Refugiados ajudam outros recém-chegados

Governo abriu rede de voluntariado a refugiados na Alemanha e participantes chegam a 1,5 mil

Postado em: 13-10-2016 às 06h00
Por: Redação

‘O que vamos jogar hoje?”, pergunta Hassan ao grupo de crianças em torno dele. “Futebol!”, é a resposta unânime. Aos 19 anos, o jovem é um dos milhares de voluntários que estão ajudando migrantes e refugiados recém-chegados à Alemanha a se adaptarem ao novo ambiente. Ele também é um solicitante de asilo, pois teve de fugir para a Europa no verão passado devido à violência no Afeganistão.
Seus oito pupilos numa aula em Berlin têm menos de dez anos de idade. Assim como Hassan, as crianças aguardam a concessão de refúgio. Algumas são conterrâneas do afegão, enquanto outras vêm do Iraque e da Síria.
Toda segunda-feira, o adolescente e seus colegas do projeto Ankommen buscam os mais novos nos abrigos onde residem e os acompanham a um clube na vizinhança. O tempo é gasto em brincadeiras e também no aprendizado de novas habilidades.
“Eu gosto da Alemanha. Tem muita gente legal aqui”, comenta Hassan que atualmente está hospedado no apartamento de uma voluntária alemã, na capital do país. “A espera no processo de solicitação de refúgio pode ser muito difícil, muito frustrante. Mas o trabalho é divertido. É bom para mim e eu estou muito feliz por estar fazendo algo útil.”
O rapaz está entre as centenas de solicitantes de refúgio que doam seu tempo para o Serviço Federal de Voluntários da Alemanha. Conhecida em alemão como Bundesfreiwilligendienst, a iniciativa de âmbito nacional e dirigida pelo governo está aberta a adultos de todas as idades que desejam passar o ano colaborando com as comunidades onde vivem. Os voluntários trabalham 20 horas por semana e recebem uma pequena remuneração.
Tradicionalmente, os voluntários são pensionistas, estudantes ou pessoas que estão dando uma pausa em suas carreiras. Em dezembro de 2015, o Ministério das Famílias da Alemanha abriu o programa para refugiados e solicitantes de refúgio numa tentativa de enfrentar o desafio de integrar novos grupos de deslocados. Mais de 1,5 mil estrangeiros aceitaram a oferta e, agora, participam do programa.

Incentivo
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) apoia e incentiva a prática do voluntariado entre os requerentes de asilo e os refugiados. “No centro dos esforços do ACNUR para fortalecer a integração dos refugiados está a ideia de abordagens em comunidade”, diz a representante da agência das Nações Unidas na Alemanha, Katharina Lumpp. Segundo a dirigente, quando vítimas de deslocamento forçado e populações de acolhimento trabalham juntas, as habilidades dos refugiados passam a ser reconhecidas pelos nativos.

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