Mídia alternativa: Podcasts disponibilizam audiodescrição ou tradução em Libras

Déia Freitas é contadora de histórias e idealizadora do podcast

Postado em: 17-05-2022 às 10h12
Por: Elysia Cardoso Ferreira
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Déia Freitas é contadora de histórias e idealizadora do podcast | Foto: Arquivo

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 25 milhões de brasileiros possuem perda auditiva ou algum tipo de deficiência auditiva. Isso equivale a cerca de 10% da população. Ainda assim, boa parte dos produtos de Comunicação no país, sejam TV aberta ou serviços de streaming, vídeos no Youtube e podcasts não possuem tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras). E nem sempre os motivos para isso são financeiros.

“Normalmente as pessoas pensam que o público com deficiência auditiva é pouco. Já prospectamos clientes em vários podcasts e muitos declinam educadamente, dizendo que não há interesse”, explica Danilo Souza, Diretor de Operações da Open Senses, empresa especializada em audiodescrição e tradução em Libras.

Segundo Danilo, pela natureza da mídia, existe um grande público que a consome e ela abrange conteúdos muito mais plurais do que os formatos tradicionais. “Seria socialmente muito importante e daria uma visibilidade enorme para esse público. Gostaria de ver os grandes podcasts, que lideram as estatísticas, terem essa preocupação. E mesmo os produtores independentes traçarem estratégias para fazer isso acontecer”.

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Dentro desse cenário, o ‘Não Inviabilize’, podcast que traz histórias de diversos tipos enviadas por ouvintes e que atualmente possui mais de 72 milhões de reproduções e mais de 100 mil reproduções por episódio, se destaca ao disponibilizar as histórias em Libras no seu canal do Youtube.

O  Não Inviabilize oferece acesso a mais de 400 histórias traduzidas em Libras. De acordo com a contadora de histórias e idealizadora do podcast, Déia Freitas, o objetivo é que, num futuro próximo, as histórias saiam no Youtube em Libras e nos agregadores de podcast simultaneamente. “Eu sempre quis que o meu conteúdo fosse o mais acessível possível, pensei que só com a transcrição dos episódios eu teria cumprido com o item de acessibilidade. Conversando com algumas pessoas com deficiência auditiva, descobri a necessidade do conteúdo em Libras”, explicou.

Para Souza, a iniciativa do Não Inviabilize foi pioneira, na medida em que ela propôs que todo o conteúdo fosse traduzido para Libras de uma vez. “O maior desafio foi o volume de material. São dois anos de produção, que resultaram em dois meses de gravação, 93 horas de mídia. Esse foi o maior projeto que já fizemos de uma tacada só. Eu não sei de nenhuma iniciativa semelhante e ela é o maior podcast do país a fazer isso”, afirmou.

No entanto, o Diretor de Operações da Open Senses tem um conselho para podcasters independentes interessados em buscar a tradução em Libras ou a audiodescrição. “Se aproxima da comunidade para a qual você quer que o seu conteúdo seja acessível. Nas redes sociais, tem muitas pessoas com deficiência auditiva. Tenta entender como a comunidade se organiza. Se aproxima dessas pessoas e dialoga, até porque não adianta nada só pagar pra fazer, sem esse diálogo seu conteúdo não vai ser consumido, mesmo que traduzido. Penso que o começo de tudo é a aproximação, porque aí a acessibilidade acontecerá, sendo uma consequência desse processo”, finaliza

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