Qdenga já está disponível nas clínicas particulares de Goiás

A nova vacina previne cerca de 80% dos casos gerais de dengue, cerca de 15% a mais do que vacinas anteriores, e reduz em mais de 90% a hospitalização

Postado em: 12-07-2023 às 08h00
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Qdenga já está disponível nas clínicas particulares de Goiás
A nova vacina protege contra todos os quatro tipos do vírus causadores da doença (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) | Foto}: Reprodução/iStock

A nova vacina contra a dengue já está disponível nas clínicas particulares de Goiás. A Qdenga foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em todo o país, o imunizante começou a ser disponibilizado nas unidades de saúde privadas a partir deste mês de julho. Nesta semana, a empresa Grupo Sabin divulgou que as doses da nova vacina já podem ser adquiridas pelos goianos.

A nova ferramenta que chegou para combater os casos de dengue é a segunda vacina contra a doença que já foi autorizada no Brasil. Desde 2016, a Dengvaxia, do laboratório Sanofi Pasteur, já é registrada, mas tem indicação de uso apenas para quem já se infectou pelo vírus da dengue. O novo imunizante, por sua vez, é autorizado tanto para pessoas que já tiveram dengue quanto para as que ainda não contraíram a doença. Por isso, especialistas afirmam que a Qdenga é mais eficaz que a Dengvaxia.

Qdenga

De acordo com a médica infectologista Ana Rosa dos Santos, a nova vacina protege contra todos os quatro tipos do vírus causadores da doença. “A nova vacina foi produzida a partir do tipo 2, o vírus mais grave da doença, e faz proteção contra os quatro tipos de vírus – DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 – sendo os tipos 1, 2 e 4 os mais comuns no Brasil”, afirmou. Conforme a especialista informou ao O Hoje, o tipo 3 não causa epidemias no país há cerca de 15 anos. 

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“Quando um sorotipo é introduzido ou volta a circular, aumentam as chances de um surto ou epidemia, porque há muitas pessoas sem defesas contra aquele tipo de vírus da dengue. Como existem quatro sorotipos de vírus da dengue, quando a pessoa é contaminada, fica imune (protegido) àquele tipo específico, por exemplo o DENV1. Mas pode contrair novamente a doença pelos outros tipos do vírus. A nova vacina mostrou-se eficaz na proteção contra todos os sorotipos”, explicou a médica.

A infectologista destacou que o esquema vacinal é reduzido. “Necessita de duas doses, com intervalo de dois meses entre elas. A indicação é para pessoas de 4 a 60 anos de idade”, esclareceu. Segundo a médica, a Qdenga está disponível nas unidades de vacinas do Grupo Sabin pelo valor de R$ 428 por dose. “Ela previne cerca de 80% dos casos gerais de dengue, cerca de 15% a mais do que vacinas anteriores, e redução em mais de 90% da hospitalização”, apontou Ana Rosa dos Santos.

Avanço

Conforme Marcelo Daher explicou ao Hoje, o clima do Brasil, e em especial de Goiás, é considerado propício para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. “Goiás bate recordes ano após ano no número de casos da doença e de mortes por dengue”, afirmou. O especialista informou que a Qdenga é feita aproveitando a própria estrutura do vírus da dengue tipo 2. “Mas também dá proteção para os outros tipos de dengue, de tipo um, três e quatro”, orientou. 

O infectologista ressalta que o imunizante é um avanço para a saúde. “Nos testes clínicos, ela se mostrou promissora e eficaz, diminuindo a incidência da doença e com a vantagem da redução significativa da gravidade dos casos e consequentemente as internações e óbitos por conta da doença”, afirmou. Segundo o médico, trata-se de uma vacina de vírus vivo, atenuado e não replicante. “Isso significa que ele não se multiplica no corpo, só induz uma alta proteção”, completou.

O especialista explicou que ainda não há prazo definido de inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS). A disponibilização e aplicação da Qdenga no SUS aguarda liberação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). “Os trabalhos em relação a vacinação na rede pública já estão sendo iniciados, mas é uma coisa que demora um pouco mais, pois é mais burocrático. Mas, existe sim uma perspectiva para que o sistema público de saúde obtenha o novo imunizante em breve”, apontou Marcelo Daher.

Dengue

De acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, somente em 2023, foram notificados 82.719 casos de dengue em Goiás. No ano passado, o número total de notificações chegou a 232.890. Segundo a médica infectologista Marianna Tassara, a dengue é uma doença viral aguda, transmitida pela picada da fêmea do mosquito do gênero Aedes aegypti, infectada pelo vírus. “Não há transmissão de pessoa para pessoa. A infecção por dengue pode ser assintomática ou variar até casos graves”, afirmou.

A especialista explicou ao O Hoje que os sintomas são febre alta, dores musculares e articulares, dor atrás dos olhos, mal estar, dor de cabeça, rash cutâneo e coceira na pele. “Nos casos graves, há dor abdominal, vômitos persistentes, pressão baixa, sangramentos volumosos, inchaço na barriga (ascite) e falta de ar. O melhor tratamento é o diagnóstico precoce para acompanhamento ambulatorial, orientação de medicamentos sintomáticos que podem ser usados e a correta hidratação. E encaminhamento para internação no momento correto, quando necessário”, orienta. 

Segundo a médica, o Brasil é um país recordista em mortes por dengue. “É de suma importância que o país adote a Qdenga no calendário nacional de vacinação, para reduzir a doença que causa surtos e superlotação nos postos de saúde, reduzir internações e óbitos, e também dias perdidos de trabalho pela morbidade da doença. Uma vez que a OMS prevê aumento da dengue e outras arboviroses nos próximos anos pelas mudanças climáticas que acarretam aumento na transmissão do vírus”, argumentou Marianna Tassara.

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