Mulheres causam poucos acidentes fatais no trânsito

Dados da Delegacia de Trânsito mostram que elas estão envolvidas em apenas 1,5% dos acidentes com vítimas fatais

Postado em: 03-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dados da Delegacia de Trânsito mostram que elas estão envolvidas em apenas 1,5% dos acidentes com vítimas fatais

Deivid Souza

Um levantamento da Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict) feito a pedido do O HOJE, com dados de todo Estado entre 2013 e 2015, revelou que as mulheres estiveram envolvidas em apenas 1,5% dos acidentes com vítimas fatais. No período aconteceram 2.830 ocorrências com mortes a serem investigadas pela especializada, mas apenas 45 delas tinham mulheres como condutoras.

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A Dict também contabilizou quantas mulheres foram vítimas. Nas quase 3 mil ocorrências investigadas elas somaram 661 vítimas. Os dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) referentes a 2014 também indicam que elas são menos vulneráveis no trânsito. Dentre as 3,7 mil vítimas atendidas no período, 2.574 eram do sexo masculino e 1.126- o que equivale a 30% do total- do sexo feminino.

As estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) mostram que o número de homens ao volante é bem maior que o de mulheres. Existem 769.385 mulheres habilitadas e 1.707.626 . Mas mesmo com a supremacia numérica de homens na direção, a diferença entre os sexos no envolvimento dos acidentes ainda pesa negativamente para eles.

Para o especialista em trânsito e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Roberto Veloso, o comportamento das mulheres no trânsito explica as estatísticas. Ele avalia que elas “são mais comedidas” e “consideram mais as regras de trânsito” que os homens. “A segurança viária é muito direta. Se você não fizer o que ela quer, você acaba provocando acidentes. O homem tem uma falsa sensação de segurança”, acredita.

Nacional

O Mapa da Violência 2013- Acidentes de Trânsito e Motocicletas revelou que há uma grande prevalência do sexo masculino entre as vítimas de trânsito. Mais de 80% são homens, mas em determinados tipos de veículos esse percentual chega a quase 90% .

Cuidadosa

A jornalista, Talhyta Fernandes Teixeira, 24, é um exemplo de mulher que preza pelo cuidado na direção. Ela dirige seu carro há cinco anos e não levou nenhuma multa ou se envolveu em acidente de trânsito. Atualmente, ela dirige cem quilômetros por dia entre o Jardim Novo Mundo, onde mora, e o trabalho em Bela Vista de Goiás. A jovem acredita que existem sim diferenças no comportamento de homens e mulheres no trânsito. “Por ter um certo medo de estragar o carro, machucar alguém, a mulher pensa no futuro. A mulher tem esses cuidados”, afirma.

 

Forma de lidar com emoções explicam estatísticas

A psicóloga especialista psicologia do trânsito, Dalva Machado, elege dois fatores principais para explicar a diferença entre os sexos na direção. O primeiro deles ela atribui ao comportamento emocional da mulher. “Ela é mais cuidadosa, e principalmente com o fator que envolve a vida. No momento que abrange a vida, ela reage mais emocionalmente, no sentido de cuidar do outro. Raramente se vê uma mulher xingando o outro, ela sabe lidar com o tempo e espaço”, explica.

O outro detalhe que, na visão da especialista, que faz a diferença a favor da segurança no trânsito é o funcionamento do cérebro. Machado explica que as mulheres têm uma capacidade maior de trabalhar com a multitarefa. “Na pré-história, o homem se aperfeiçoou no foco de uma tarefa, devido à caça. Já a mulher desenvolveu a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Tinha que tomar conta da casa e dos filhos, por exemplo. A , mulher tem visão ampliada, isso a favorece no trânsito, inclusive,já foi comprovado pela neurociência”, completa. 

 

 

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