Em consulta pública, maioria rejeita exigência de receita médica para vacinar crianças contra Covid

O resultado da audiência pública vai ser divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Saúde.

Postado em: 05-01-2022 às 11h04
Por: Victoria Lacerda
Imagem Ilustrando a Notícia: Em consulta pública, maioria rejeita exigência de receita médica para vacinar crianças contra Covid
O resultado da audiência pública vai ser divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Saúde. | Foto: Reprodução/Internet

A maioria das pessoas que responderam à consulta pública, aberta pelo Ministério da Saúde, sobre a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a Covid-19 foi contra a necessidade de receita médica para a imunização do público infantil. De acordo com o governo federal, até o encerramento no último domingo (2/01), foram recebidas exatamente 99.309 respostas.

O governo também informou que a maioria das pessoas foi contra obrigatoriedade da vacinação nessa faixa etária. O levantamento, entretanto, não permitia que as pessoas se manifestassem a favor dessa obrigatoriedade, ou seja: não havia uma pergunta que questionasse se as pessoas eram a favor da vacinação obrigatória. As perguntas da consulta já haviam sido bastante criticadas por especialistas.

Dois dias após o fim da consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde, a audiência pública, com especialistas, começou a debater o assunto na última terça-feira (4). O evento ocorre em Brasília, na sede da OPAS, Organização Pan Americana da Saúde, com a participação de representantes de várias entidades.

Continua após a publicidade

Ao abrir a audiência pública, a Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério, Rosana Leite de Melo, relatou que mais de 99 mil pessoas participaram da consulta pública, na internet. E a maioria se mostrou contrária à obrigatoriedade da vacinação nessa faixa etária, de 5 a 11 anos. Além disso, a maioria também foi contrária à exigência de prescrição médica para a aplicação das doses.

Uma das convidadas a participar da audiência pública, foi a médica pediatra Isabela Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações. Ela destacou o calendário nacional de vacinação como de grande importância para a erradicação de doenças nas crianças. A especialista questionou a existência de uma consulta pública para avaliar a recomendação científica da Anvisa.

A representante do Ministério da Saúde, Rosana Melo, argumentou que as crianças e adolescentes desenvolvem formas mais assintomáticas de covid-19, com menos chance de desenvolver formas graves da doença.

Também presente à audiência pública, a Diretora Médica da Pfizer, no Brasil, Marjorie Dulcine, chamou atenção para os casos de mortes de crianças com covid. Ela citou a nota da Sociedade Brasileira de Pediatria, de 28 de dezembro, que cita a alta de mortes em crianças de 5 a 11 anos, em comparação com outros países. Marjorie Dulcine confirmou a garantia da segurança dos testes realizados e a confiabilidade na recomendação da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Outra entidade convidada para a audiência pública foi a Organização Pan-Americana da Saúde. Socorro Gross, representante da entidade, destacou a importância da vacinação em massa, para o fim da pandemia de covid-19, no mundo. Também destacou a importância do SUS, que faz do Brasil referência em saúde e atenção básica, pelo mundo.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, levou ao debate dados da pasta. Segundo ele, em 2020, 162 crianças entre 5 e 11 anos morreram por complicações de covid-19. Em 2021, essa faixa etária teve 149 vidas perdidas para a doença.

A Anvisa aprovou a aplicação de vacinas de RNA mensageiro, as da Pfizer, em crianças de 5 a 11 anos de idade, em 16 de dezembro. No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a dizer que isso não era suficiente para autorizar a aplicação nessa faixa etária. Com isso, a pasta iniciou a consulta pública, que acabou no último domingo.

Em ofício ao Ministério da Saúde, a Anvisa informou que realizou uma análise criteriosa antes de aprovar a aplicação da vacina Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Por isso, avisou ao Ministério da Saúde que não participaria da audiência pública por entender que “sua participação não agregaria novos elementos” ao assunto, devido ao caráter técnico.

O resultado da audiência pública vai ser divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Saúde.

*Com informações do G1 e Agência Brasil

Veja Também