Iris: ‘Quando Paulo Garcia foi reeleito, se tornou esse desastre administrativo’

Em entrevista ao jornal O Hoje, o peemedebista comentou a atual gestão do município

Postado em: 27-09-2016 às 06h00
Por: Redação
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Em entrevista ao jornal O Hoje, o peemedebista comentou a atual gestão do município

Mardem Costa Jr., Vesceslau Pimentel, Rubens Salomão, João Barbosa e Thaís Franco

Com a fala mais pausada que a de costume, o candidato a Prefeitura de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), explicou que a sua atual candidatura está acontecendo pelo fato de que ele sente que ainda deve muito para a capital. “É um débito sentimental, moral e político que eu tenho com essa cidade”, contou. Em entrevista ao jornal O Hoje, o peemedebista também falou sobre a saída da prefeitura na última vez que geriu o município, as principais necessidades da capital, a relação entre o município e o Estado e afirmou que continua trabalhando para ganhar ainda no primeiro turno.

As eleições estão na reta final e percebemos que, com base nas pesquisas, teremos um segundo turno. Qual a sua perspectiva para tentar reverter esse quadro?
Tenho desenvolvido um trabalho objetivando a vitória. Assim como as outras vezes que disputei eleições, embora não tenha sido eleito em algumas delas. Mas, como democrata, sempre recebi com naturalidade as vitórias e as derrotas, pois o importante na democracia é a participação. Eu fui incentivando a me candidatar por apelos do meu partido e de parte considerável da população. O trabalho que temos desenvolvido é sem estardalhaços, mas com muita ação. Reuniões com praticamente todos os seguimentos sociais, caminhadas, carreatas, comparecendo a programas de rádio, TV e jornais. Eu entendo que a minha vantagem reside no tempo que eu milito na política, com isso eu me tornei mais conhecido pela população do que outros candidatos mais jovens. Por outro lado, também entendo que minha posição se deve ao meu comportamento como homem público.

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Você acha que, de todas as eleições que já disputou, essa tem um caráter especial, já que você mesmo tem dito que será a última?
Eu tomei uma atitude recente, quando meu nome surgiu nas pesquisas de forma espontânea, criando uma expectativa dentro do meu próprio partido de que eu seria o candidato. Então soltei uma nota dizendo que iria encerrar a minha carreira. Quando essa posição foi levada ao público eu me choquei com o descontentamento verificado junto a uma parcela da população. Então entendi que nunca poderia contrariar essa cidade. Porque, politicamente, ninguém deve a Goiânia o que eu devo. Se não fosse a capital eu não teria sido governador. Foi essa cidade que também me elegeu vereador, deputado e prefeito. Eu não sou de cidade tradicional de Goiás, eu venho de um povoado de evangélicos da zona rural. Cheguei aqui com as mãos calejadas, e tempos depois essa cidade me elege o vereador mais votado até aquela data. Anos depois fui o deputado melhor eleito da história de Goiás, três anos depois, fui eleito prefeito da capital. 

No ano de 2014, você disse que seria conselheiro político do PMDB, no começo desse ano o senhor anunciou que não disputaria mais nada. Por que o recuo?
É um débito sentimental, moral e político que eu tenho com essa cidade. Embora eu tenha, no decorrer da minha vida pública, dado o retorno, correspondendo a confiança dessa cidade. Hoje eu digo, Goiânia é a única cidade com mais de um milhão de habitantes que não convive com favelas, graças ao sentimento que tive no início da minha carreira, que o primeiro item para dar dignidade a vida de uma pessoa era a casa própria. Naquela época, Goiânia já estava com o Setor Universitário tomado por favelas, então eu comecei a construir casas. Também é uma capital que não convive com poeira e com lama. Quando jovem eu vivia em Campinas numa rua de terra e barro, e quando assumi a prefeitura só uma pequena parte da cidade era asfaltada, e naquela época eu asfaltei praticamente tudo. Então, são fatos que aconteceram pela minha vivência de residir num bairro que faltava o básico, como água tratada, iluminação pública e asfalto. Também sempre tive preocupação com a área de transporte, porque durante mais de 13 anos eu andei de ônibus. Então sei o que um passageiro experimenta quando há irregularidade no transporte.

