Cinco indicações de livros que podem levar jovens a refletirem sobre o racismo
‘Quer tc comigo?’ traz a história de um garoto que não sabe se deve contar que é negro
Por: Lanna Oliveira
Refletir sobre o nosso papel em um Brasil racista tronou-se urgente. É primordial pautar a discussão para que haja desconstrução de papeis enraizados e, consequentemente, evoluir. Na última semana, dia 13 de mais, é o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, e para a aproveitar a oportunidade, que tal uma leitura que te ajudará a achar um direcionamento sobre o tema? Para os jovens leitores que querem pensar sobre questões raciais, cinco indicações de livros podem te ajudar nessa empreitada.
Marcado pela abolição oficial da escravidão no Brasil a partir da assinatura da Lei Áurea em 1888, o dia 13 de maio foi considerado, por muitos anos, uma data comemorativa. Porém, a celebração do episódio vem sendo contestada nas últimas décadas por impedir a reflexão crítica acerca das consequências da falta de subsídios vividas pelas pessoas recém-libertas na época. Mesmo assinada a lei, a população negra permaneceu às margens da sociedade, vivenciando uma discriminação racial perpetuada até hoje.
Por isso, a data passou a ser considerada o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo, tornando-se uma oportunidade para incentivar os jovens a refletir sobre questões raciais no Brasil. Afinal, por se tratar de um problema estrutural, o racismo atua na formação do pensamento desde a infância e precisa ser combatido por meio de informações de qualidade. Esse incentivo ao pensamento crítico pode ser enriquecido por meio da leitura, seja de obras de ficção, seja de livros informativos.
Pensando nisso, o Essência, ao lado da Somos Literatura, selecionou cinco livros que vão motivar crianças e adolescentes a pensar a temática racial e assim, contribuir para uma formação mais cidadã. O primeiro, ‘Batalha!’, de Tânia Alexandre e Valdir Bernardes, aborda diferentes histórias de jovens da periferia que precisam enfrentar obstáculos como racismo e desigualdade social para realizarem seus sonhos. Engajados com o hip-hop, o slam e os desafios da adolescência, esses personagens apresentam ao leitor o cotidiano de grafiteiros, MCs, b-girls, DJs, festas de rua e o intercâmbio entre diferentes bairros. A obra conta com ilustrações de Gugie Cavalcanti.
O livro informativo ‘Racismo, preconceito e intolerância’, de Carlos Alberto Medeiros, Edson Borges e Jacques Dadesky, aborda temas como discriminação e segregação, explicando didaticamente as diversas formas de preconceito. Voltado a jovens a partir do 7º ano escolar, a obra busca a reflexão por parte dos leitores sobre a importância de respeitar as diferenças culturais, étnicas e religiosas para a construção de um mundo melhor.
Na novela ‘Nó na garganta’, o leitor conhece a protagonista Tânia que, aos dez anos, se vê diante de uma grande mudança: seus pais decidem trocar a vida pobre e difícil da cidade grande por uma nova oportunidade no litoral, onde vão trabalhar como caseiros. Lá, Tânia, que é uma garota negra, enfrenta vários preconceitos, que fazem com que os leitores se sensibilizem e entendam a importância de lutar contra o racismo. O autor é Mirna Pinsky e as ilustrações ficam por conta de Andréa Ramos.
Já no romance ‘Coragem não tem cor’, de Marcia Kupstas, o enredo permeia a história dos irmãos Benjamim e Lúcio, que conseguem uma bolsa de estudos em um colégio de elite. Nessa nova experiência de vida, em um mundo diferente do que conheciam, os irmãos precisam enfrentar muitas adversidades. E por fim, ‘Quer tc comigo?’, de Valéria Melki Busin, traz uma narrativa bastante atual. O livro apresenta a história de um namoro virtual permeado por incertezas. Após se mudar de escola e enfrentar preconceitos, Marcelo conhece Rita na internet, com quem se sente muito bem. Porém, o garoto, inseguro por conta das experiências difíceis que enfrentou, não sabe se deve contar a ela que é negro.
