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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
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“Cima para baixo”

Aliança nacional entre MDB e PSL pode mudar composição política em Goiás

Apesar de irmanadas, as siglas enfrentam certos obstáculos nos palanques estaduais

Postado em 12 de agosto de 2021 por Felipe Cardoso
Aliança nacional entre MDB e PSL pode mudar composição política em Goiás
Apesar de irmanadas

Não restam dúvidas: está consolidada a aliança entre o MDB e PSL em âmbito nacional. Ambos os partidos, encabeçados por Baleia Rossi e Luciano Bivar, respectivamente, não só estreitaram os laços como já trabalham juntos na construção de um mapa nacional com foco em 2022. 

A intenção por trás da aliança estratégica consiste em lançar uma chapa forte, capaz de protagonizar, quem sabe, a tão disputada ‘terceira via’ — abarcando, caso prospere, boa parte do eleitorado brasileiro que rejeita tanto a figura do ex-presidente Lula, quanto a reeleição de Bolsonaro.

O pontapé que resultou na aglutinação das siglas foi dado em um jantar no mês passado, em São Paulo. O responsável por reunir Rossi e Bivar no encontro foi o ex-presidente emedebista Michel Temer — tido, por sinal, como excelente estrategista. Nos bastidores, especula-se a possibilidade de pré-lançamento de candidaturas presidenciais próprias por ambos os partidos, de forma que, em um segundo momento, ambos possam convergir em uma única chapa. 

Ainda no cenário nacional, os emedebistas tendem a apostar no nome da senadora Simone Tebet (MT) enquanto o PSL tende lançar José Luiz Datena (SP) na disputa. Contudo, o apresentador paulista já declarou sua preferência em concorrer ao Senado. Caso o anseio se concretize, o mais provável é que Bivar seja indicado à vice de Tebet. 

Apesar de irmanadas, as siglas enfrentam certos obstáculos nos palanques estaduais. Em Goiás, especificamente, o deputado federal e presidente estadual do PSL, Delegado Waldir, garantiu em entrevista à reportagem do jornal O Hoje, que não houve qualquer imposição por alianças vinda de “cima para baixo”.  

No entanto, comentou o que chamou de “excelente relacionamento” tanto com o Daniel Vilela, presidente do MDB em Goiás, quanto com o Gustavo Mendanha, liderança emedebista e prefeito de Aparecida de Goiânia. “Apesar de ainda ser muito cedo para se falar em alianças, estamos sempre dialogando”, declarou o federal.

É inegável a expectativa de uma ala do MDB que quer ver Daniel na vice do governador Ronaldo Caiado [DEM] em seu projeto de reeleição. Diante disso, uma das possibilidades — que paira no radar de Waldir — é a de compor chapa ao lado do emedebista e do democrata.

Caso o desenho se consolide, Waldir tende a alçar voo ainda mais alto na disputa pelo Senado. Fator determinante para isso seria, sem dúvidas, a proximidade com o MDB — agora, mais próximo do conchave caiadista. Em contrapartida, o PSL traria reforço considerável para a disputa que se aproxima.  “Temos um tempo de TV robusto, fui, por duas vezes, o mais votado no Estado. Ou seja, não chegaremos de mãos vazias [ao governador]”, acrescentou o federal.

Ainda divididos

Em entrevista ao jornal O Hoje, o deputado Paulo César Martins (MDB) manteve sua posição ‘ácida’  em relação aos rumos tomados pelo partido em Goiás. Ele, que não enxerga com bons olhos a aproximação da sigla com a base do governador Ronaldo Caiado, disparou: “O governo atual não está conseguindo entregar suas promessas. Agora estão fazendo a mesma coisa da gestão passada, simplesmente passando um batom. É importante que façamos essa avaliação antes de qualquer decisão. Já dizia nosso líder Iris Rezende: ‘partido grande precisa ter candidato’”.

Já sobre um possível estreitamento com o PSL, o deputado se mostrou mais aberto. “É válida, mas a candidatura própria deve ser inegociável”, reiterou. “O MDB tem uma história e uma militância estruturada, mas acabamos perdendo o governo por falta de amadurecimento e diálogo. Temos homens e mulheres com força suficiente para serem eleitos. Mas ao meu ver, o caminho mais prudente seria o de estruturar uma candidatura própria. Essa continuará sendo a minha tese. Afinal, por que o governo insiste tanto em ter o MDB ao seu lado senão pela nossa força e história?”, indagou. 

Contudo, o parlamentar defende não apenas um diálogo com a sigla comandada por Waldir. Para ele, é necessário que Daniel busque outras lideranças no Estado. “Dentre elas o Vilmar [Rocha] e o [Alexandre] Baldy, por exemplo. Não podemos depositar todas as nossas forças em algo simplista, puramente por barganha com o governo a troco de cargos”, acrescentou.

É justamente neste ponto, avalia o parlamentar, que Daniel Vilela tem pecado. “Vejo que ele tem mantido um diálogo unilateral. Precisamos avaliar as ações do governo, avaliar a bússola política e buscar mais da oligarquia Ludovico e menos da oligarquia Caiado, sinônimo, por sinal, de autoritarismo e arrogância”, pontuou.

Na contramão da estratégia de Martins, o emedebista Agenor Mariano chama atenção para o perfil “analista” do MDB. “Apesar do partido ter perdido as últimas eleições no Estado, já se observava, à época, os rumos de partidos como PSL e Democratas. E ainda seguimos observando o comportamento de ambos. O partido não pertence a uma única pessoa, temos que dialogar, mas na atual conjuntura, enxergo neste momento uma tendência de alinhamento com o governo”, observou. Para ele, Caiado tem correspondido às expectativas dos goianos.

A força emedebista, assim com vista por Paulo César Martins, também é enxergada por Agenor. Eles divergem apenas quando o assunto é o uso dessa “potência”.  “Ao invés de caminharmos sozinhos, devemos convergir em uma aliança com todos aqueles que assim desejarem. O governador, por exemplo, tem demonstrado muito interesse em ter o partido com ele. Um dos processos de renovação do nosso partido é justamente o de não fazer política com ódio. Seguiremos pautados por saber reconhecer os acertos de outros grupos políticos também. As portas seguirão abertas”, declarou Mariano em sinal de que o atual cenário segue passível de mudanças.

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