O senhor ainda se sente em débito por que deixou a administração em 2010?
Foi um episódio desagradável, porque eu não esperava  deixar a prefeitura naquela época, atendendo a um apelo de todos os prefeitos e deputados do PMDB para que eu me candidatasse a governador. Então eu deixei a prefeitura, certo de que o meu substituto seria melhor do que eu. Mas, lamentavelmente, o meu sucessor conservou a minha equipe, com pequenas mudanças, e ninguém notou mudança no comportamento da administração. Tanto que ele veio a se candidatar a reeleição, e foi eleito no primeiro turno. Então, até o dia da sua reeleição ninguém reclamou de mim. Quando Paulo Garcia foi reeleito colocou a equipe dele e se tornou esse desastre administrativo. 

E sobre a dívida que o atual prefeito diz que herdou?
Não existe dívida nenhuma, isso não é verdade. O município é um gestor do Sistema Único de Saúde (SUS), o Estado é obrigado a gastar, salvo engano, 12% na saúde, o município 15%. Então, houve aí um desencontro entre o estado e o município, que está sendo discutido até hoje. Quando passei a administração para o Paulo Garcia, a prefeitura possuía R$ 176 milhões em caixa. Desse valor, R$ 126 milhões de imposto municipal, R$ 20 milhões que consegui do Ministério do Turismo para reformar o Mutirama, R$ 20 milhões que eu trouxe para a construção da Alameda Botafogo, e R$ 12 milhões que a bancada federal havia colocado no orçamento. Esse é o dinheiro que deixei no caixa. Essa foi a prefeitura que eu entreguei. 

Qual foi o critério para escolha do vice atual?
Olha, foi principalmente pela posição que o partido dele faz. O povo brasileiro está enojado com a política nacional. Ninguém poderia imaginar a dimensão e profundidade da corrupção nesse país. O que o povo também tem reclamado nos últimos tempos? É sobre segurança pública. Mas eu vou trazer alguém que se mostrou incorruptível para me auxiliar, foi por isso que escolhi o Major como vice. Eu tenho andado por vários bairros, e vejo centenas de armazéns atendendo por trás de grades. 

Qual a maior prioridade para Goiânia hoje?
Todas as áreas da administração pública estão exigindo uma ação imediata e forte pela prefeitura. Na área da limpeza, como todos sabem, está tudo “emporcalhado”, não existe uma praça verde, um lote que não seja depósito de lixo. Em segundo lugar, a educação. Na minha administração eu me preocupei em criar mais de 20 escolas de tempo integral. Hoje tem mais de seis mil crianças esperando vagas nos Cmeis. Outra coisa é a saúde. As pessoas estão morrendo dentro das unidades de saúde. 

O atual prefeito diz ter sido o administrador que mais investiu no transporte público, mas isso não condiz com a reclamação dos usuários. Qual a solução?
Vamos abrir licitação, e se essas empresas de transporte estiverem “quebradas” e não derem conta, devem sair do lugar. Eu vou ter a mesma coragem que tive no passado. Ou investem ou saem. 

E qual será a relação com o governo estadual?
Eu não tive uma briga com Marconi Perillo, mas não aceitei que os direitos da população de Goiânia fossem negados. Mas eu, se fosse prefeito da capital hoje, não aceitaria a população continuar prisioneira em suas próprias casas por falta de segurança, que é de competência do Governo do Estadual. 

O senhor está preocupado com o crescimento de Vanderlan Cardoso nas pesquisas eleitorais, já aparecendo na segunda colocação?
De mim ele não está tirando voto, pois, como podem ver, a minha posição é a mesma. O que tenho sentido nas ruas e em todas as reuniões não é o mesmo que está aparecendo nas pesquisas. E ainda estou trabalhando para ganhar no primeiro turno. 

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