Hotel em Caldas Novas é condenado a pagar R$ 15 mil à empregada gestante que foi demitida

O Colegiado confirmou a sentença que entendeu tratar-se de ofensa grave e manteve a indenização por danos morais de R$ 15 mil

Postado em: 13-05-2022 às 16h05
Por: Rodrigo Melo
Imagem Ilustrando a Notícia: Hotel em Caldas Novas é condenado a pagar R$ 15 mil à empregada gestante que foi demitida
O Colegiado confirmou a sentença que entendeu tratar-se de ofensa grave e manteve a indenização por danos morais de R$ 15 mil | Foto: Reprodução / Freepik

O Condomínio Recanto das Águas Quentes, hotel localizado em Caldas Novas, a 170 km de Goiânia, terá que indenizar uma ex-empregada no valor de R$15 mil por ter dispensado ela após a comunicação da gravidez. A decisão é da Segunda Turma do TRT de Goiás, que assegurou a indenização substitutiva em favor da empregada e ainda reparação por danos morais. O colegiado entendeu que a dispensa foi arbitrária.

A atendente de hotelaria foi admitida pelo hotel no dia 6 de janeiro do ano passado e desligada menos de três meses depois. Segundo os pedidos da ex-funcionária apresentados no processo, mesmo tendo ciência da gravidez, a empresa optou por demitir a atendente. Para a empregada, a dispensa foi discriminatória, por ter sido desligada logo após comunicar a gravidez ao seu gestor.

O juízo do primeiro grau entendeu que não houve razão que justificasse a demissão, estando garantida a estabilidade da empregada até o quinto mês após o nascimento do bebê. A empresa, porém, recorreu ao TRT de Goiás e argumentou que o ajuste entre as partes era um contrato temporário e que a empregada fora demitida ao final do prazo estabelecido na convenção. Para o hotel, não caberia a garantia provisória da empregada, mesmo estando grávida, em razão do tipo de contrato estabelecido.

Continua após a publicidade

Demissão arbitrária

O colegiado entendeu por unanimidade que a empregada foi demitida de forma arbitrária. Segundo a relatora, desembargadora Kathia Albuquerque, além de estar provado nos nas provas que a mulher estava grávida no curso do contrato de experiência, as conversas por aplicativo de mensagens apontadas nos documentos provam que o superior da empregada teve ciência da gravidez no dia 11 de março do ano passado e que logo em seguida pediu para que ela comparecesse à empresa no dia menos de um mês depois, data em que o contrato foi rescindido, conforme o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT) juntado aos autos.

Contrato de experiência X estabilidade

A desembargadora apontou ainda que a jurisprudência do TST reafirma o direito à garantia da gestante nos contratos de experiência e citou julgados recentes que envolvem o tema. Relembrou que, para o STF, a proteção constitucional somente exige a presença do requisito biológico: gravidez pré-existente, o que independe do conhecimento do empregador.

Para a relatora, a empresa agiu de forma fraudulenta ao encerrar o contrato de trabalho sob o rótulo de “extinção normal do contrato de trabalho por prazo determinado”. Segundo a desembargadora, o hotel tinha conhecimento que empregada estava grávida e usou a medida para obstar as normas de proteção da gestante.

Direito do bebê

Kathia Albuquerque destacou que o cenário deixou claro que a funcionária foi na verdade dispensada em razão da gravidez e que o dano à dignidade da mulher, em um momento de fragilidade emocional e de maior necessidade de boas condições financeiras é incontestável.

Ofensa grave

A conduta da empresa prejudicou uma garantia que tem como destinatário maior o bebê, segundo a relatora. Nesse sentido, o Colegiado confirmou a sentença que entendeu tratar-se de ofensa grave e manteve a indenização por danos morais de R$ 15 mil, além de determinar as anotações pertinentes na carteira de trabalho da empregada.

Veja Também