Obras em Cmeis completam 8 anos sem conclusão

Moradores destacam o abandono das obras das creches municipais de Aparecida de Goiânia | Foto: Reprodução

Postado em: 28-04-2021 às 07h48
Por: João Paulo
Imagem Ilustrando a Notícia: Obras em Cmeis completam 8 anos sem conclusão
Moradores destacam o abandono das obras das creches municipais de Aparecida de Goiânia | Foto: Reprodução

Moradores de dois setores de Aparecida de Goiânia sofrem com o abandono das obras de Centro Municipais de Educação Infantil (Cmeis): Comendador Walmor e Jardim Alto Paraíso. Os trabalhos em uma das construções estão parados há cerca de 8 anos e o local hoje conta com um mato muito alto e não há qualquer tipo de isolamento do espaço, o que aumenta a sensação de insegurança da comunidade.

No Jardim Alto Paraíso, o Cmei não conta com um colaborador no local há cerca de cinco anos. Divino Dias de Oliveira, que mora no setor há 30 anos, afirma que a obra abandonada serve como esconderijo para usuários de drogas e ainda traz perigos para as crianças do bairro.  “A gente vê muita criança entrando na obra para subir na caixa d’água que é alta e se alguém cair lá de cima, certeza que morre”.

Além disso, Divino destaca que todo o material de construção que ficou na obra após o abandono foi roubado. Segundo isso, essa situação traz ainda mais prejuízo aos cofres públicos, tendo em vista o novo gasto que será feito para que as obras sejam continuadas. O morador ainda pontua que o Cmei inacabado impacta, principalmente, nas famílias que precisam de um lugar onde deixar os filhos pequenos para os pais irem trabalhar. Divino destaca também que a construção poderia ajudar a diminuir o déficit de vagas na cidade, que atualmente ultrapassa os 7 mil.

Continua após a publicidade

Comendador Walmor

A situação não é diferente há oito quilômetros dali. No Setor Comendador Walmor, as obras já se arrastam por uma década e meia. E segue sem previsão de término. O local também conta com mato alto e nenhum tipo de segurança no local. Moradores afirmam que a construção abandonada serve para esconderijos de criminosos e temem que crianças se machuquem com restos de materiais que ficaram expostos por alí.

 “O local é perigoso. Têm muitos malandros que se escondem lá dentro e sobem na caixa d’água para ficar mirando as casas dos outros. As crianças que brincam no espaço podem se machucar com as pontas de ferro que estão expostas na construção”, lamenta Ângela Rodrigues, que mora em frente à obra paralisada.

Ângela afirma que ver a obra abandonada causa uma certa tristeza, já que tem dois filhos e nenhum deles conseguiu vaga nos Cmeis do município. A situação ainda ganha mais preocupação, pois o espaço acaba sendo utilizado por outros moradores como local de queima de lixo. Com isso, a fumaça e os focos de incêndio trazem risco à saúde de quem vive na região. “Hoje [ontem] pela manhã, tivemos que ir até o local para apagar um foco de incêndio causado por queima de lixo lá dentro”, pontua.

A Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia informa que as duas obras de Cmeis estão paralisadas por conta do abandono das empresas vencedoras da licitação por declaração de falência e que um novo processo licitatório será realizado assim que o município sair do estado de calamidade pública por ocasião do combate à Covid-19.

Mais do mesmo

Apesar disso, a situação de obras paralisadas não é uma novidade no município que compõe a Região Metropolitana de Goiânia. No último dia 21 de abril, O Hoje mostrou que moradores do Jardim Eldorado vivem o dilema de contar com o Cmei no bairro, mas sem previsão de término para construção.  “Essa obra está abandonada há anos. Talvez se tivessem concluído, não estaríamos desse jeito. Muitas mães estão tendo que se virar. Conheço algumas vizinhas que estão na mesma situação que eu”, conta Gabriela Sousa, que espera por uma vaga na educação infantil para a filha Alice Gabriele, de 2 anos, há mais de um ano.

A situação de Gabriela se esbarra com a de outras mães, que acabam tendo que pagar alguém para cuidar da filha enquanto ela e o marido saem para trabalhar. A cidade conta com 7.060 crianças aguardando por uma vaga nos Cmeis da cidade. Apesar do alto número, a situação na cidade ainda deu uma ‘melhorada’, levando em consideração que, há dois anos, o déficit de vagas ultrapassava os 10 mil. Uma justificativa plausível para essa retração é o fato dos pais perderem o interesse em colocar os filhos para as aulas presenciais devido à pandemia do novo coronavírus.

Na época, a Secretaria Municipal de Educação da cidade informou que, desde o início de 2020, ampliou os convênios e que isso levou à redução de mais de 2.450 crianças dentro do déficit. Segundo a pasta, os pais perderam interesse em matricular os filhos nas creches municipais devido à impossibilidade de mantê-los nas unidades educacionais por causa das restrições da pandemia.

A SME ainda pontuou que, durante o biênio 2020/2021, até o mês de abril, o número de crianças no cadastro de 7.060, mas o cadastro para vagas no CMEIs fica aberto ao longo do ano e pode ter variação para mais ou para menos de transferências, desistências ou a ampliação do número de vagas.

Veja Também