Os caminhos futuros do dólar

Confira o artigo, deste sábado (03/07), por Stephanie Louise Lein

Postado em: 03-07-2021 às 12h31
Por: Redação
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Confira o artigo, deste sábado (03/07), por Stephanie Louise Lein

Há exatamente um mês, no fim de maio, deparávamos com o dólar em um patamar pouco acima da casa dos R$ 5,30. Bastaram 30 dias para que o mercado registrasse uma desvalorização da moeda norte-americana bem próxima dos 7% neste período, abaixo dos 5 reais. Foi o primeiro rompimento dessa margem em um ano. 

Os motivos para a pressão negativa sobre o dólar são diversos, a começar pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que não só voltou a elevar a taxa Selic em 0,75%, fazendo-a saltar de 3,5% para 4,25%, como também sinalizou que a inflação deverá ganhar força nos próximos meses. 

Estimativas sugerem uma taxa entre 6,5% e 7,5% no fim do ano, mais de três vezes os 2% que perduraram até março. Na contramão, o Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, mantém suas medidas de contenção à inflação ante a pandemia, preservando a taxa de juros próxima de zero. E, pelas declarações do presidente do FED, Jerome Powell, há fortes indícios de que não haverá mudanças dessa política até o fim do ano. 

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Falando em política, acrescente a esses dois cenários, que já convergem contra o dólar, outros dois temperos vindos direto de Brasília: crescem as expectativas em torno da aprovação da reforma administrativa pelo Senado Federal até setembro, e a privatização da Eletrobras já está em contagem regressiva para acontecer. 

Diante de tudo isso, a tendência ainda é de queda da moeda americana, ainda que, pelo menos por enquanto, seja discreta a fé dos economistas de que esse movimento se mantenha até o fim de 2021. A média das estimativas, no entanto, já sofreu ajustes: em maio estava em R$ 5,30. 

Nos primeiros dias de junho, as apostas quanto ao valor com que o dólar fechará o ano já haviam caído para R$ 5,20. O fato é que a elevação dos juros no Brasil atrai investimentos em Real, como por exemplo, em renda fixa indexada à taxa Selic. Como a redução contínua dos juros nos últimos anos distanciou o investidor desses papéis, houve um esfriamento do mercado conservador que contribuiu para a desvalorização da moeda brasileira. 

Alguns economistas, aliás, atribuem a elevação do dólar às baixas taxas de juros adotadas pelo Copom. Como tudo na Economia, há prós e contras no cenário de queda do dólar. O ponto positivo é a retomada de algumas aplicações, maior poder de compra e reaquecimento do turismo. O lado negativo é o aumento da concorrência do produto importado frente ao nacional, redução da competitividade brasileira no cenário estrangeiro e menor atração de capital externo no país. 

Qual desses lados vai vigorar? Vai depender das respostas que o próprio mercado oferecerá e também do perfil do investidor. Como o ideal é tentar sempre que possível enxergar o copo meio cheio, diria que há boas oportunidades por trás dessa queda. Só o tempo dirá.

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