Bons relacionamentos são a fonte da felicidade, diz estudo

Estudiosos de Harvard passaram 75 anos acompanhando a vida de centenas de pessoas e descobriram o segredo da felicidade e do envelhecimento saudável

Postado em: 19-01-2023 às 17h53
Por: Maria Gabriela Pimenta
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Estudiosos de Harvard passaram 75 anos acompanhando a vida de centenas de pessoas e descobriram o segredo da felicidade e do envelhecimento saudável | Foto: Getty

Ser feliz é o objetivo de vida de grande parte das pessoas. Embora muita gente procure nos lugares errados e se frustrem, a felicidade está mais próxima de nós do que imaginamos. Afinal, ser feliz é muito fácil, nós que complicamos.

Estudiosos de Harvard passaram 75 anos acompanhando a vida de centenas de pessoas para compreenderem o que as mais felizes tinham em comum. E por fim, desvendaram a incógnita: o segredo da felicidade é ter bons amigos. Aristóteles já dizia que o ser humano é um ser social e é de sua natureza viver em sociedade e formar grupos. Portanto, não é novidade que os homens, na busca pela felicidade, só a encontram na convivência humana.

Segundo o estudo, nada é mais determinante à nossa felicidade do que os relacionamentos que construímos e cultivamos ao longo da vida. Dinheiro, genética, sucesso, fama e poder não substituem o afeto que damos e recebemos dentro das relações, seja entre amigos, familiares, comunidade ou cônjuges. Porém, é importante lembrar que qualidade é mais importante do que quantidade, logo, melhor ter poucos bons amigos do que várias amizades superficiais.

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Robert Waldinger, diretor do estudo, psiquiatra no Massachusetts General Hospital e professor de psiquiatria na Escola de Medicina de Harvard, ficou surpreso com o resultado, que apontou que as amizades fazem bem à saúde.

“A descoberta surpreendente é que nossos relacionamentos e o quanto somos felizes em nossos relacionamentos influenciam fortemente nossa saúde”, revela. “Cuidar do seu corpo é importante, mas cuidar dos seus relacionamentos também é uma forma de autocuidado. Penso eu que isso seja revelador”.

O estudo, financiado pela National Institutes of Health, National Institute of Mental Health e pela National Institute on Aging, comprovou, através de análises de dados, incluindo registros médicos, questionários e entrevistas pessoais, que há correlação entre a prosperidade do homem e seus relacionamentos com amigos, familiares e comunidade. Waldinger diz que, ao reunir todos os dados de várias pessoas de 50 anos de idade, percebeu que não é o nível de colesterol que prevê ou determina como o indivíduo irá envelhecer.

“É o quão satisfeitos estão em seus relacionamentos. As pessoas que mais se sentem satisfeitas em seus relacionamentos aos 50 anos de idade, serão as mais saudáveis aos 80”, disse durante uma palestra no TED Talk.

Robert Waldinger e sua esposa Jennifer Stone | Foto: Rose Lincoln/Fotógrafa da equipe de Harvard/Reprodução

“Solidão mata”

Durante a palestra, intitulada “O que faz uma vida feliz? Lições do maior estudo sobre felicidade”, o convidado comenta que o contrário também é válido: pessoas em relacionamentos frustrados ficam mais doentes e sentem mais dor. Os pesquisadores descobriram que idosos com 80 anos de idade que vivem uma vida matrimonial satisfatória, têm a saúde mental mais protegida. Inclusive, idosos felizes em seus relacionamentos aparentam não ter o humor alterado mesmo quando sentem dores físicas. Por outro lado, os infelizes sentem mais dores físicas e também emocionais.

Em suma, pessoas que cuidam de seus relacionamentos e se sentem satisfeitas com os seus companheiros têm uma vida mais longa e mais feliz. Já os solitários, segundo resultado dos estudos, morrem antes. “A solidão mata. É tão poderosa quanto o tabagismo ou o alcoolismo”, enfatiza Waldinger.

O estudo também verificou que as pessoas que viveram mais e tiveram boa saúde, evitaram fumar e beber em excesso. Os pesquisadores notaram que aqueles com maior apoio social tiveram menor deterioração mental à medida que envelheciam.

Ainda segundo o estudo, mulheres que se sentem seguras e apegadas aos seus parceiros têm menos tendência a desenvolver depressão e são mais felizes. Estas também possuem uma memória melhor do que aquelas que vivem em relações conturbadas e conflituosas.

Atenção aos relacionamentos

Para finalizar, Waldinger admite que é fácil se isolar. Afinal, com a correria e rotina de trabalho é comum se esquecer dos amigos. “Nossa, faz tanto tempo que não encontro esses amigos”, Waldinger admite já ter sido surpreendido por este tipo de pensamento. “Então eu tento prestar mais atenção nos meus relacionamentos do que eu costumava”, conta.

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