Carnaval: a festa para se entregar aos prazeres carnais

Um resumo sobre as tradições carnavalescas da Idade Média e suas semelhanças com a atualidade

Postado em: 15-02-2023 às 18h26
Por: Maria Gabriela Pimenta
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Um resumo sobre as tradições carnavalescas da Idade Média e suas semelhanças com a atualidade | Foto: iStock

O Carnaval é a festa popular mais tradicional do Brasil, porém, sua origem remonta à Idade Média, tendo relação direta com o cristianismo e a Igreja Católica. Desta forma, o surgimento do Carnaval se deu oficialmente na Idade Média, mas muitas características foram herdadas da Antiguidade.

Estes elementos da Idade Antiga vieram de diferentes povos, com destaque aos povos mesopotâmicos, romanos e gregos. Uma prática tradicional da época eram as Suécias, em que um prisioneiro era selecionado para substituir o rei por cinco dias. Neste período, ele poderia beber e comer como o rei, desfrutar do poder e de todos os privilégios reais e até mesmo se relacionar com a mulher do rei. No final do prazo, ele era espancado e morto.

As Suécias serviram como inspiração para o Carnaval da Idade Média, que tinha como temática “a ideia do mundo invertido”. E até hoje, durante o Carnaval, as pessoas “invertem” os papeis, se fantasiam e vivem um personagem durante as festas. Inclusive, é muito comum ver homens se fantasiando de mulheres.

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Celebração Pagã

Na Grécia e Roma Antigas as festas eram regadas com fartura e exageros: muita comida, muita bebida alcoólica, danças e a entrega das pessoas a outros prazeres carnais. Estas festas geralmente tinham ligação com algum culto ou ritual religioso. Como por exemplo, a Lupercalia (em Roma) – festival em que pessoas se fantasiavam de animais e saíam enlouquecidas pela cidade e a taxa de natalidade aumentava abruptamente. E a Lykaia (na Grécia) – momento em que acontecia o ritual de passagem para a vida adulta do homem, quando ele deveria cometer um ato de profanação e retornar à sua natureza primordial. Ambos os festivais aconteciam em meados de fevereiro e março.

Celebração Cristã e Quaresma

Apesar de ser uma festa com origens pagãs, o Carnaval, como conhecemos hoje, surgiu como uma celebração cristã. Todos estes rituais e exageros supramencionados eram condenados pela Igreja Católica, que resolveu que eles ficariam concentrados em um período do ano que antecedesse a Quaresma.

Assim, os fieis poderiam extravasar todos os seus desejos carnais durante o Carnaval para depois começarem o período de restrição e jejum. A Quaresma se trata do período de 40 dias que antecede a Semana Santa. A Igreja Católica também tentou impor regras que deveriam ser seguidas durante o Carnaval, mas não funcionou, pois os foliões sempre saíam do controle e faziam coisas que eram condenadas pela Igreja, como o uso de máscaras e fantasias de animais. Portanto, o Carnaval, desde a Idade Média, é o momento da inversão da ordem e satisfação dos impulsos carnais.

Desordem e Tentativa de Controle

Durante a Idade Média e Moderna, o Carnaval podia se estender por até dois meses. Muitas autoridades entendiam que o Carnaval ajudava na manutenção da ordem social, uma vez que o povo, podendo extravasar seus impulsos e desejos durante as festas, podia, depois, ser facilmente controlado.

No Carnaval europeu, as celebrações eram realizadas nas ruas com a presença de peças teatrais, bailes de máscaras, passeatas de carros alegóricos e apresentações musicais. Outra tradição marcante eram os charivaris, marcados por zombarias e insultos. Muitas vezes, a situação se tornava mais séria e uma “brincadeira” acabava em pancadaria.

A partir do século XVI, a Igreja e poder público passam a exercer controle sobre a população e esboçar regras e restrições. As festas nas ruas passaram a ser proibidas, assim como as apresentações teatrais e o uso de fantasias. Essas medidas tinham como objetivo da Igreja Católica de conter o abuso e a profanação e do poder público de ampliar o controle sobre as massas.

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