Dia Nacional da Vacinação chama atenção para baixa cobertura 

País perdeu a referência em vacinação em massa

Postado em: 18-10-2022 às 06h30
Por: Alexandre Paes
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País perdeu a referência em vacinação em massa | Foto: reprodução

As vacinas possuem uma grande importância histórica para erradicação ou diminuição de muitas doenças graves, como varíola, caxumba, gripe, poliomielite, rubéola, sarampo e tétano. Consideradas um marco na história da saúde humana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que a imunização salva a vida de 3 milhões de pessoas por ano.

Para reforçar a importância das vacinas, o dia 17 de outubro marca o Dia Nacional da Vacinação no Brasil, data que promove a imunização no controle de epidemias. Entretanto nos últimos anos os órgãos sanitários do mundo todo têm se preocupado com a baixa cobertura vacinal que vem sendo registrada no país, principalmente no que diz respeito à vacinação infantil.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, avalia que o Brasil já foi referência para o mundo em relação a vacinas, e hoje corre o risco de ter o retorno de doenças erradicadas. “O cenário é muito preocupante. A pandemia intensificou a queda ainda maior das coberturas, e não é só no Brasil, isso preocupa todas as instituições de saúde do mundo inteiro”, disse.

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Segundo ela, a causa para a queda na cobertura vacinal não se dá somente pela pandemia, já que se observa desde 2015 este movimento. “Há um conjunto de fatores, além da pandemia, que contribuíram para os números em baixa. A crise econômica, corte de financiamento de saúde pública, e o fato dos pais hoje em dia não temerem doenças que não conhecem justamente por causa da vacina ajudam a explicar a situação”, destaca.

Baixa adesão

Recentemente a Organização Panamericana de Saúde (Opas), alertou e listou o Brasil entre os 12 países com alto risco de surto de poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, e que teve seu último caso registrado no Brasil em 1989.

Conforme explicou a entidade, a cobertura vacinal contra caiu abaixo de 80% em quase toda a América do Sul, e a poliomielite pode se espalhar rapidamente entre comunidades com cobertura vacinal insuficiente.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, neste ano de 2022, desde janeiro até a segunda semana de setembro, o índice geral de cobertura vacinal da população brasileira estava em 44,11%, muito abaixo dos índices mínimos recomendados, que são entre 90% e 95%, índices que foram alcançados na média geral pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 95,07%. No ano passado, ele foi de somente 59,94%.

Reaparecimento

O foco é a vacinação infantil porque ela atua indiretamente contra grande parte das doenças em adolescentes e adultos. O superintendente de vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Yves Mauro, destaca que as fake news, propagadas nas redes sociais, “colocam uma pulga atrás da orelha” das pessoas, o que também contribui para aumentar o movimento antivacina.

“Entre as doenças que estão de volta destaca-se o sarampo, a possibilidade de poliomielite, além de difteria, por exemplo. Para reverter este quadro, é necessária mais comunicação, informação e capacitação de profissionais de saúde”, pontua o superintendente.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) contempla crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes. Desde o nascimento até os 15 meses e são ofertadas 13 vacinas. Adultos e idosos também devem atualizar a caderneta, pois muitas delas precisam de reforço nessa faixa etária. Às gestantes são disponibilizadas doses para prevenir doenças como hepatite, tétano, difteria e o vírus da gripe H1N1 e Covid-19.

“Uma população vacinada forma uma barreira que não deixa a doença chegar em quem não foi imunizado. Quando muitos não estão imunizados, o vírus se espalha com mais facilidade. Quanto mais gente vacinada, menos espaço o vírus encontra para infectar pessoas”, complementa. (Especial para O Hoje)

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