Sete de cada dez motoristas trabalham irregularmente

Além dos danos individuais, existe ainda um impacto social dos acidentes de trabalho

Postado em: 29-04-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Além dos danos individuais, existe ainda um impacto social dos acidentes de trabalho

Excesso de jornada, falta de descanso, trabalho sem registro em carteira e fraudes no seguro-desemprego foram algumas situações flagradas pelo Ministério do Trabalho durante a fiscalização do setor de transporte nas rodovias do país, em abril. Segundo a pasta, 70,37% dos caminhoneiros abordados estavam trabalhando irregularmente.

A operação fez parte da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Canpat), feita neste mês de abril, e do movimento Abril Verde, que teve como tema Conhecer para Prevenir. O dia 28 de abril é mundialmente dedicado à memória das vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

A Secretaria de Inspeção do Trabalho do ministério priorizou na campanha deste ano as atividades do setor de transporte, que tem sido um dos destaques negativos em acidentes de trabalho, principalmente o transporte rodoviário. Em 2013, o setor foi responsável por uma taxa de mortalidade de 30,28%, um indicador 4,6 vezes maior do que a taxa nacional no ano, que foi 6,53%. O setor rodoviário de cargas concentra o maior número de mortes no segmento de transporte, em média, 15% das mortes do setor ocorrem com motoristas de caminhão.

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Para o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, no caso dos motoristas de caminhões, além da própria vida e saúde, colocam em risco a vida de outras pessoas. “Os casos de informalidade e com jornada exaustiva reduzem a capacidade do próprio trabalhador de conduzir o veículo. E os riscos são iminentes”, disse.

Impactos sociais e econômicos

Além dos danos individuais, existe ainda um impacto social dos acidentes de trabalho, segundo Nogueira. “Aquele trabalhador que muitas vezes é surpreendido por um acidente de trabalho ou tendo a saúde afetada, esse trabalhador termina indo para a Previdência Social, que precisa amparar esse trabalhador.”

Segundo o ministério, estima-se que os gastos e despesas relacionados a acidentes e doenças de trabalho atinjam 4% do Produto Interno Bruto (PIB), o que totalizaria, somente em 2016, valores superiores a R$ 200 bilhões ao ano. Nesse montante estão despesas do Sistema Único de Saúde e com benefícios previdenciários, além de despesas e gastos de empregadores por conta de dias parados, perda de produtividade e ações de ressarcimento. O equivalente a 7 milhões de dias de trabalho são perdidos a cada ano.

Dados de 2010 a 2014 revelam a ocorrência média anual de 710 mil doenças e acidentes de trabalho, que resultam em 15 mil incapacitações permanentes e mais de 2,8 mil mortes. Ou seja, um acidente a cada 44 segundos, uma incapacitação a cada 30 minutos e uma morte a cada 3 horas nos locais de trabalho do país. (Agência Brasil) 

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