‘Liberdade, Liberdade’ resgata história de filha desconhecida de Tiradentes

Novela da Rede Globo estreia em abril na faixa das 23h com elenco de peso e ares de superpodução

Postado em: 07-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

Para retratar o período após a Inconfidência Mineira (1789) em Liberdade, Liberdade, nova novela das 23h da Globo, com estreia prevista para 11 de abril, o diretor Vinicius Coimbra – o mesmo da minissérie Ligações Perigosas, exibida em janeiro – quer bus­­car o máximo de realismo. Os olhos azuis do galã estão escondidos sob lentes de contato castanhas. Os dentes da protagonista foram amarelados, e ela passará vários capítulos com a mesma roupa empoeirada. Não estão sozinhos. 

Quase todo o elenco vai aparecer com sujeira ou próteses nos dentes, e terá aplicado no rosto uma base solúvel em álcool para criar manchas e tirar a uniformidade da pele – cicatrizes falsas também serão usadas. Até o figurino passou por um processo de desgaste antes de ser usado.

Apesar de tudo isso, Andreia Horta, a protagonista, apresentava sua beleza intacta numa recente gravação na cidade cenográfica que recria a mineira Vila Rica (atual Ouro Preto), entre 1790 e 1808, no Projac. A fumaça cenográfica e o fogão à lenha aumentavam a sensação de calor de 35°C em uma tarde de sol no Rio.

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Sentados ao redor da mesa de um casebre, Andreia, Sheron Menezzes, Caio Blat e Dalton Vigh usavam pesadas roupas de época – Dalton e Caio estavam vestidos com casacos de feltro e colete por baixo. Não precisava, mas eles ganhavam borrifadas de suor artificial (feito com glicerina) a cada intervalo. 

Assim, Liberdade, Liberdade resgata uma figura praticamente desconhecida: Joaquina (Andreia), filha de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que tentou emancipar o Brasil de Portugal e acabou enforcado. A trama parte de um fato histórico, mas será ficcional.  

“Trato a História com o devido respeito, mas pude viajar o quanto quis. Apesar de ter existido e de constar nos relatórios dos documentos dos inconfidentes, Joaquina sumiu no tempo. Ela foi considerada filha de um traidor e não teve inte­res­­se em divulgar seu paradeiro”, explica o autor, Mario Teixeira. O autor define a nova produção como “um romance de capa e espada com reviravoltas mirabolantes”. A trama começa com a morte de Tira­dentes, logo no primeiro capítulo. O inconfidente é interpretado por Thiago Lacerda e será mostrado “como ser humano e não como herói”, segundo Teixeira. Vinicius Coimbra se diz impressionado com a transformação do ator em cena.

“Tive medo de mostrar o Thiago Lacerda vestido de Tiradentes e perder a credibilidade. Mas bastou mudar a cor dos olhos para ele parecer outra pessoa. Você demora um tempo para reconhecê-lo num close”, acredita o diretor.

Baseada no argumento escrito por Marcia Prates, a novela traz, na primeira fase, Mel Maia como Joaquina. Na história, a protagonista é resgatada ainda criança por Raposo (Dalton Vigh), simpatizante da luta dos inconfidentes, após testemunhar a morte do próprio pai. Criada em Portugal, onde passa a ser chamada de Rosa para não levantar suspeitas, ela se torna uma mulher forte. 

Andreia Horta assume o papel na fase adulta, quando Joaquina volta ao Brasil, em 1808, mes­ma época em que a família real portuguesa chega ao país fugindo de Napoleão. Em Minas, a heroína entra em contato com o passado de sua família. “A novela trata do drama de uma mulher que volta ao lugar onde seu pai foi assassinado e julgado traidor. Joaquina lutará pela independência do Brasil”, adianta o autor.

Fã declarado de Cassiano Gabus Mendes, autor de Que Rei Sou Eu?, Teixeira quer traçar um paralelo da época com os dias atuais. Mas explica que Liberdade, Liberdade não será uma sátira escrachada como a clássica trama de 1989. Ele conta ter buscado referências também em novelas de Silvio de Abreu e em obras como Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas: 

“Ao escrever para as 23h posso ousar mais e mostrar o que não é permitido em outros horários, como sexo e violência. Vai ter nudez masculina e feminina. A trama se passa numa época marcada pela brutalidade, um período sem lei, e será impactante em todos os sentidos. Ainda havia escravidão, e as pessoas eram condenadas à morte. Tudo será mostrado com a crueza da época”, finaliza. (Agência O Globo)

 

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