Padre e ex-padre são condenados por desvios de dinheiro

Os sacerdotes teriam desviado R$ 79,8 mil de um programa para conscientizar jovens sobre Aids

Postado em: 25-10-2018 às 12h45
Por: Katrine Fernandes
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Os sacerdotes teriam desviado R$ 79,8 mil de um programa para conscientizar jovens sobre Aids

Katrine Fernandes*

O padre Anselmo Silva e o ex-padre Egmar Gonçalves da Silva foram condenados pela Justiça Federal por desviarem R$ 79,8 mil de um programa para conscientizar jovens sobre Aids, em Goiandira, região sul de Goiás. O caso ocorreu em 2005. Segundo a sentença, os dois se apropriaram do dinheiro, que era destinava a um “projeto de interesse público”. Cabe recurso.

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Anselmo foi condenado oito anos e seis meses. Já Egmar pegou uma pena de oito anos e um mês. Além disso, ambos terão que devolver o valor com a devida correção ao longo do período.

O advogado de Anselmo, Pedro Xavier Coelho Sobrinho disse que irá recorrer. Ele afirma que seu cliente, que está em liberdade, não recebeu nenhum centavo da quantia.

“É certo que vamos recorrer. As provas dos autos demonstram claramente que ele não teve envolvimento. Ele participou da elaboração do projeto, mas não pegou o dinheiro. Quem pegou foi o Egmar”, afirmou.

Já a defesa de Egmar afima, nos autos, que “Anselmo é o único responsável pelo delito”.

Condenação

Anselmo e Egmar foram condenados por peculato, crime no qual o funcionário se apropria de algum bem em razão do seu cargo. O ex-padre também foi condenado por falsificação de documento, pois teria apresentado uma nota fiscal falsa para justificar os gastos de R$ 42 mil do total sacado.

O projeto, batizado de “Jovens Conscientes” foi financiado pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, o qual, segundo a denúncia do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO), repassou para sua implementação um total de R$ 164 mil.

Por isso, o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 5º Vara Federal, considerou a ponderação do MIPF/GO de que “os sacerdotes, por terem exercido função pública por delegação, são considerados funcionários públicos para fins criminais”.

Sobre a origem do valor, eles alegaram que o mesmo era proveniente da venda de uma imagem sacra, doada para eles. Porém, tal informação, segundo o MPF/GO, nunca ficou comprovada. 

“O objetivo didático só ficou no papel, pois após a aprovação do projeto e a liberação das verbas, em janeiro de 2005, nada foi realizado, apesar dos saques quase integrais dos valores”, afirmou. 

Katrine Fernandes é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje sob supervisão de Naiara Gonçalves.*

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