Embarque prioritário ‘barra’ 20 mil passageiros

Quantitativo teve solicitações negadas para embarcarem nos ônibus de maneira prioritária

Postado em: 10-06-2021 às 07h49
Por: João Paulo
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Quantitativo teve solicitações negadas para embarcarem nos ônibus de maneira prioritária | Foto: Reprodução

Após quase três meses de implantação do sistema de embarque prioritário, 20.230 passageiros não podem usar o transporte coletivo nos horários de pico, por não atenderem os critérios de atendimento a passageiros que atuam em serviços considerados como essenciais e terem as suas solicitações negadas. De acordo com a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), até o momento, 118.353 pessoas podem embarcar nos ônibus e terminais no horário de maior quantidade de passageiros. A medida foi tomada como uma forma de prevenir a disseminação do novo coronavírus dentro do transporte coletivo.

O sistema de embarque prioritário no transporte coletivo foi implantado no último dia 23 de março e consiste em um modelo onde apenas trabalhadores de atividades tidas como essenciais podem usar os terminais e ônibus em horário de pico, que vai das 5h45 às 7h15 e entre 16h45 às 18h15. Para isso, foi considerado a realização de um cadastro no site da RMTC.

O cadastro consiste em informar o CPF, a área de atividade exercida no trabalho e anexar uma foto de um documento que comprove a atividade informada. Caso não possua esse documento, a saída é fazer uma justificativa no próprio site. De acordo com a RMTC, o cadastro deve ser realizado uma hora antes de realizar o embarque para garantir a liberação dos validadores eletrônicos, tanto nos ônibus quanto nos terminais. Não houve mudança nos cartões de sitpass.

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O decreto municipal vigente à época colocava como atividades essenciais farmácias, trabalhadores de hospitais e similares, clínicas de vacinação, laboratórios de análises clínicas e estabelecimentos de saúde, cemitérios e serviços funerários, distribuidores e revendedores de gás e postos de combustíveis, supermercados e congêneres, não se incluindo lojas de conveniência, estabelecimentos que atuem na venda de produtos agropecuários, agências bancárias e casas lotéricas,  serviços de call center restritos às áreas de segurança, alimentação, saúde e de utilidade pública, atividades de informação e comunicação, fornecedores de bens ou de serviços essenciais à saúde, à higiene e à alimentação. Porém, essa situação mudou já que serviços tidos como não essenciais estão funcionando normalmente.

Nos horários de pico que ocorrem de manhã e de tarde, o acesso de passageiros nos ônibus, terminais e estações é controlado através de um bloqueio eletrônico temporário de 90 minutos. Caso o trabalhador não faça parte de uma das categorias listadas terá a carteirinha bloqueada na entrada dos terminais.

Quem não for desses segmentos, tem que esperar passar o horário de pico para poder embarcar no terminal. Mesmo com tudo isso, os ônibus continuam lotados e o reflexo disso foi uma pesquisa encomendada pela própria RMTC, onde traz que 52,6% dos passageiros do transporte público são de serviços não essenciais, em Goiânia. Já em Aparecida, o índice sobe para 54,9%.

A implantação desse sistema foi elogiada até por especialistas críticos ao transporte coletivo, como Marcos Rothen. “O sistema de bilhetagem de Goiânia é o mais moderno que existe. Ele permite a identificação dos usuários através da identificação visual que facilita o controle da gratuidade. Permite a diferença de tarifa por hora,  cobrança por trecho. A integração fora dos terminais com o pagamento de apenas uma passagem. O que foi feito em Goiânia foi uma parte do que ele permite.”

Burlar

Diante dessa situação, não é difícil encontrar passageiros tentando burlar a fiscalização. Nos horários de pico, os passageiros que não se encaixam nos serviços se arriscam entrando por vias irregulares nos terminais. O perigo é tamanho que alguns passam em frente ao ônibus já em curso. A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos reconhece o problema e alega que isso acaba atrapalhando a efetividade da medida tomada contra a Covid-19.

Um grande exemplo disso é o Terminal Praça A. que fica no Setor Campinas, na confluência entre as avenidas Anhanguera e Independência. Muitos utilizam a plataforma do Eixo Anhanguera para acessar a estação. Eles se arriscaram subindo a plataforma – que tem cerca de um metro – e saltam uma grade de ferro. Trabalhadores ambulantes na região afirmam que eles fazem isso para não ficarem esperando o tempo proposto.

A situação, segundo populares, se tornou recorrente nos últimos meses. São homens e mulheres de diferentes idades e que nem os diversos fiscais que ficam no local fazem a contenção dessas pessoas. A CMTC informou que trabalha em parceria com a Polícia Militar (PM) para auxiliar na fiscalização, mas nem isso inibiu que os passageiros continuassem fazendo tal artimanha diante do horário.

Marcos Rothen explica que essas falhas ocorrem pois foram tomadas como medidas emergenciais e, agora, leva a problemas. “Foi um sistema emergencial funcionando e atendendo a necessidade daquele período, mas como vem perdurando, tem se transformado em problemas para muitos passageiros, que buscam alternativas para se livrarem disso. Cansei de ver alguns não passando pela roleta. Foi uma medida muito boa por algum momento, mas agora está sendo impraticável. As pessoas têm suas rotinas, outra coisa que não aconteceu foi a colocação de mais ônibus após esse horário de embarque prioritário.

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