Polícia Federal investiga quadrilha especializada no tráfico de aves silvestres

Foram identificadas ao menos outras oito pessoas que atuam em cidades do norte capixaba e da baixada fluminense, capturando filhotes de aves de várias espécies.

Postado em: 10-11-2021 às 08h54
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Polícia Federal investiga quadrilha especializada no tráfico de aves silvestres
Foram identificadas ao menos outras oito pessoas que atuam em cidades do norte capixaba e da baixada fluminense, capturando filhotes de aves de várias espécies | Foto: Divulgação/ PF

A Polícia Federal (PF), em conjunto com servidores do IBAMA e do ICMBio, cumpriu ao longo da última terça-feira (9/11) um total de 13 mandados de busca e apreensão contra uma organização criminosa especializada no tráfico de animais silvestres no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

As apreensões ocorreram em meio a Operação Aveas Corpus, nos municípios de Vila Valério (5), São Gabriel da Palha (2), Nova Venécia (1), Águia Branca (1) e Magé/RJ (4). Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal de Colatina/ES.

O grupo investigado existe há pelo menos 15 anos. Somente no ano de 2020 foram capturados ilegalmente cerca de 55 filhotes de papagaios da espécie Chauá. Segundo os investigadores da PF, a captura destes animais pode gerar grande impacto na procriação, comprometendo de maneira significativa a perpetuação da espécie que já é ameaçada da extinção.

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Considerando os 55 animais capturados em 2020, em 15 anos o impacto negativo na procriação pode ser de até 20 mil aves.

Entenda

As investigações se iniciaram após ação fiscalizatória realizada pelo IBAMA e ICMBio, que resultou na prisão de pessoas que estavam de posse de oito filhotes de papagaio Chauá (espécie ameaçada de extinção) e de dois de seus ovos, capturados, possivelmente, no interior da Reserva Biológica de Sooretama ou em seu entorno.

Durante as investigações, foram identificadas ao menos outras oito pessoas que atuam em cidades do norte capixaba e da baixada fluminense, capturando filhotes de aves de várias espécies. Esses caçadores, no período de nascimento de filhotes de papagaio (entre setembro e janeiro), coletam os filhotes das aves nos ninhos e os vendem a um intermediário no Espírito Santo.

Cada filhote de papagaio é vendido pelos caçadores por cerca de R$ 100. O intermediário os revende para o comerciante no Rio de Janeiro por R$ 150 e os animais são vendidos por até R$ 3 mil ao comprador final. A principal espécie de papagaio traficada pelo grupo investigado é o papagaio Chauá, mas também se verificou outras espécies, tais como a Maracanã-verdadeiro e a Maritaca.

Além das aves, a organização criminosa também comercializa outros animais que tenham valor comercial. As investigações constataram a venda de macacos-prego (também ameaçado de extinção), coleirinhos, corrupiões, corujas e de filhotes de jacaré. No caso dos macacos-prego, apenas os filhotes eram capturados, uma vez que os animais adultos são muito agressivos. Para conseguir pegar os filhotes os caçadores abatiam as mães.

Crimes investigados

Os investigados poderão responder pela prática de crimes contra à fauna (art.29 da lei 9605/98), maus-tratos aos animais (art. 32 da lei 9605/98) e associação criminosa (art. 288 do Código Penal). Por haver a prática de caça profissional, a pena poderá ser aumentada até o triplo.

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