PL aposta em Bolsonaro de olho na bancada de deputados federais

No fundo, o presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, tem pouco interesse nas eleições presidenciais, já que, como alguém do centrão, pode compor com qualquer governo

Postado em: 01-12-2021 às 09h38
Por: Marcelo Mariano
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No fundo, o presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, tem pouco interesse nas eleições presidenciais, já que, como alguém do centrão, pode compor com qualquer governo | Foto: Reprodução

Dois anos depois de sair do PSL, o presidente Jair Bolsonaro, após algumas idas e vindas, finalmente se filiou ao PL, partido do centrão comandado por Valdemar da Costa Neto, ex-deputado federal e condenado no escândalo do mensalão em 2012, durante evento em Brasília nesta terça-feira (30).

“Confesso, prezado Valdemar, a decisão não foi fácil”, disse Bolsonaro na cerimônia de filiação. “E uma filiação é como um casamento. Agora, não seremos marido e mulher: seremos uma família.”

Na mesma ocasião, também se filiaram ao PL o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Há uma expectativa de que dezenas de parlamentares bolsonaristas sigam o mesmo caminho até a janela partidária de abril, além de outros ministros, como o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, cotado para disputar o Senado por Goiás ou o governo de São Paulo.

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Uma pergunta que muitos agentes políticos têm feito, inclusive em Goiás, é a seguinte: por que um articulador experiente como Valdemar da Costa Neto decidiu apostar as fichas do PL em Bolsonaro, que, de acordo com as principais pesquisas de intenção de voto, não é o favorito para vencer as eleições de 2022?

Antes da resposta, é preciso fazer uma ressalva. As pesquisas em questão refletem o cenário atual. A votação, por sua vez, ocorre em outubro do ano que vem. Até lá, muita coisa pode mudar.

Valdemar da Costa Neto, justamente como um articulador experiente, está de olho na bancada de deputados federais. Atualmente, o PL já tem a terceira maior quantidade de parlamentares na Câmara dos Deputados, com 43, atrás apenas de PSL (54) e PT (53), e à frente de muitos outros partidos de maior estrutura, como MDB (33) e DEM (26).

Especula-se que em torno da metade de deputados federais do PSL, aqueles considerados bolsonaristas, acompanharão o presidente rumo ao PL, que, dessa forma, tende a ficar com a maior bancada.

O PSL, aliás, se fundirá ao DEM, criando a União Brasil. Juntos, eles também terão uma bancada robusta, mas provavelmente inferior ao do PL, que terá apenas uma ou outra defecção com a chegada de Bolsonaro.

Nas eleições de 2022, Valdemar da Costa Neto tem o objetivo de manter o PL como o maior partido da Câmara dos Deputados. E, tradicionalmente, o maior partido tem o direito de indicar um candidato a presidente da Casa.

Além disso, eleger a maior bancada de deputados federais significa ter acesso a mais recursos do fundo partidário, distribuído mensalmente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e do fundo eleitoral, disponível somente em ano de eleição.

E Valdemar da Costa Neto, como articulador experiente que é, não entregou o comando do PL para Bolsonaro. Em outras palavras, será ele quem ficará responsável por administrar todo esse dinheiro.

Bolsonaro, por sua vez, precisava apenas de um partido com alguma estrutura para poder tentar a reeleição. No fundo, esse é o casamento do qual o presidente falou em sua cerimônia de filiação.

Até porque, realisticamente, o PL, como um partido genuinamente do centrão, pode compor com qualquer presidente que for eleito, inclusive Lula (PT), que já teve o partido na vice durante seu primeiro mandato.

Portanto, enquanto Bolsonaro pensa na reeleição, e a longo prazo quer mesmo criar o seu próprio partido, Valdemar da Costa Neto pensa em dinheiro na certeza de que terá influência independentemente do governo. (Especial para O Hoje)

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