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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Imposto de renda

Isenção do IRPF para renda de até dois salários mínimos já está em vigor com efeito retroativo

Nova lei beneficia trabalhadores com renda mensal de até R$ 3.036 e terá efeito retroativo a maio de 2025

Letícia Leitepor Letícia Leite em 14 de agosto de 2025
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Especialista destaca avanço na justiça fiscal, mas alerta para necessidade de ajustes periódicos e equilíbrio das contas públicas. Foto: Marcello Casal Jr./ABr

O governo federal sancionou, no início desta semana, a Lei nº 15.191, que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para trabalhadores com renda mensal de até dois salários mínimos, atualmente equivalente a R$ 3.036. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e já está em vigor, e terá efeito retroativo a maio de 2025, garantindo que a isenção seja aplicada inclusive sobre rendimentos passados desde essa data. A mudança promete beneficiar diretamente milhões de brasileiros de menor renda e representa um passo relevante para uma tributação mais justa no País.

A nova legislação é resultado do Projeto de Lei nº 2.692/2025, de autoria do deputado José Guimarães (PT-CE) e relatado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA). O texto consolida benefício que já havia sido concedido de forma temporária pela Medida Provisória nº 1.294/2025 e foi sancionado sem vetos, o que garante aplicação imediata.

Antes da sanção, a faixa de isenção do Imposto de Renda abrangia apenas trabalhadores com renda mensal de até R$ 2.824. Isso significava que quem recebia acima desse valor já estava sujeito ao pagamento do IRPF, ainda que a diferença fosse pequena. 

Agora, com a nova regra, o limite sobe para R$ 3.036, o que inclui integralmente quem ganha até dois salários mínimos. Na prática, milhares de brasileiros que antes tinham descontos mensais em folha de pagamento deixarão de ter esse valor retido, recebendo o salário líquido integral. Além disso, o efeito retroativo a maio garante que eventuais valores já pagos nesse período sejam compensados ou restituídos na declaração do próximo ano, aumentando o alívio financeiro para os contribuintes.

Para a presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRCGO), Sucena Hummel, a atualização é um avanço significativo. “Essa correção beneficia especialmente os trabalhadores com menor poder aquisitivo, que são os mais impactados pela inflação. A ampliação da faixa de isenção contribui para reduzir a carga tributária dessas famílias”, afirmou. Ela ressalta, no entanto, que a tabela do IR precisa passar por ajustes periódicos para evitar defasagens, já que a inflação corrói rapidamente o efeito dessas mudanças.

Além da medida sancionada, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1.087/2025, que prevê ampliar a faixa de isenção para rendas mensais de até R$ 5 mil a partir de 2026. A proposta também eleva o limite para redução parcial do imposto, de R$ 7 mil para R$ 7.350, e tem como relator o deputado Arthur Lira (PP-AL).

Segundo Sucena, a estratégia do governo de sancionar primeiro a isenção para dois salários mínimos garante que o benefício chegue mais rápido à população. “A ampliação para R$ 5 mil é uma discussão essencial que certamente será aprofundada no projeto em andamento, buscando ampliar ainda mais a justiça fiscal no País”, avaliou.

Impactos fiscais e economia

A presidente do CRC-GO enfatiza que, apesar dos benefícios sociais, ampliação da faixa de isenção deve ser acompanhada de medidas de compensação para evitar desequilíbrio fiscal. Segundo ela, o governo precisa garantir sustentabilidade financeira e manter os serviços públicos funcionando adequadamente.

Ela também orienta empregadores e contadores a atualizarem imediatamente os sistemas de folha de pagamento e cálculos de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a fim de evitar erros e assegurar que a mudança seja repassada corretamente aos trabalhadores.

Para os contribuintes, a medida pode inclusive dispensar a obrigatoriedade de declaração do IR para quem se enquadra na nova faixa de isenção, desde que não haja outras fontes de renda tributáveis. A especialista explica que cada caso precisa ser avaliado individualmente com o apoio de um profissional de contabilidade.

Além de aliviar o bolso do trabalhador, a mudança também deve ter efeito positivo no consumo e na economia. “Ao ampliar a isenção, o governo aumenta o poder de compra das famílias de menor renda, o que deve estimular o consumo e contribuir para a recuperação econômica do País”, afirmou a presidente.

A sanção da Lei nº 15.191 integra um conjunto de esforços do governo para modernizar a cobrança do Imposto de Renda, tema que também está no centro das discussões da reforma tributária e de outras propostas em tramitação no Congresso Nacional.

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