Cemitério Parque sofre por falta de infraestrutura: túmulos vandalizados, mato alto e ossadas expostas

Falta de segurança no local proporciona atos de vandalismo, como violação de túmulos

Postado em: 31-03-2022 às 08h24
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Cemitério Parque sofre por falta de infraestrutura: túmulos vandalizados, mato alto e ossadas expostas
Falta de segurança no local proporciona atos de vandalismo, como violação de túmulos | Foto: Sabrina Vilela

Por Sabrina Vilela

O Cemitério Parque, localizado entre os setores Setor Gentil Meireles e Urias Magalhães, em Goiânia, vem passando por problemas de estruturas já tem algum tempo. Além do mato alto e da falta de segurança, por conta da ausência de parte do muro, ossadas expostas, lixo acumulado, banheiros para visitantes interditados e vestiário de funcionários em más condições foram algumas das reclamações feitas à reportagem por colaboradores e visitantes do cemitério.

Inaugurado em 1961, o Cemitério Parque faz parte dos quatro cemitérios municipais da Capital, são eles: Santana, Vale da Paz e Jardim da Saudade. O Parque é o maior em sua extensão e em números de corpos enterrados com uma área com aproximadamente 12 alqueires de extensão.

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Os cemitérios ocupam um lugar simbólico e afetivo na vida de familiares que têm entes enterrados nesses locais, onde são feitas homenagens aos mortos. Entretanto, ao andar pelo Cemitério Parque, visitantes passam por dificuldades ao tentar visitar túmulos de entes queridos já que tem entulhos jogados no local provocados por vandalismo nos jazigos. 

Terezinha Jacinto Cardoso e Osvaldo Bento da Silva perderam dois filhos, há mais de 10 anos, que estão enterrados no Cemitério Parque. “Esses dias eu vim aqui e o mato estava tampando todos os túmulos”, reclama o aposentado. 

De acordo com o casal, o cemitério precisa ser mais bem cuidado por parte do poder público. “É uma falta de respeito. Aqui é lixo para todo o lado. A prefeitura deve ter mais responsabilidade, porque nós pagamos impostos e não somos tratados com dignidade nem quando morremos. Só lembra da gente na época de eleição”, denuncia Osvaldo Bento. 

Um coveiro, que trabalha há mais de 10 anos no local e preferiu não ser identificado, afirma que a limpeza do matagal só é realizada mediante alguma reclamação. “Semana passada o mato estava alto. Só é feita a roçagem quando o coveiro já não consegue mais transitar entre os túmulos”, informa. 

O funcionário reclama ainda dos banheiros precários, da falta de energia elétrica e da ausência dos kits de equipamentos de proteção individual completos. “Os banheiros estão interditados, não tem como usar o vestiário. Não está em condições de uso, mas temos que continuar aqui”, denuncia.  “Nem sempre recebemos os equipamentos necessários para trabalhar. Teve uma época que nem máscara descartável tínhamos. Às vezes falavam para a gente lavar as descartáveis”, denuncia. 

A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria da a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) por meio de e-mail e whatsapp e foi informado que a Comurg realiza a limpeza mediante solicitação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Sedhs), que também é responsável pelo cronograma de limpeza do Cemitério Parque. 

De acordo com a Sedhs, os cemitérios Parque, Santana, Vale da Paz e Jardim da Saudade receberam melhorias nos últimos meses. Em relação à manutenção do Parque, o serviço é realizado periodicamente por equipes da Comurg, que executam roçagem do mato, capina da grama, varrição, rastelação, remoção de lixo e de entulho nas áreas comuns das unidades.

A pasta afirma que a conservação dos túmulos e jazigos é de responsabilidade dos familiares. A Sedhs informou ainda que não foram verificados problemas relacionados ao fornecimento de energia elétrica. Serviços administrativos são realizados normalmente no cemitério, com o uso de computadores, segundo esclarece a pasta.

Muro inacabado

Após mais de um ano do início das obras, parte do Cemitério Parque, não conta com um muro e segue sem prazo para conclusão. Os trabalhos no local tiveram início em julho do ano passado com o pretexto da própria prefeitura de dar mais segurança e preservar a memória dos que ali estão sepultados.

A falta do muro no local propicia a ação de vândalos e o acúmulo de entulhos. Muitos populares destacam a falta de segurança e do desrespeito com os entes que foram sepultados no local. Por causa disso, a obra, que foi orçada em R$ 1,1 milhão, virou questão judicial, após o Ministério Público pedir que o muro e a calçada fossem feitos.

Em janeiro de 2021, a reportagem do jornal O Hoje foi ao local e conversou com moradores da região sobre a situação do Cemitério, que já foi palco de mais de 200 mil sepultamentos. “Eles prometeram que iriam acabar o mais rápido possível e até hoje nada de finalizar com esse muro. As pessoas vêm de outro setor e jogam o lixo tudo aí. A prefeitura não recolhe o lixo daí vai só acumulando”, lamentou o encarregado de hortifrúti Paulo Henrique Monteiro.

O encarregado reclama que antes da ausência do muro, a falta de segurança já existia.   “Segurança zero. Ninguém zela desse cemitério. Já tem mais de 20 anos que moro aqui e antes disso os vizinhos já reclamaram que eram os mesmos problemas. A prefeitura promete cuidar, mas até agora nada foi feito que beneficie a população. Fala que vai ter GCM vigiando, mas vem de vez em quando”, reclamou.

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