BRT pode derrubar mais de 100 árvores na Goiás

Queda de árvores esbarra no projeto de fazer com que Capital se torne a mais arborizada do Brasil

Postado em: 08-06-2021 às 07h56
Por: João Paulo
Imagem Ilustrando a Notícia: BRT pode derrubar mais de 100 árvores na Goiás
Queda de árvores esbarra no projeto de fazer com que Capital se torne a mais arborizada do Brasil | Foto: Jota Eurípedes

Além das demora para o término do BRT, as obras trazem outro problema: a queda de árvores na Avenida Goiás. Já faz cerca de dois anos que 106 espécimes estão marcadas para serem retiradas da via na região central da cidade. O pedido foi feito pelo consórcio do BRT para a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). Apesar disso, não há uma definição do total de árvores que serão retiradas da via, que conta com 660 espécimes entre a Praça Cívica e a Avenida Independência.

Em 2019 a Amma autorizou a remoção de 71 unidades de vegetação na Avenida Goiás. Entre elas estão palmeiras e árvores. Porém, o consórcio negou à época assinar o termo de compromisso e, com isso, acabou invalidando a decisão. O pedido para a retirada dos espécimes ocorreu pela necessidade da construção de três estações de embarque e desembarque e seis plataformas do BRT.

A Amma exige que, a cada árvore retirada, 15 novas precisam ser plantadas como compensação ambiental. Se caso essa reposição não ocorra na própria via, ele deve ser realizado na área verde mais próxima. Em todos os trechos do BRT, até o momento, 1.949 exemplares já foram retirados, segundo a pasta. Com isso, seria necessário o plantio de 34.148 mudas. A Amma destaca que pouco mais de 6,1 mil foram replantadas em trechos já acabados do projeto.

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Sobre o projeto, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aguarda a Prefeitura de Goiânia enviar o levantamento da quantidade de árvores que serão retiradas da Avenida Goiás. “De modo a compensar a remoção das espécies que compõem a arborização da avenida, o Iphan propôs que a Prefeitura de Goiânia fizesse a recomposição da massa vegetativa, plantando outras árvores nas calçadas laterais. Caso acatem a recomendação, o Iphan fará o monitoramento do plantio das árvores e do impacto visual causado na avenida,” afirma o instituto.

Cidade Verde

A situação do BRT se esbarra em um novo projeto da Amma de fazer com que Goiânia se torne a cidade mais arborizada do mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a Capital é considerada a cidade mais arborizada do Brasil, com 89,5% de área verde. Logo em seguida vêm Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG). Porém, vale destacar que esses dados foram extraídos do censo de 2010, onde Goiânia tinha cerca de 1,3 milhão de habitantes. A cidade também já configurou como a segunda mais arborizada no mundo, ficando atrás apenas de Edmundo, no Canadá.

Esses dados, entretanto, ainda não foram atualizados já que o Censo do IBGE não foi realizado devido a pandemia do novo coronavírus e ainda há um impasse se ele será ou não realizado neste ano, mesmo após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o mesmo seja feito.

Até que haja uma atualização pelo IBGE, novas alternativas estão sendo desenvolvidas para que a cidade chegue a este feito. Uma delas é o Disque-Árvore, que planeja estimular o plantio de mudas em vários setores e que as mesmas sejam cuidadas pelos moradores. Com o projeto, a pessoa vai poder solicitar uma espécie e terá toda a assistência da Amma para que a árvore seja plantada. Cada morador poderá receber duas mudas e elas poderão ser colocadas no quintal ou na calçada da residência.

O presidente da Amma, Luan Alves, explicou ao O Hoje que o projeto vai começar por setores mais antigos e, consequentemente, mais atingidos por obras com o passar dos anos. “A gente vai fazer o replantio de mudas na Rua 94, devido às obras do BRT, mas também vamos levar o programa para Campinas e para o Centro. Isso porque, por serem setores mais antigos, mais árvores também foram retiradas desses locais”, pontua.

Além do Disque-Árvore, Luan destaca que também ocorreu, ontem (7), a entrega de mudas em quatro parques de Goiânia: Lagoa (Vera Cruz), Beija-Flor (Setor Jaó), Leolídio di Ramos Caiado (Goiânia II) e Jardim Botânico (Jd Santo Antônio), que ocorreu das 15h30 às 19 horas. 

O presidente destaca que, atualmente, Goiânia conta com 15 metros quadrados de área verde por habitante. A cidade já chegou a registrar 94 metros quadrados. “Mas a gente analisa que era outro cenário. Goiânia era uma Capital menor, com mais áreas vagas. Agora, muitos desses espaços foram habitados. Por isso queremos voltar a esse número ou até mesmo superá-lo.”

A Amma destaca que prioriza o plantio de cerca de 100 espécies variadas e todas sendo nativas do Cerrado, bioma brasileiro predominante em Goiás. Mas as mais comuns são o Ipê, quaresmeira, acerola, goiaba e pitanga. Luan explica um pouco de como se dá o processo de troca de espécies, principalmente de árvores que já estão com o tempo de vida útil ultrapassado.

“Quando um morador solicita esse serviço de extirpação é feita uma avaliação para ver se é necessário a extirpação, poda ou nenhum dos casos. Caso seja feita a retirada, vai ser qualquer uma que trará mais benfeitoria para o morador. Além disso, a gente fará uma conscientização para acabar envolvendo toda a população para que a cidade possa se tornar a mais arborizada do mundo”, finaliza.

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