Preço dos alimentos atinge alta global de 28% em 2021

O aumento no índice tem colocado a população de baixa renda em risco, além de afetar pequenos negócios e ações sociais.

Postado em: 08-01-2022 às 09h11
Por: Vitória Bronzati
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O aumento no índice tem colocado a população de baixa renda em risco, além de afetar pequenos negócios e ações sociais. | Foto: Reprodução/Internet

Na quinta-feira (6), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) informou que os preços dos alimentos no mundo saltaram 28% em 2021. Esse foi o nível mais alto registrado em uma década e, segundo a FAO, as esperanças de um retorno de mercado mais estável são mínimas.

“Embora os preços normalmente altos devam dar lugar ao aumento da produção, o alto custo de insumos, a pandemia global em curso e as condições climáticas cada vez mais incertas deixam pouco espaço para otimismo sobre um retorno a condições de mercado mais estáveis, mesmo em 2022”, afirmou o economista sênior da FAO, Abdolreza Abbassian, em comunicado.

O índice dos preços dos alimentos que acompanha as commodities alimentares mais comercializadas globalmente durante o ano, teve uma média de 125,7 pontos registrados durante o ano e é o maior registrado desde 2011. Em dezembro, houve uma queda de 0,9% no índice mensal em relação ao mês de novembro, mas com uma alta de 23,1% em relação ao ano de 2020.

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O valor mais alto dos alimentos contribuíram para o aumento da inflação, à medida que as economias vão se recuperando da pandemia. A FAO ainda alertou que esse aumento está colocando populações de baixa renda em risco em países que dependem das importações de alimentos.

Pequenos empreendedores donos de bares e restaurantes são os que mais sofrem com esse aumento no preço dos alimentos. Para ter-se ideia, o índice de preços dos cereais atingiu o maior nível anual desde 2012 e foi em média 27,2% maior que o de 2020, com a alta de 44,1% no caso do milho e 31,3% para o trigo. Por outro lado, o índice do preço do arroz caiu cerca de 4%.

O açúcar, um dos itens indispensáveis na cesta básica do brasileiro, subiu 29,8% comparado ao ano anterior e atingiu o seu maior nível desde 2016, sem contar o valor registrado das carnes que tiveram uma alta de 12,7%.

A empresária e dona de um restaurante na capital goiana, Layce Souza, teme fechar as portas por conta do aumento nos preços. “Temos um bom movimento no restaurante, mas com a alta no aluguel, nas contas de água e luz e, agora, o aumento dos alimentos, temo não conseguir ter lucro para conseguir manter o restaurante”, afirmou a empresária.

Não só os pequenos empreendedores donos de bares e restaurantes sofrem com essa alta mundial dos alimentos, mas projetos que ajudam a combater a fome mundial, como o Zero Fome. Com o aumento no índice de preços, muitas pessoas deixaram de doar alimentos para essas instituições por não conseguirem manter as compras dentro da própria casa, como foi no caso da Diva Soares. “Eu sempre ajudei essas instituições que combatem a fome, mas com o aumento no arroz, no feijão, na carne e em outros alimentos básicos tive que suspender. Ou eu ajudava a causa ou eu passava fome”, comentou Diva.

Quais são as causas para essa alta?

Embora o Brasil seja um dos quatro produtores de bens de subsistência, o aumento internacional dos preços dos alimentos afeta, principalmente, o preço dos produtos nacionais. 5 fatores ajudaram para esse aumento, fora a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, são eles: 1) a desvalorização cambial e a alta no preço do dólar; 2) aumento no custo de produção e transporte; 3) a alta no combustível e do petróleo; 4) a desorganização da cadeia produtiva; e 5) danos causados pela crise ambiental.

O salário mínimo não deve ajudar

Mesmo com o salário mínimo passando para R$ 1.212, ele não deve ajudar no impacto causado pelo aumento do valor dos alimentos mundialmente. Para se ter uma ideia, a cesta básica – composta por 13 itens básicos para a alimentação, como arroz, feijão, café, óleo, macarrão, leite, carne, batata, farinha, tomate, pão, banana, açúcar e manteiga – pode ser encontrada com valores que variam de região para região do país, mas em nenhum local é possível comprar mais do que duas por mês com o novo salário.

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