Amplificando as vozes e talentos das mulheres negras em Goiás

Série ‘Diaspóricas’ destaca o talento de artistas e musicistas negras do estado

Postado em: 04-04-2024 às 12h12
Por: Luana Avelar
Imagem Ilustrando a Notícia: Amplificando as vozes e talentos das mulheres negras em Goiás
Mayara Varalho, diretora de fotografia, destaca a importância de desafiar estereótipos e dar visibilidade às mulheres negras na música. | Foto: Instagram @diaspóricas_

No início deste ano, o projeto ‘Diaspóricas’ deu início à sua segunda temporada, uma série musical que desde 2022 tem como objetivo destacar o talento de artistas e musicistas negras goianas, ou que residem no estado.

A diretora da série, Ana Clara, explicou como surgiu a ideia por trás do projeto: “O projeto veio como extensão da minha pesquisa de doutorado, em que eu realizei uma tese sobre a forma com que mulheres negras empenham ações de cuidado, avaliações cotidianas para superar ou para sobreviver ao racismo e ao sexismo”. Ela destacou que a série busca mostrar as estratégias de vida dessas mulheres, especialmente através da música preta brasileira, como uma forma de transgressão e resistência.

O objetivo principal da série vai além de proporcionar visibilidade às mulheres negras nas artes. Segundo Ana Clara, é também mostrar o trabalho de excelência dessas artistas e desafiar as narrativas midiáticas que as relegam a papéis subalternizados. Ela enfatiza a importância de romper com os estereótipos impostos pela mídia e destacar a diversidade de trajetórias e realizações das pessoas negras.

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“A série busca ouvir mulheres que trabalham em diversas áreas da música, não só as mulheres que cantam, são as mulheres que fazem música, que estão na academia, que vivem disso, porque elas subvertem todo um sistema que mostra para elas que elas não têm que estar ali, elas são mulheres que ocupam lugares de destaque por sua excelência, e a gente busca ouvir essas histórias, não dar voz, porque voz ela já tem”, compartilha a diretora de fotografia Mayara Varalho.

Ao abordar como a série se insere no contexto cultural e artístico de Goiás, Mayara destaca que a série está em um momento de crescente produção audiovisual do Centro-Oeste, e que eles estão em um momento de explorar a linguagem e de se inserir no mercado enquanto uma série documental e também enquanto um longa-metragem.

Quanto à abordagem das questões de racismo e sexismo na sociedade brasileira, Mayara explica: “A série aborda essas questões de uma forma tranquila, assim, faz com que as personagens abram suas vidas, porque todas elas são mulheres negras e também mulheres LGBTQIAPN+. Então, nas entrevistas, a Ana, de uma forma muito sensível, consegue fazer com que elas falem sobre esses temas”.

Sobre os planos futuros da série, Mayara revela: “Planos para o futuro é fazer terceira, quarta, quinta, se Deus quiser, décima temporada, fazendo com que mais histórias sejam registradas e ouvidas”.

Ao final, ela destaca o papel educativo do audiovisual: “Acho que assim a série consegue fazer um papel para além de memorial, que é de contar essas histórias através do documentário, é um papel de educação antirracista mesmo, sabe? Através do audiovisual, porque o audiovisual é uma ferramenta de educação”.

Com uma abordagem enraizada na pesquisa acadêmica e no ativismo cultural, o projeto continua a ser uma plataforma para amplificar as vozes e os talentos das mulheres negras no Brasil, desafiando normas e construindo narrativas de empoderamento e resiliência.

Os episódios da segunda temporada já estão disponíveis no canal do YouTube Diaspóricas, cada um com aproximadamente 15 minutos de duração. A série apresenta cinco semanas de episódios inéditos, culminando em um episódio final que reúne as quatro protagonistas. Além disso, Ana Clara revelou que o projeto também será veiculado em TVs locais e nacionais.

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