5G deve beneficiar agronegócio goiano, diz CEO do Lide China

Para José Ricardo dos Santos Luz Júnior, se Goiás mostrar aos chineses que seus produtos estão de acordo com os critérios ESG, a relação pode atingir um novo patamar

Postado em: 31-08-2021 às 08h10
Por: Marcelo Mariano
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Para José Ricardo dos Santos Luz Júnior, se Goiás mostrar aos chineses que seus produtos estão de acordo com os critérios ESG, a relação pode atingir um novo patamar | Foto: Reprodução

A expectativa é de que o Brasil realize o leilão do 5G em outubro deste ano, e a empresa chinesa Huawei tem uma das tecnologias mais avançadas na área.

Em Goiás, o governo estadual, em parceria justamente com a Huawei, lançou, no final de 2020, em Rio Verde, uma rede experimental de internet 5G com foco no agronegócio.

Na avaliação do advogado José Ricardo dos Santos Luz Júnior, CEO do Lide China – plataforma que conecta empresários e representantes governamentais chineses e brasileiros –, a tecnologia 5G terá uma grande importância para o agronegócio goiano.

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“O empresário da região terá uma sinergia da tecnologia com a produtividade. É a famosa agricultura 5.0, que mistura a agricultura 4.0, de precisão, já com a utilização da internet das coisas, junto com robótica, inteligência artificial e lançamento de imagens e fotos em nuvens para fazer leitura do solo e verificar se há, por exemplo, um impacto grande de ervas daninhas ou aplicação adequada de recursos hídricos”, disse José Ricardo em entrevista ao jornal O Hoje.

Outro assunto que une China ao agronegócio goiano é a produção de soja, que lidera as exportações goianas, representando 35,19%, de acordo com a balança comercial de 2020.

Em maio, as primeiras toneladas de soja da Tanzânia chegaram à China, o que, a longo prazo, pode impactar produtores goianos, caso os chineses prefiram dar prioridade a outros mercados devido à instabilidade política no Brasil.

Diante desse cenário, para o CEO do Lide China, Goiás deve intensificar o diálogo a fim de mostrar aos chineses que seus produtos estão em linha com os critérios ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança).

Com isso, a relação entre Goiás e China poderá ser alçada a “um novo patamar”, segundo José Ricardo, que chama a atenção para o fato de que a sustentabilidade é uma tendência do mercado chinês, além de ser um dos três pilares do plano quinquenal de metas do governo do país asiático.

Atualmente, a China já é o principal parceiro comercial de Goiás em relação às exportações (44,93%) e também às importações (14,17%).

Além disso, vale ressaltar relatório de agosto do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), em que Goiás aparece como o quinto estado brasileiro com mais investimento chinês – atrás de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro –, principalmente nas áreas de energia e mineração.

Paradiplomacia

A política externa do governo Jair Bolsonaro tem se caracterizado por uma confrontação à China. Por isso, estados e municípios passaram a se preocupar mais com a paradiplomacia, ou seja, a diplomacia de entes subnacionais.

“A China tem visto os esforços do Brasil nas esferas municipal e estadual”, afirma José Ricardo. “É um movimento bem-recebido.”

De acordo com ele, a própria embaixada chinesa tem se dedicado a organizar eventos e videoconferências para aumentar a integração com entes subnacionais. “Goiás já tem uma relação muito interessante com a China, tanto que é uma das principais regiões exportadoras para o mercado chinês”, diz.

No entanto, diferentemente de São Paulo, por exemplo, o Governo de Goiás não tem uma secretaria dedicada exclusivamente às Relações Internacionais. “Sem dúvida alguma, esses canais de comunicação são extremamente importantes”, avalia José Ricardo.

O CEO do Lide China revela que a Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) deve se reunir ainda este ano para definir a segunda edição do plano decenal de cooperação Brasil-China, com validade até 2031.

“Certamente, Goiás, por ser um estado com essa potência agrícola, estará inserido em diversos aspectos, já que a exportação de commodities agrícolas é uma das áreas de destaque”, argumenta José Ricardo.

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