Sem Marconi, prefeitos do PSDB devem apoiar reeleição de Caiado
A maioria, do PSDB, inclusive, afirmou cegamente que os votos de Perillo tendem a migrar para o candidato à reeleição, Ronaldo Caiado
Felipe Cardoso e Izadora Rezende
Na última sexta-feira (5/8), o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) confirmou que disputará o Senado em convenção estadual do PSDB. Semanas antes do anúncio pela desistência, o político articulava disputar o governo de Goiás em aliança com o PT.
Antes cotado para disputar como deputado federal, os aliados entenderam que, mesmo ao Senado, ele poderia impulsionar os candidatos à Câmara. Além disso, ele não tiraria, na interpretação de alguns dirigentes, votos das bases desses postulantes, o que ocorreria caso entrasse na disputa.
Como já mostrado pelo O HOJE, Marconi é um nome expressivo em Goiás. Do partido, de longe o mais importante. Foi Perillo, inclusive, o responsável pela montagem da chapa de federal, que tem a vereadora por Goiânia Aava Santiago, os deputados estaduais Lêda Borges e Hélio de Souza, o apresentador Matheus Ribeiro, entre outros na corrida. Nos bastidores, a chapa é considerada forte.
Ainda sobre a desistência de Perillo, uma dúvida pairou no ar desde então: para onde vão os cerca de 15% dos eleitores goianos que declararam voto ao tucano nas últimas pesquisas? Pensando em esclarecer esse cenário, a reportagem consultou alguns importantes nomes da política goiana. A maioria, do PSDB, inclusive, afirmou cegamente que os votos de Perillo tendem a migrar para o candidato à reeleição, Ronaldo Caiado (UB).
As justificativas são diversas. A principal delas passa por questões estratégicas. Ainda que Marconi não figurasse em segundo lugar na corrida na maioria das pesquisas, ele era tido, informalmente, como principal adversário de Caiado. Uma vez fora do circuito, a reeleição do governador ficou ainda mais próxima da realidade, ainda que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, tenha condições de dar trabalho.
Vale lembrar que muitos prefeitos buscarão, em 2024, a reeleição. Sendo assim, é melhor que tenham o governador como aliado. A leitura é que o apoio de hoje pode resultar não apenas em um bom relacionamento entre o Executivo municipal e estadual, como também pode influenciar no envio de recursos e obras para suas regiões.
O desequilíbrio favorável a Caiado é visto não apenas entre os prefeitos e lideranças diversas como também pelos estudiosos. Na avaliação do cientista político e sócio-proprietário do Instituo Signates de Consultoria e Pesquisa Política e Empresarial, Luiz Signates, com a saída de Marconi da disputa ao governo, a corrida ficou “bastante desequilibrada” em favor do Caiado.
Ele justificou que “Mendanha está na raia já tem um tempo e, se fizer dobradinha com Marconi, pode, sim, polarizar com o governador, mas com menos chance do que este teria, caso as posições fossem inversas”. Como esse movimento de aliança com Marconi não aconteceu Caiado tende a se manter favorito, e não deverá enfrentar grandes desafios para desbancar os demais adversários.
Questionado se o deputado federal Vitor Hugo (PL), que também está pleiteando vaga ao governo, teria alguma chance de se destacar nessa disputa, Signates esclareceu que não vê possibilidade dele asuimir esse posto, mesmo tendo apoio e preferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
“Se prestígio de presidente fosse significativo para alavancar votos para governador, o PT teria ganhado todas aqui e em São Paulo, quando o Lula era presidente. Mas, não é assim que funciona”, pontuou. Signates explicou como o eleitor brasileiro,tradicionalmente, vota. “Para cargos majoritários, votam separando os entes da federação. Vencerá quem for capaz de convencer o eleitor de que é capaz de melhorar a sua vida. E o presidente Bolsonaro não tem conseguido fazer isso nem em favor de si próprio”, avaliou.