Após ser xingada, mulher acusa professor Alcides de machismo

Madrasta de estudante de medicina conta os bastidores de confusão que terminou na delegacia semana passada

Postado em: 11-10-2021 às 10h29
Por: Redação
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Madrasta de estudante de medicina conta os bastidores de confusão que terminou na delegacia semana passada | Foto: Reprodução

Por Yago Sales

Uma tentativa de alunos de Medicina de conversarem com o professor Alcides, que é dono do Centro Universitário Alfredo Nasser (Unifan),terminaria com ofensas, empurrões, chutes, tiro, delegacia, IML e vídeos que se espalharam pelas redes sociais. A Polícia Civil investiga o caso, sobretudo para identificar o autor de um disparo no chão que causou perfuração na cerâmica, em um vaso de plantas e numa parede. O projétil foi encontrado, desmentindo a informação de um tiro para cima.

Os três vídeos que registram partes do episódio mostram a empresária Milca Reis Bezerra, de 37 anos, em três momentos. Quando ela questiona o deputado sobre tentativas de resolver problemas com a grade curricular do enteado, Thasso Lopes Pires, de 27 anos, que cursa Medicina na unidade. Quando ela é xingada de “puta” pelo professor Alcides e, durante uma confusão generalizada, ela avança contra o deputado.

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Em entrevista exclusiva ao O Hoje na tarde de domingo (10), a empresária nega que tenha agredido o professor Alcides. Por outro lado, o pró-reitor jurídico da Unifan, o advogado Wallace Braz Francisco, sustenta que o deputado sofreu agressões. “Até o par de óculos quebrou”, disse.

 Na entrevista, a empresária reconstituiu a tentativa de resolver os problemas do enteado, que passou no vestibular da instituição, deixando o curso de Medicina da Universidad Cristiana Bolívia. Segundo ela, a intenção era conseguir fazer uma grade curricular, já que matérias que o jovem havia cursado na universidade boliviana não estavam sendo aceitas, mesmo depois de terem sido pagas. “A família pagou R$100 para cada uma das 58 disciplinas, ou seja, R$5.800.” Sem a grade, o estudante não havia iniciado as aulas no segundo semestre.

Acompanhada do marido, eladisseque eles viajaram1.300 quilômetros de carro da Bahia até Aparecida de Goiânia. Chegaram na quarta-feira à noite com a expectativa de serem ouvidos pelo professor Alcides. Na quinta-feira, foram informados que o reitor os atenderia na sexta-feira. Durante a manhã, a família tentou uma reunião, que não aconteceu. Receberam a promessa de que seriam atendidos à tarde.

“A gente ficou esperando, vendo pessoas entrando e saindo da sala dele. Mas quando ele saiu, disse que não ia falar com aluno de Medicina. Foi quando eu o interpelei”, conta ela. Em um dos vídeos, o Professor Alcides aparece dizendo que não tinha a obrigação de atendê-la. “Quem é o dono da faculdade?”, Milca questiona. “Eu não tenho a obrigação de atender”, o reitor repete. Em um dado momento, já irritado, ele indica uma delegacia para resolver a situação. “Vai lá e denuncia, que vou esperar a polícia aqui”, disse ele, com dedo em riste. A mulher então diz que o deputado é uma pessoa sem respeito e ele a chama de “puta”.

Sobre o uso da expressão, a empresária acusa o deputado de machismo. “Por que ele não se dirigiu ao meu esposo e o ofendeu com uma palavra de baixo calão? Ele fala com muita veemência ‘sua puta’. Imagine para mim, como mulher, como mãe, como ser humano. Ficou nítida a falta de respeito pelo fato de eu ser mulher.” Procurado no final de semana, o professor Alcides preferiu o silêncio. A assessoria de imprensa da Unifan disse que o deputado “está abalado”. Já o pró-reitor jurídico da unidade, Wallace Braz Francisco, esclareceu que, tendo em vista os vídeos, “houve ofensas de ambas as partes”.

Sobre o professor ter xingado a mulher, ele disse que “todos ficaram surpresos com a atitude”. “Quem o conhece sabe que ele é cordial e calmo. Obviamente a discussão estava acalorada”. Em seguida, o advogado volta a acusar Milca de agressão: “Temos uma senhora agredindo, ela sobe a escada, quebra os óculos do professor.” Sobre o disparo de arma de fogo, o advogado diz que vai esperar identificá-lo para tomar providências administrativas. Perguntado sobre demissão do funcionário, o advogado diz que é possível. “Não é permitido uso de armas dentro da Unifan”, ele garantiu.

Sobre o valor pago pelas matérias, o advogado diz que “o valor é para a análise das disciplinas do estudante que veio de outra instituição. O pagamento não garante que aquela matéria vai ser inserida e isso está no edital e no contrato”, ele disse. (Especial para O Hoje)

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