Capacidade de pagamento do brasileiro cai no primeiro semestre de 2022

As famílias e microempresas registraram piora com relação a capacidade de pagamento. O levantamento é do Banco Central (BC), em seu Relatório de Estabilidade Financeira referente ao primeiro semestre de 2022, divulgado na última quinta-feira (3).

Postado em: 05-11-2022 às 06h30
Por: Sabrina Vilela
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As famílias e microempresas registraram piora com relação a capacidade de pagamento. | Foto? Reprodução

As famílias e microempresas registraram piora com relação a capacidade de pagamento. O levantamento é do Banco Central (BC), em seu Relatório de Estabilidade Financeira referente ao primeiro semestre de 2022, divulgado na última quinta-feira (3). 

Ainda de acordo com o documento, as pessoas estão cada vez mais comprometidas com dívidas onerosas, com o cartão de crédito não consignado. 

O material mostra que “a materialização de risco aumentou em razão de concessões mais arriscadas em trimestres anteriores”. Nas microempresas, os ativos problemáticos aumentaram, a despeito do forte crescimento da carteira [de concessões de crédito]. Em relação às famílias, a materialização de risco cresceu de forma relevante em 2022 no crédito não consignado, no cartão de crédito e no financiamento de veículos”. 

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O BC afirma que as contratações para microempresas tiveram queda em relação a períodos anteriores. O crédito consignado cresceu entre as pessoas físicas, e no que se refere a veículos é predominante o financiamento de usados. A análise do BC é positiva, apesar dos riscos, visto que as perdas estão conseguindo ser controladas. 

Inflação 

Economista, Luiz Carlos Ongaratto afirma que as famílias e microempresas que são familiares em sua maioria, significa que são empresas e pessoas consideradas mais frágeis. E por conta da inflação, do acumulado  da pandemia, da própria diminuição do consumo das famílias, aumento do preço dos dos alimentos – que é o principal item hoje do gasto das famílias né que mais aumentou –  fez com que as pessoas se endividarem mais.

“A gente viu que as pessoas se endividaram para pagar as contas do mês e por conta disso. Agora se endividaram bastante e não há capacidade de pagamento porque apesar da economia está se recuperando ela ainda está em uma velocidade muito pequena. Então as empresas e as pessoas têm acúmulos de dívidas e isso somado também há um crédito mais caro resulta em um aumento de taxa de juros”, destaca.

Segundo o economista, os fatores mencionados são os que contribuem para  a agravação da inadimplência. Para ele, observar o IPCA 15 atual mostra que já teve e a volta da inflação. 

O sistema bancário se manteve estável no último semestre. O lucro líquido foi de R$ 138 bilhões no período de doze meses até junho de 2022, 5% superior ao registrado em 2021 e 20% acima do observado nos doze meses até junho de 2021. O documento mostra que o cenário econômico atual é de inflação elevada, o que exige atenção por parte das instituições. 

Cartão de crédito é o vilão 

Para o economista, o crédito consignado e o cartão de crédito são os principais vilões porque eles são as formas mais fáceis de se conseguir crédito, então é muito mais difícil conseguir um financiamento,  por exemplo, de uma casa própria ou de um automóvel.

Ongaratto ressalta ainda que o cartão de crédito e crédito consignado são os que têm maior taxa de juros, por isso é importante tomar cuidado. As famílias têm se endividado para pagar contas do dia a dia. Ele ressalta ainda que comprar itens básicos no cartão de crédito, gera cumulativos que se tornam uma bola de neve e contribui para o aumento de dívidas. 

O sistema bancário permanece em liquidez confortável para manter a estabilidade financeira e o regular funcionamento do sistema, segundo o BC. “A base de capital é sólida. A capitalização permanece confortavelmente acima dos mínimos regulamentares. A margem de capital regulatório permite expandir a oferta de crédito de forma sustentável”, afirma o banco.

A economia não se recupera na velocidade que deveria, apesar de haver uma recuperação em relação a anos anteriores, segundo o especialista.  Ele afirma que o país está com um nível de atividade econômica muito defasado. “A gente está pelo menos há 10 anos atrás no nível de atividade econômica.  O Brasil precisa crescer acima da média, é importante frisar essa questão do desemprego, eu creio que não vai ser um grande problema para os próximos meses”, pontua.

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