Alta da energia provoca queda de rendimentos de pequenas empresas

Empresários enfrentam ainda restrições da pandemia da Covid-19, tentando recuperar os prejuízos de quase um ano e meio

Postado em: 12-07-2021 às 08h20
Por: Nielton Soares
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Empresários enfrentam ainda restrições da pandemia da Covid-19, tentando recuperar os prejuízos de quase um ano e meio | Foto: Reprodução

Com quase um ano e meio enfrentando a pandemia da Covid-19 e, consequentemente, as constantes restrições e fechamento do comércio, os micro e pequenos empresários têm pela frente mais um desafio: a crise energética. De acordo com uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de 2019, os custos com energia elétrica das micro e pequenas empresas já representavam mais de 15% do orçamento operacional desses negócios.

A entidade fez outro levantamento, no ano passado, e os gastos com eletricidade já abocanhavam 28% das receitas dos empreendedores brasileiros. E com os recentes aumentos, tendo a adoção da bandeira vermelha, de tarifa 2, a carga tributária deve pensar bastante para quem empreende.  

“Em tempos de economia aquecida, repassar esse custo para os clientes já seria complicado, em razão da concorrência. Mas, neste momento de baixa da economia, transferir o aumento da energia para o preço do produto ou serviço pode ser fatal, uma vez que o nível do consumo ainda não se recuperou. Isso pode inviabilizar muitas empresas”, analisa o gerente de competitividade do Sebrae, Cesar Rissete.

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O proprietário de uma oficina mecânica no Setor Santos Dumont, em Goiânia, Valmiro Batista, diz que já sente o impacto dos custos altos da energia elétrica na receita mensal da empresa. De acordo com ele, além das cobranças extras, como o retorno da bandeira vermelha 2, a penalidade para quem deixa de pagar uma fatura é exagerada. “Cortam a energia da pessoa, depois para religar é cobrado multa e juros, que são muito altos. Além disso, o CPF dela é negativado no SPC”, critica.  

Economia de energia

A saída indicada pelo especialista é a economia, mas com aumento da eficiência energética. “Muitas vezes é possível diminuir o desperdício de energia com medidas simples. Para isso, o empreendedor precisa rever todo o processo de produção e todo o ambiente do estabelecimento”, aponta.

Rissete cita que a simples troca de lâmpadas ou o aumento da iluminação natural pode trazer resultados significativos no final do mês. Porém, ele alerta que o impacto deve ser maior para os setores que usam, mais intensivamente, máquinas e equipamentos (como as pequenas indústrias), como no caso citado da oficina do Valmiro, as quais tendem a sofrer com a crise de forma mais expressiva. (Especial para O Hoje)

O Sebrae dá oito dicas para economizar energia sem perder eficiência do negócio:

1. Potencialize o uso de luz natural instalando janelas amplas de vidro;

2. Verifique pontos de desperdício, com um diagnóstico, é possível descobrir pontos em que se podem fazer adequações, evitando gastos desnecessários;

3. Elabore um programa de eficiência energética, tendo o auxílio de um especialista, isso trará maior entendimento da melhor maneira de reduzir os desperdícios;

4. Produza luz própria buscando informações e implante projetos para geração da própria energia, como a captação de luz solar;

5. Arquitetura aliada da economia:  fatores como posição do prédio, formato, orientação em relação ao sol, ventilação natural e elementos de sombreamento, reduzem a necessidade de sistemas artificiais e geram grande economia de energia;

6. Verifique se a quantidade de luz está adequada, pois luz demais pode atrapalhar a atividade, além de consumir energia desnecessariamente, e luz de menos pode trazer problemas de saúde e riscos de acidentes. Faça uma consulta a Norma Técnica da ABNT para verificar as necessidades de cada ambiente;

7. Tenha sistemas independentes optando em dividir o sistema de iluminação em vários circuitos elétricos (interruptores). Assim, será possível desligar parte da iluminação nos locais que não estão precisando usar eletricidade,

8. Ajuste o ar-condicionado para uma climatização mais uniforme do ambiente. Vale ressaltar que o aparelho de ar-condicionado deve ser instalado na parte superior, a pelo menos 1,5 m de altura. Com boa regulagem do termostato a economia de energia é certa

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