Ausência de sinalização faz com que trecho se torne bagunça

Falta de sinalização na Rua 26 no bairro Jardim Santo Antônio já causou mortes

Postado em: 01-01-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Falta de sinalização na Rua 26 no bairro Jardim Santo Antônio já causou mortes

Igor Caldas

A ausência de sinalização horizontal e vertical na Rua 26 que liga o tráfego de veículos até a BR-153 no bairro Jardim Santo Antônio, em Goiânia, faz com que o trecho se torne uma bagunça arriscada. A passagem dos veículos é feita “na marra” porque não existe nenhuma indicação de preferência de fluxo no local. Moradores denunciam que os acidentes são diários e que já houve várias mortes naquele lugar. 

Com a intensidade do tráfego em horário de pico, a situação piora bastante. O problema não é novo, moradores do bairro afirmam que ele persiste há mais de dez anos.

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Adenor Olímpio é proprietário de um pit dog localizado no meio do fuzuê de carros há 16 anos. Ele não se recorda da situação ser diferente desde que abriu o local. “Toda vida isso aqui foi esse inferno. Quando passa caminhão então, é um sufoco. O trânsito para”. Durante a entrevista, Adenor afirmou que o tráfego estava tranquilo, mas que já viu carros ficarem parados por mais de 40 minutos na fila de veículos que se forma.

Há um centro de destroca de botijões de gás em um dos lados da rua e do outro, um restaurante. Olímpio expõe sobre a dificuldade que os funcionários do ponto de distribuição têm para atravessar a rua. “Eles ficam mais de meia hora aqui para cruzar a rua e almoçar no restaurante. O horário de almoço deles fica todo na travessia”.

O proprietário da lanchonete relata a regularidade de acidentes grave que presencia no entroncamento. “Esse ano [2019] já morreram pelo menos duas pessoas. Vidas que acabaram por falta da sinalização no local. Eu já vi uns 20 acidentes de colisões só no mês passado. Esses dias uma carreta prensou um carro e o trânsito ficou paralisado”.  Ele também afirma que ver motoqueiros embaixo de caminhões se tornou comum.

O empresário não vê solução plausível para o trânsito louco na região. “Acho que para resolver, só cortando o acesso da BR-153 porque aí vai impedir que os caminhões venham para cá. Sinaleiro não resolve. Quebra-molas também não. Sinceramente, eu não consigo enxergar outra saída”, afirma.

Proprietário do restaurante localizado na Rua 26, Wagner Thiago Assis da Silva diz que o trânsito caótico é um empecilho para seu negócio. “Para atravessar a rua e vir até aqui almoçar é um sufoco”, conta. Ele é dono do restaurante há quatro anos e afirma que a situação nunca foi diferente. “Talvez se algum filho de político importante morrer embaixo de uma roda de caminhão, as coisas poderiam mudar. Enquanto isso não acontecer, o problema vai persistir”.

Wagner revela que as brigas de trânsito no local são constantes e que o problema pode levar a uma morte por motivo passional. “Já vi motoristas saírem do carro aqui para brigarem na mão”, conta. “Acho que não aconteceu nada de mais grave porque nunca vi ninguém armado. Mas no trânsito, essas coisas são fáceis de saírem do controle”.

O dono do restaurante ainda afirma que a presença da mídia para denunciar a falta de sinalização no local é constante. “A televisão já fez inúmeras reportagens sobre o perigo dessa rua, mas nada muda”.  

Vereadora denuncia falta de sinalização 

Em setembro do último ano, a vereadora Sabrina Garcêz usou a tribuna para denunciar o descaso da Secretaria Municipal de Trânsito e Mobilidade (SMT) com a sinalização das vias de Goiânia. De acordo com a vereadora, a falta de sinalização de asfalto e redutores de velocidade, faixas de pedestres sem pintura aparente e vias de grande fluxo com ausência de semáforos foram alguns dos problemas elencados pela vereadora.

“Esse não é um problema localizado. A cidade inteira está com a sinalização comprometida. E quando vamos para os bairros mais afastados a situação é ainda mais preocupante. Onde está sendo empregado os recursos das multas?”, questionou a vereadora.

De acordo com ela, os problemas na sinalização da cidade não impedem que as multas continuem a ser aplicadas pelo órgão. Ela ainda afirmou que não percebe a reaplicação desta verba em melhorias de trânsito. “É uma indústria de multas milionárias. E esse dinheiro não tem sido revertido nem em Educação e nem em melhorias”, afirmou.

A parlamentar também criticou a presidência da SMT que, segundo ela, não respondeu aos questionamentos enviados na época. “Eu tenho buscado todos os canais de diálogos com a SMT para que nós tenhamos ao menos respostas às demandas que encaminhamos. É um descaso com esta Casa,” afirmou.

Na ocasião, o gabinete da parlamentar realizou um levantamento que apontou mais de 50 pontos da Capital que necessitavam urgentemente dos serviços da SMT. “Esse é um levantamento simples. Se nós aprofundarmos, veremos que a situação é ainda mais caótica”, analisa.

Entre os casos relatados pela vereadora está a da região do Hospital Araújo Jorge. Não existe sinalização em frente da unidade de saúde e nem semáforo. A ausência disso torna difícil a travessia dos pacientes.

“Temos também o caso do pedido de sinalização em frente a Escola estadual Professor Sebastião França, no Jardim Presidente, que é antigo. A falta de sinalização teve como resultado um acidente seríssimos envolvendo um aluno daquela unidade de ensino. Até quando a incompetência do poder público colocará vidas em risco?”, interpelou a parlamentar na Tribuna.

A SMT informa que retomará as atividades de sinalização (análise e implantação) a partir de amanhã. O local informado na reportagem (Jardim Santo Antônio) será analisado e, se necessário, a sinalização será devidamente implantada. (Especial para O Hoje) 

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