Semad decide suspender debate sobre atividades turísticas no Parque Estadual do João Leite

Especialistas ouvidos pelo jornal O Hoje afirmaram que a exploração turística dos parques pode trazer riscos à preservação do Ribeirão João Leite.

Postado em: 22-04-2022 às 11h22
Por: Ícaro Gonçalves
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Especialistas ouvidos pelo jornal O Hoje afirmaram que a exploração turística dos parques pode trazer riscos à preservação do Ribeirão João Leite | Foto: Reprodução

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) decidiu nesta sexta-feira (22/4) suspender os debates sobre a abertura dos parques estaduais João Leite (PEJoL) e Altamiro de Moura Pacheco (Peamp) para atividades turísticas. O tema ganhou destaque no início desta semana, quando a pasta deu início a uma consulta pública para receber e avaliar propostas de exploração recreativa das áreas, que abrigam um dos principais estoques de abastecimento hídrico de Goiânia.

O documento apresentado pela Semad na segunda-feira (18/4) previa propostas como: a liberação para visitas de observação de fauna e flora, atividades de educação ambiental, ciclismo, arvorismo, mountain bike, tirolesa e atividades esportivas na água, como stand up paddle, caiaque, remo e aquaball. A pesca esportiva também poderia ser permitida.

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De imediato, a proposta foi recebida com críticas. Especialistas ouvidos pelo jornal O Hoje afirmaram que a exploração turística dos parques pode trazer riscos à preservação do Ribeirão João Leite. “A prática ou atividade humana esportiva gera resíduos e as pessoas vão fazer uso da água como banheiro. Além disso, há uma liberação para parcelamento de solo, que indica índice de ocupação de impermeabilidade”, apontou Maria Ester de Souza, arquiteta e urbanista e presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Ambiente (Arca Goiás).

Para Germano Augusto de Oliveira, engenheiro ambiental e assessor técnico da Associação Goiana de Municípios (AGM), a grande preocupação é a poluição dos recursos hídricos, do solo e do subsolo. “Dependendo da atividade que for permitida, pode contaminar o lençol freático, a exemplo indústrias de grande porte e poluentes que depois do tratamento precisam ser despejados em algum local, que será na água ou terra”, avaliou em entrevista ao O Hoje na segunda-feira (18/4).

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Suspensão

As polêmicas envolvendo a proposta levaram ao recuo da Semad. O deputado estadual Virmondes Cruvinel (UB), líder da bancada do União Brasil na Alego, comemorou a decisão, a que chamou de “acertadíssima” em suas redes sociais. Em entrevista ao O Hoje, Cruvinel afirmou que a suspensão das propostas foi a atitude mais apropriada e que recebeu apoio do governador Ronaldo Caiado, por priorizar o parque como fonte de abastecimento. “Foram ouvidos vários representantes da sociedade civil e pesquisadores das universidades. A Semad entendeu que o caminho deve ser a prioridade do abastecimento, mesmo entendimento do governador”.

“Importante destacar que a ferramenta de consulta pública possibilitou a tomada de decisão de forma democrática, ouvindo a população”, complementou o deputado. Questionado se outras unidades de conservação do estado poderiam ser alvos de propostas semelhantes, Cruvinel afirmou que os debates dependem de avaliações técnicas e de maior conversa com a sociedade. “Acredito que é necessário avaliar tecnicamente, observar os aspectos necessários da sustentabilidade, aproveitando ideias envolvendo outros parques, e que não prejudiquem a preservação ambiental”, finalizou o deputado.

Colaborou Daniell Alves

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