Brasil bate recorde na importação de armas de fogo com crescimento de 574%; confira os dados

Bolsonaro assinou decreto em maio de 2019 que flexibilizou as regras para a compra de armas no Brasil, e de lá pra cá os números só aumentam

Postado em: 31-01-2022 às 10h14
Por: Alexandre Paes
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Bolsonaro assinou decreto em maio de 2019 que flexibilizou as regras para a compra de armas no Brasil, e de lá pra cá os números só aumentam | Foto: Reprodução/Internet

O volume de importação de armas de fogo no Brasil aumentou 33% em 2021 comparado a 2020, e chegou a US$ 51,9 milhões, contra US$ 38,9 milhões. Este é o maior valor da série histórica produzida pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Siscomex), que começa em 1997. Dados levantados pela BBC News Brasil mostram que o aumento não foi apenas no valor importado, mas na quantidade de armas que entraram no Brasil.

No ano passado, houve um crescimento de 12% no total de revólveres e pistolas importadas (sem contar outros tipos de armas de fogo). Entre fuzis, carabinas, metralhadoras e submetralhadoras houve um aumento de 574%. Em 2020, foram importadas 1.211 armas desse tipo. Em 2021, o número chegou a 8.160. Foi o segundo aumento expressivo consecutivo na importação desse tipo de armamento.

Especialistas em segurança pública afirmam que o aumento na importação de armas pelo Brasil é resultado das mudanças feitas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, que tornou mais fácil comprar armas no país, e esse crescimento pode ter efeitos negativos para a segurança pública.

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O Exército, responsável pelo controle das importações de armas no país, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não ter estudos sobre as causas desse aumento e que o órgão vem executando o rastreio e controle de armas e munições de acordo com a legislação. Procurados, o Ministério da Justiça e a Presidência da República não se pronunciaram.

Decreto de risco

Dados mostram que o crescimento no volume de importação de armas se acentuou durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. Em 2019, primeiro ano do seu governo, as importações de armas de fogo aumentaram 46%, bateram recorde e chegaram a US$ 23,8 milhões. Em 2020, o crescimento foi de 64% e um novo recorde: US$ 38,9 milhões.

O aumento no volume de fuzis importados acontece após Bolsonaro ter assinado uma série de decretos que facilitaram a aquisição desse tipo de armamento. Antes, cidadãos comuns que quisessem ter um fuzil precisariam ser cadastrados junto ao Exército como colecionadores, e só podiam acessar modelos com mais de 70 anos, ou seja, armas efetivamente antigas.

Em diversas ocasiões, o presidente defendeu que a população se armasse. Em agosto do ano passado, por exemplo, Bolsonaro incentivou apoiadores a comprarem fuzis. “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, afirmou o presidente.

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