Exposição ‘Vestígios’ em cartaz no Teatro Sesc Centro segue até segunda-feira

São 11 impressões em tecido transparente de imagens realizadas em residências demolidas no Setor Marista

Postado em: 28-01-2023 às 09h30
Por: Lanna Oliveira
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São 11 impressões em tecido transparente de imagens realizadas em residências demolidas no Setor Marista | Foto: Divulgação

Vestígios do que já foi a capital goiana é pano de fundo para nova exposição de Leandro de Araújo Moura que segue até segunda-feira (30). Composta por 11 impressões em tecido transparente, além de objetos coletados e áudio incidental, a exposição exibe imagens realizadas em 2021, fotografias feitas em residências em demolição no Setor Marista, construídas na década de 1970. A partir do pensamento de ressignificar a história, o artista inclui o espectador em uma atmosfera tridimensional por meio dos movimentos promovidos.

A exposição ‘Vestígios’, trabalho autoral do artista visual Leandro de Araújo Moura, está em cartaz para visitação no Teatro Sesc Centro, na rua 15 no centro de Goiânia. Com instalação montada pelo artista e curadoria de Andrés I. M. Hernández, a obra aborda deslocamentos identitários que se originam a partir das vivências e embates. Ao instalar os elementos físicos, as particularidades do espaço arquitetônico somados aos espectadores, Leandro ressignifica as estruturas que se entrelaçam, para projetar subjetividades desde as formas e dos conteúdos.

Os vestígios em si e suas metáforas se transformam em recursos de apropriações e projeções dialético/sensoriais. Direcionando-os às discussões que atingem a contemporaneidade e os indivíduos sociais. Assim, ‘Vestígios’ se insere na expansão desses discursos na mesma proporção que abrange assuntos pertinentes na arte como a emancipação da produção cultural e de suas modalidades artísticas: dança, música, moda, fotografia, pintura, teatro, escultura, literatura, performance, happenings, videoarte, instauração, procedimentos cerâmicos, etc.

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Leandro utiliza como suportes materiais construídos pelo homem para seu uso cotidiano, transformando a geometria e utilidade originais desses objetos para construir novas formas e sentidos a partir do acoplamento desses elementos reconhecíveis nas suas funções primárias. Assim essas novas referências cartográficas do cotidiano, se estruturam geométrica e pictoriamente, para representar no seu conjunto, uma singular arquitetura articulada tridimensional e sensorialmente às conexões do homem com seu contexto.

As obras contemporâneas são voláteis, efêmeras, absorvem e constroem o espaço à sua volta, ao mesmo tempo, que o desconstrói. A desconstrução de espaços, de conceitos e de ideias está dentro das práxis artísticas da qual a instalação se apropria para se afirmar enquanto obra. As combinações com várias linguagens, fazem com que o público se surpreenda e participe da obra de forma mais ativa, pois ele é o objeto último da própria obra, sem a presença do qual a mesma não existiria em sua plenitude.

Parte importante do contexto apresentado pelo artista, as imagens digitais, o som, e os objetos expostos em um conjunto único formam uma colagem espacial, uma atmosfera tridimensional onde a presença do espectador se faz imprescindível. “Os procedimentos de construção utilizados pelo artista nos remetem aos recursos usados por Duchamp para ressignificar o modo de pensar o novo espaço que ocupa o objeto e este no espaço arquitetônico com o espectador”, analisa Andrés Hernández, responsável pela curadoria da exposição.

Na percepção de Hernández, a necessidade de mexer com os sentidos do público, de instigá-lo, quase obrigá-lo, a experimentar sensações, sejam agradáveis ou incômodas, faz da ‘Vestígios’ um espelho de nosso tempo. Como aponta o próprio artista, a capacidade de tornar tridimensional o invisível, faz com que quem passe pela exposição se entregue a experiência do deslocamento geográfico e funcional dos elementos que estruturam a instalação. Na concepção, na construção e na exibição a obra de arte se movimenta à participação do espectador.

A exposição segue a ideologia de agregar à quem passa por lá entender as combinações do reconhecimento de objetos e imagens. Isso para potencializar a irradiação de assimilação por parte dos espectadores sobre tudo que permeia a vida. Objetos e registros passeiam na memória e no confronto das vivências do artista e na imantação vivencial/referencial dos espectadores. Imagens digitais de demolições como novas construções que como monumentos homenageiam vidas e convívios. 

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