneira absurda que em diversos municípios se carece de defensivo por causa das pragas, grande parte delas vinda de Estados vizinhos, não para robustecer a produção.

Mato Grosso dá exemplo com ferrovia particular

Prefeitos reclamam que os produtores rurais, em especial quem não mora noutras cidades e até noutros Estados, só querem o venha a nós – o vosso reino é todo pago com dinheiro público. Alguns municípios goianos abrigam fazendas que movimentam mais recursos que a prefeitura (seria ótimo se fosse assim sempre, a sede da burocracia ter pouquíssimos funcionários e a máquina inteira se sustentasse com pouquíssimo dinheiro), com um detalhe: raramente ou nunca colaboram com as máquinas, o combustível ou a manutenção das estradas vicinais. No Mato Grosso, ali do lado, há experiência bastante vitoriosa.

O Consórcio Construtor FLRV (Ferrovia Lucas do Rio Verde, uma bela e rica cidade mato-grossense) começou em 2022 a ligar por trilhos os lugares da produção agrícola. Já fizeram 138km construídos, 55km deles com trilhos. É mais da metade dos 270km da Ferrovia Centro-Atlântica, que em Goiás liga Catalão a Anápolis. A diferença é a modernidade da FLRV e a bitola quase obsoleta da FCA. O Consórcio Construtor, formado por três empresas, vai chegar a 740km – percurso semelhante ao que a Ferrovia Norte-Sul corta em Goiás. Pense aí quanto tempo foi necessário esperar pelo poder público para a FNS chegar ao estágio atual…

Adriana Accorsi, Daniel Vilela, Marconi Perillo e Wilder Morais precisam se inspirar no modelo que dá certo por todo o planeta, principalmente num Estado igual, que com seus 340 mil quilômetros quadrados é maior que 161 países – e produz igual ao primeiro mundo. Aliás, se há algo em Goiás com tecnologia invejável nem é o Distrito Agroindustrial de Anápolis, o Daia, com suas farmacêuticas, montadoras de automóveis e outras empresas de altíssimo nível: é a produção rural. O governador que vai assumir em janeiro de 2027 precisa articular investimentos e gestão com a iniciativa privada. E a hora de começar é agora. 

 

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