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domingo, 24 de novembro de 2024
2022

Caiado escanteia “velhas práticas” e costura projeto de reeleição

Em uma sequência de tacadas acertadas, Caiado antecipou, em mais de um ano, o debate acerca das eleições de 2022

Postado em 31 de agosto de 2021 por Felipe Cardoso
Caiado escanteia "velhas práticas" e costura projeto de reeleição
Em uma sequência de tacadas acertadas

O governador Ronaldo Caiado (DEM) tem ganhado força em seu projeto de reeleição. Enquanto a oposição à atual gestão permanece apagada — para não dizer quase que desconhecida — o democrata segue aglutinando forças por meio de um instrumento tanto comum quanto indispensável no meio político: o diálogo. 

Diferentemente de outras personalidades que, usando da “velha política”, tinham o hábito de “cozinhar” seus aliados com promessas de composição que muitas vezes sequer vingavam, o governador caminha na direção oposta e não tem hesitado em dar, abertamente, as cartas do jogo. 

Em uma sequência de tacadas acertadas, Caiado antecipou, em mais de um ano, o debate político acerca das eleições de 2022. Em meio a um emaranhado de especulações onde se ouve dizer que fulano ou sicrano pode entrar para a disputa, Caiado, por sua vez, já trabalha como candidato que é. 

Reza a lenda que uma verdadeira briga só começa depois do primeiro golpe. Se há verdade por trás disso, fato é que Caiado não apenas saiu na frente como também tonteou todos os possíveis adversários. Primeiro, ao compor uma parceria quase que umbilical com o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (PSB). 

Lissauer tem se mostrado um político equilibrado, sinônimo e exemplo a ser seguido entre os colegas, mas não só isso, o presidente do Legislativo goiano também goza de um capital político invejável. Basta rememorar que em um passado não muito distante Lissauer reuniu mais de 60 prefeitos em um encontro em Rio Verde. O governador compareceu ao evento onde pôde estreitar amarras políticas. 

Prova do quão forte anda a aliança entre democrata e pessebista é que Lissauer já considerou que sua migração para um novo partido político será algo construído a “quatro mãos”. Ele descartou decisões unilaterais e acrescentou que jamais disputaria a eleição sem compor a base do governador no ano que vem. 

7 de copas

Ainda na contramão do que é comumente testemunhado no cenário político, o democrata sinalizou de maneira amistosa ao maior dos prováveis adversários no pleito que se aproxima: o MDB. Durante a campanha de 2018, Ronaldo Caiado e o presidente estadual da sigla, Daniel Vilela — à época adversário de Caiado no pleito — trocaram inúmeras farpas. Agora, o tom é outro. Ambos são tidos como fortes, separados. Juntos, porém, são vistos como imbatíveis. 

Talvez justamente sob essa ótica é que o governador tenha resolvido bater à porta do adversário. Caiado penetrou com leveza nas entranhas do MDB. O democrata já contava com uma relação saudável com muitos integrantes do grupo. Vale lembrar que a liderança do governo na Assembleia Legislativa é conduzida, por exemplo, por um emedebista, deputado Bruno Peixoto. 

Água no chopp 

A pedra no sapato no quesito aproximação com a sigla seria, contudo, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha. Isso porquê o gestor defende o lançamento de uma candidatura própria e, ao que tudo indica, não deverá largar o osso com facilidade. Uma carta já foi preparada e deverá ser entregue a Daniel Vilela já nos próximos dias.

O documento reivindica uma consulta ampla aos filiados do MDB em todos os 246 municípios goianos. A ideia seria entender se, de fato, a maioria deseja uma composição com o governador. O texto menciona o legado dos ex-gestores Iris Rezende e Maguito Vilela que defendiam a necessidade de partidos fortes como o MDB terem sempre candidatos na disputa. 

Nos bastidores, o entendimento é de que, apesar de legítima a reivindicação de parte do grupo liderado por Mendanha, dificilmente Daniel deva abrir mão de se juntar ao governador, haja vista que as cartas estão postas e a vaga na vice tem lá o seu peso. 

Nos corredores a análise é de que, mesmo diante do anseio de se tornar governador do Estado, Daniel sabe a importância de dar tempo ao tempo. Sendo assim, ao invés de concorrer com o democrata agora, poderia ser mais assertivo figurar como vice-governador nos próximos quatro anos e preparar terreno para chegar ainda mais forte à disputa em 2026. A estratégia, boa ou não, vai de encontro ao projeto de Mendanha que vive seu melhor momento e segue sem titubear quando o assunto é a cadeira do Executivo. Resta aguardar.

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