Flay lança álbum ‘Imperfeita’ e expõe vulnerabilidades com mensagem de força e empoderamento

As faixas já estão disponíveis, inclusive o material audiovisual, exceto o da canção ‘Mina No Topo’, que deve ser lançada em breve

Postado em: 14-03-2023 às 08h55
Por: Lanna Oliveira
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As faixas já estão disponíveis, inclusive o material audiovisual, exceto o da canção ‘Mina No Topo’, que deve ser lançada em breve | Foto: Divulgação

A arte é uma ferramenta poderosa, onde você tem liberdade para ser o que se é ou idealizar algo que gostaria, se confessar, se desculpar ou declarar perdão. A cantora Flay levou essa premissa à máxima e falou sobre abuso sexual que sofreu na infância na música ‘Eu Era Só Uma Menina’. Nesta última sexta-feira (10), ela lançou o primeiro álbum solo da carreira, intitulado ‘Imperfeita’ e nele se expôs genuinamente. O trabalho conta com 13 faixas, que já estão disponíveis e também são acompanhadas de um material audiovisual. 

‘Imperfeita’ marca a transição da Flay para o pop e R&B. O álbum foi todo estruturado para passar a mensagem de força e empoderamento, mas sem deixar suas vulnerabilidades de lado. Fazem parte do projeto as faixas ‘Primeiro Amor’, ‘Eu Era Só Uma Menina’, ‘Fria’, ‘Outro Cara 1’, ‘Outro Cara 2’, ‘Só o Amor Pode Ferir Assim’, ‘Mi Culo Es Malo’, ‘Se Eu Fosse Você’, ‘Chance pro Feio’, ‘I Need You Here’, ‘Amuleto’. ‘Imperfeita’ e ‘Mina no Topo’. A cantora investiu quase R$ 1 milhão de reais no projeto independente.  

“Estamos celebrando as mulheres em todos os sentidos: por serem quem são, por sua força, inteligência, sensualidade e fragilidade. Em alguns momentos como mulher, nos foi dito que se agirmos muito sexy, os outros não nos levarão a sério”, afirma a cantora. “Não podemos simplesmente anular partes diferentes de quem somos. Elas podem apenas coexistir e serem muito autênticas e reais”, conta Flay. Ao mesmo tempo, a artista explora seu potencial vocal, o que impressionou a crítica e o público pela qualidade.

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Flay também traz em seu álbum reflexões sobre o machismo estrutural. Ela reflete sobre o título do produto. “Eu sou a voz da mulher agredida, violada, subestimada, enganada, rejeitada, iludida. Mas também sou a mulher que enganou, amou, perdoou, machucou. Eu sou tudo isso e um pouco mais. Eu sou, literalmente, imperfeita”, reforça a cantora. Como parte do conceito, ela se sentiu confortável nesse lugar de se abrir e expor todas suas vertentes e fez de uma dor música, como forma de se libertar.

Na canção ‘Eu Era Só Uma Menina’, a cantora fala pela primeira vez sobre um abuso sexual que sofreu aos 11 anos. “Aconteceu um dia antes do meu aniversário de doze anos. A partir daí, mudou o rumo da minha vida para sempre. Por muitos anos, fui convencida de que a culpa era minha e nunca me senti pronta para me abrir sobre esse assunto. Sempre senti muita vergonha. Só aos 17 anos eu vim entender o que tinha sido feito comigo. O que tinha sido tirado de mim”, conta a artista.

Em recente entrevista à Vogue, ela revela que encontrou a música como uma forma para ‘digerir’ a violência: “Foi libertador. Passei um longo período da minha vida sem conseguir lidar com a situação. Cheguei à conclusão que a arte poderia me salvar“. Ela também falou da relação com o sentimento de culpa que surge em muitas vítimas: “Eu não tive culpa do que havia acontecido. Fui uma vítima. Era uma garota de 11 anos, sem muita informação, que não teve sua vontade respeitada“. 

Nascida em Nova Floresta, na Paraíba, Flay disse ainda que a educação sexual sempre foi um tabu no meio em que ela foi criada. “Não abordávamos o tema em casa ou na escola”, explicou. Segundo Flay, mesmo entendendo o que havia acontecido, foi muito difícil deixar os julgamentos dos outros de lado. Foi só dez anos depois, aos 27, com a ajuda de uma psicóloga, que a cantora conseguiu refletir melhor sobre o abuso. “Minha psicóloga em uma consulta tirou o véu dos meus olhos. Ela me ajudou a perceber que nunca tive culpa e como isso impactou nos meus relacionamentos, nas minhas relações, e na minha vida como um todo”, comenta.

O próximo passo foi tomar coragem de compartilhar essa história com outras pessoas. Para ela, falar sobre o abuso era – e ainda é – muito difícil, mas entendeu que poderia servir de alerta para outras mulheres. “Confesso que eu pensei muito sobre escrever ou não essa história, porque a minha forma de seguir em frente foi nunca falar sobre isso. Mas, quando eu decidi escrever esse álbum, eu quis ser o mais honesta possível, não só com meus fãs, mas comigo mesma. Enfrentar meus medos, as minhas dores”, finaliza Flay. Nada mais lindo do que ver a arte transformar vidas.

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