Quinta-feira, 28 de março de 2024

Mesmo com invasões, Morro da Serrinha e outros locais podem se tornar patrimônio cultural em Goiás

A Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) recebeu o processo de nº 10080/22, que pretende transformar locais de oração, como o Morro da Serrinha em patrimônios culturais.

Postado em: 11-07-2022 às 19h16
Por: Ana Bárbara Quêtto
Imagem Ilustrando a Notícia: Mesmo com invasões, Morro da Serrinha e outros  locais podem se tornar patrimônio cultural em Goiás
O texto, assinado pelo deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos), declara três pontos na capital e um local em Senador Canedo. | Foto: Reprodução

A Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) recebeu o processo de nº 10080/22, que pretende transformar locais públicos comumente usados para oração, como o Morro da Serrinha, em patrimônios culturais.

O texto, assinado pelo deputado estadual e pastor Jeferson Rodrigues (Republicanos), cita três pontos na capital e um em Senador Canedo, o Morro da Santa Marta, às margens da Rodovia GO-403.

Se aprovado o projeto, os novos patrimônios culturais em Goiânia seriam o Morro da Serrinha, localizado ao Setor Serrinha, o Morro do Mendanha, localizado no Setor Jardim Petrópolis e o Monte do Foguinho, localizados ao Setor Chácaras Recreio São João.

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Segundo o autor, o reconhecimento legal dos referidos locais fará com que os locais sejam reconhecidos como áreas de profissão da fé, e assim, obrigará o Estado a garantir elementos mínimos de conservação e infraestrutura, como indicações, sinalização e iluminação. 

“Os locais tombados especificados só podem ser objeto de modificações profundas em situação de excepcional interesse público, e mediante prévia autorização do órgão ambiental do estado de Goiás”, explica.

Leia também: Vereadora quer Goiânia Noise patrimônio cultural imaterial da capital

Acampamento de missionários no Morro da Serrinha

Local de oração há mais de 40 anos, o Morro da Serrinha passou a ser ocupado por acampamentos de missionários com duração de até 21 dias – as chamadas campanhas de Daniel. Nos últimos oito anos, pessoas em situação de rua se aproveitaram para erguer barracas e reivindicarem moradia no local.

Conforme apurado pelo O Hoje em março desse ano, no mínimo oito edificações de madeira, lona e metais retorcidos se espalharam pela área turística. Enquanto isso, o Morro virou um ponto para uso e tráfico de drogas nas partes mais isoladas.

Ainda sob o efeito de drogas, alguns usuários diariamente buscam por ajuda espiritual. A reportagem do O Hoje flagrou parte desta rotina em meio à fé de religiosos em duas visitas no começo do ano, em março.

A principal igreja do morro, “Primeiro é Deus”, possui um alojamento improvisado, feito de produtos reciclados. A edificação é uma mistura de madeira, ferro e alvenaria. Ela recebe centenas de religiosos em cultos durante o dia e, no que se chama de vigílias, na madrugada. 

Na ocasião, a pastora Elizabeth disse à reportagem que, apesar de ter uma casa, fica normalmente durante o dia monitorando “aqueles que não têm família”. “Não pode ficar zanzando pelo monte. Tem muitos drogados por aí e quem realmente quer mudar precisa ficar aqui, cantando, orando, lendo a Bíblia e jejuando”, disse Elizabeth.

Leia também: ‘Especulação imobiliária’ da fé no Morro da Serrinha; há 40 anos local é ocupado por acampamentos de missionários

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