No PSD, Pacheco tem mais cara de vice do que de presidente

A terceira via tem muitos nomes e, para ter sucesso, precisará se unir em torno de uma candidatura

Postado em: 28-10-2021 às 09h20
Por: Marcelo Mariano
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A terceira via tem muitos nomes e, para ter sucesso, precisará se unir em torno de uma candidatura | Foto: Reprodução

Após meses de negociação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, trocou o DEM pelo PSD durante evento realizado nesta quarta-feira (27), no Memorial JK, em Brasília.

A partir de agora, Pacheco é, oficialmente, o pré-candidato a presidente do PSD, mais um entre tantos nomes da chamada terceira via, que rechaça o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT).

No entanto, se analisado friamente, o presidente do Senado tem mais cara de candidato a vice. Há pelo menos quatro fatores que sustentam esse argumento.

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Primeiro, Pacheco não é conhecido Brasil afora e, para piorar, deixa seu perfil no Twitter trancado. Além disso, seu discurso, apesar de palatável aos políticos, não empolga as massas. Diante desse cenário, fica difícil crescer nas pesquisas como cabeça de chapa.

Segundo, agora ele está filiado a um partido conhecido muito mais por ser negociador do que por buscar protagonismo a nível nacional. Em outras palavras, o PSD é um centrão raiz, importante para a tão cobiçada governabilidade.

Terceiro, a terceira via tem mais candidatos do que votos. Se quiser ter sucesso, precisará se unir em torno de um nome. Se houver vários, os votos serão divididos e todos se afogarão juntos.

Quarto, o presidente do Senado, embora tenha nascido em Rondônia, é mineiro de criação. Historicamente, Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, é um estado decisivo para as eleições presidenciais.

Não é à toa que, de 1989 para cá, todos os presidentes eleitos venceram em Minas Gerais, desde Fernando Collor até Jair Bolsonaro, passando por Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, a única mineira entre eles. Há quem diga que o estado represente bem as características e desigualdades de todo o país.

Portanto, já que, como demonstrado no primeiro argumento, Pacheco não tem força para ser candidato a presidente, ele seria um bom nome para vice com o objetivo de unir a terceira via, por estar filiado a um partido que ajudaria na governabilidade e ser de um estado com grande peso eleitoral.

Ainda sobre o PSD, vale dizer que o partido, com Pacheco, passa a ter 12 senadores – a segunda maior bancada do Senado –, incluindo os três de Minas Gerais. Também comanda as prefeituras de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro e pode eleger Geraldo Alckmin como governador de São Paulo.

Para um presidenciável do Nordeste, por exemplo, ter o apoio do PSD, tão forte no Sudeste, seria um excelente negócio. É o caso de Ciro Gomes (PDT), do Ceará, que tem boa relação com o prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato a governador de Minas Gerais, Alexandre Kalil.

É claro que o PSD vai dizer que Pacheco é candidato a presidente, mas todo mundo também sabe que partidos costumam lançar candidaturas para depois negociarem vaga de vice em chapa.

E Pacheco, quando foi candidato a presidente do Senado, mostrou habilidade para transitar entre diferentes forças políticas, tendo obtido apoio de partidos como PT e PDT, além de senadores da base bolsonarista. 

Goiás

Em Goiás, a filiação de Pacheco ao PSD, a princípio, muda pouca coisa. No estado, o partido tem como prioridade indicar Henrique Meirelles como candidato a senador, de preferência na chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil).

A União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, também quer ter candidatura a presidente. No momento, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta é o mais cotado.

Se a União Brasil lançar mesmo um candidato, Caiado naturalmente vai apoiá-lo. Caso contrário, e se o PSD estiver na chapa caiadista, o governador não teria problemas em declarar voto em Pacheco já no primeiro turno, uma vez confirmada a sua candidatura. (Especial para O Hoje)

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