Ministério da saúde aponta que goianienses estão acima do peso

Pesquisa revela que mais de 50% da população da Capital está acima do peso

Postado em: 10-07-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisa revela que mais de 50% da população da Capital está acima do peso

Rafael Melo


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De acordo com a última pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 17,9% dos goianienses estão obesos. Os dados de 2017 também apontam que 50,7% possuem excesso de peso. O levantamento foi feito por meio da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Os números são superiores aos registrados em 2015, quando 46% da população estava com excesso de peso e 13,3% era obesa.

Nos últimos anos a obesidade foi reconhecida como doença devido aos múltiplos problemas que pode acarretar à saúde das pessoas, além dos graves transtornos sociais e psicológicos que a acompanham. Especialistas alertam que a obesidade possui muitas causas, uma pequena porção dos casos de obesidade é provocada por excesso ou deficiência de alguns hormônios, mas frequentemente é acompanhada de outras doenças endócrinas, tais como a diabetes, transtornos do colesterol, hipertensão arterial. Além disso, a obesidade pode estar na raíz de outras doenças cardiovasculares, câncer e, até mesmo, problemas ortopédicos.

O morador de Goiânia, Thiago Magrissa, conta que chegou a pesar 155 quilos e enfrentou muitas adversidades relacionadas a saúde devido a situação. “A obesidade é um diagnóstico difícil, isso me trouxe complicações como gastrite, esofagite, refluxo, esporão no pé. No início comecei a fazer exercício aos poucos, atitudes simples como descer e subir as escadas do prédio. Depois fui para leves caminhadas e academia, a partir daí consegui perder 76 quilos sem cirurgia ou remédio”, comenta o Magrissa que atualmente é coach e produtor de conteúdo. 

Thiago também afirma que não é a favor da cirurgia bariátrica e que a ação na mudança de hábitos é essencial. “A determinação é um fator muito importante em todo o processo. Estar acima do peso pode causar estresse e depressão, problemas que acabavam refletindo diretamente na minha autoestima. Hoje sou uma pessoa mais saudável e feliz comigo mesmo”, comemora.

A avaliação da diretora do Departamento de Vigilância de Doença e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde, por meio do Ministério da Saúde, declarou que embora o ritmo de crescimento da ocorrência de obesidade tenha se estabilizado desde 2015, o índice de pessoas nessa situação ainda é preocupante frente às medidas preventivas. A obesidade já é uma realidade para 18,9% dos brasileiros. Já o sobrepeso atinge mais da metade da população (54%). Entre os jovens, a obesidade aumentou 110% entre 2007 e 2017. Esse índice foi quase o dobro da média nas demais faixas etárias (60%). O crescimento foi menor nas faixas de 45 a 54 anos (45%), 55 a 64 anos (26%) e acima de 65 anos (26%).


Qualidade de vida

Em contrapartida, o levantamento registrou um aumento da prática de atividades físicas no tempo livre de 24,1% no período de 2009 a 2017 e uma queda de 52,8% no consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas entre 2007 e 2017. A perda da preferência por esses tipos de bebidas ocorreu, sobretudo, entre adultos com idades entre 25 e 34 anos e entre pessoas com mais de 65 anos.

Para o educador físico, Leonardo David, atualmente as pessoas têm tido uma preocupação maior com a saúde ao decidirem se matricular na academia. “Passamos por épocas em que muitas pessoas buscavam fazer atividade física somente pela estética. Hoje a demanda tem se equilibrado, posso afirmar que 50% procura academia por estética e a outra metade pelo fator saúde, seja para emagrecimento ou qualidade de vida. Apesar de ser evidente que um fator sempre complementa o outro”, explica. Leonardo é pós-graduado em fisiologia do exercício e trabalha na área há cerca de 20 anos. “Quando nos referimos à perda de peso e, principalmente obesidade, temos que levar em consideração o trabalho em conjunto dos profissionais da saúde. Grande parte dos rendimentos estão ligados à alimentação, por exemplo. Por isso o acompanhamento de cada profissional é indispensável”, esclarece o educador físico. 


Tratar a obesidade vai do cuidado clínico à alimentação saudável 

Entrevista: Ana Carolina Rezende / nutricionista do hospital das clínicas de Goiânia 

Confira abaixo a entrevista com a nutricionista do Hospital das Clínicas de Goiânia, Ana Carolina Rezende, mestre em nutrição e saúde, e também especialista em nutrição clínica e esportiva.


Qual a importância de uma consulta com um nutricionista no caso de uma pessoa acima do peso ou obesa?

Quando falamos de obesidade, é fundamental um enfoque nutricional/dietético realizado por um nutricionista, isso inclui a avaliação do estado nutricional do paciente, englobando diferentes etapas: avaliação antropométrica, dietética (alimentar), clínica, laboratorial e psicossocial, assim podemos realizar o diagnóstico e identificar a conduta necessária.


No caso da obesidade, somente a educação alimentar é suficiente para um tratamento adequado?

A obesidade é uma doença que deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar, junto com outros profissionais da área da saúde, médico, psicólogo e profissional de educação física. Sendo assim, o tratamento inclui, além da reeducação alimentar e nutricional, a promoção de práticas de atividades físicas e a terapia comportamental. Muitos são os desafios no tratamento da obesidade, no entanto, uma equipe composta por vários profissionais habilitados pode proporcionar alterações significativas no seguimento da doença, proporcionando melhora na qualidade de vida ao paciente.


Quais são as principais recomendações para quem busca perder peso e melhorar a alimentação?

É bom lembrar que o nutricionista trabalha com orientações individualizadas de acordo com a avaliação nutricional de cada paciente. Entretanto, existem recomendações gerais básicas que se aplicam a indivíduos que buscam a perda de peso e a população de um modo geral, incentivando práticas alimentares saudáveis. Tais como evitar ficar muito tempo sem se alimentar; procure comer devagar e mastigar bem os alimentos; evite o consumo de refrigerantes e bebidas adoçadas; prefira o consumo de carnes magras; evite o consumo de açúcares e doces; consuma diariamente frutas, verduras e legumes; prefira alimentos com fontes de fibras; evite o consumo de alimentos gordurosos e de frituras; beba bastante água durante o dia; Pratique atividade física orientada regularmente. 

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