O que se sabe sobre Braga Netto, provável vice de Bolsonaro na disputa pela reeleição

Braga Netto entrou para o governo federal em fevereiro de 2020, quando foi anunciado como novo ministro chefe da Casa Civil.

Postado em: 22-03-2022 às 11h07
Por: Ícaro Gonçalves
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Braga Netto entrou para o governo federal em fevereiro de 2020, quando foi anunciado como novo ministro chefe da Casa Civil | Foto: Reprodução

Em recentes entrevistas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem dado pistas de que o provável nome escolhido para acompanhá-lo como vice na disputa pela reeleição ao Palácio do Planalto será o do general de Exército Walter Souza Braga Netto. “Obviamente, vocês vão tomar conhecimento de quem vai ser meu vice pelas possíveis saídas de ministro agora dia 31 de março”, afirmou o presidente, indicando que o escolhido ocupa atualmente cargo de ministro em seu governo.

Ao ser questionado diretamente se o general é seu escolhido, Bolsonaro respondeu: “Vou dar mais uma dica: é nascido em Belo Horizonte. Mais uma dica: fez colégio militar”. Braga Netto é de Belo Horizonte. Caso se confirme, Bolsonaro trocará um general por outro, tirando de cena Hamilton Mourão, atualmente filiado ao Republicanos.

Trajetória

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Conforme biografia levantada pelo portal BBC News, Braga Netto entrou para o Exército em 1975 e atuou no Rio de Janeiro durante grande parte da sua carreira. Foi promovido a general em 2009 e nomeado chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste no mesmo ano.

É definido por colegas como nome respeitado pela tropa, de “forte liderança” e “bem articulado”. Parte da articulação pode ser atribuída aos “estágios” na área diplomática feitos pelo militar. Entre os anos de 2005 e 2006, Braga Netto ocupou o cargo de adido militar do Brasil na Polônia.

Em 2012, passou a ocupar a aditância militar nos Estados Unidos e Canadá. Enquanto exercia o cargo em Washington, foi promovido a general de Exército. Pouco depois, em 2013, assumiu a função de diretor de Educação Superior Militar, no Rio de Janeiro.

Ainda no Rio, Braga Netto foi o responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de ser nomeado para assumir o Comando Militar do Leste.

Intervenção no Rio

Já em 2018, o general comandou a intervenção federal do governo Michel Temer na segurança pública do Rio de Janeiro e passou a controlar a Polícia Civil, a Polícia Militar, os bombeiros e administração penitenciária do Estado.

Nos pouco mais de dez meses em que o general comandou a segurança pública fluminense, o Estado registrou queda de roubos e aumento das mortes provocadas pela polícia. A intervenção acabou em 31 de dezembro de 2018.

Na ocasião, o general argumentou que houve aumento do “número de pessoas mortas em confronto com a polícia” porque criminosos reagiam às operações policiais, em vez de se entregar. “Não é que nós demos autorização para matar, nada disso, simplesmente foi a metodologia empregada. Nós passamos a realizar os patrulhamentos em cima das manchas criminais”, disse ao canal TV Aparecida.

Na política

Braga Netto entrou para o governo em fevereiro de 2020, quando foi anunciado como novo ministro chefe da Casa Civil, no lugar de Onyx Lorenzoni. A troca deu mais poder à ala militar do governo, grupo que havia perdido espaço para a ala mais ideológica ao longo de 2019.

À frente da Casa Civil, tradicionalmente uma das pasta mais importantes para o governo, Braga Netto se tornou um dos ministros mais próximos de Bolsonaro. Em julho de 2020, enfrentou criticas de nepotismo, quando sua filha Isabela Ancora Braga Netto, sem experiência na Saúde, recebeu autorização da Casa Civil para ocupar um cargo na a Agência Nacional de Saúde (ANS).

Em março de 2021, o general deixou a Casa Civil para assumir a Defesa após a demissão do ocupante do cargo até então, o general Fernando Azevedo e Silva, – que foi seguida pela saída dos três comandantes das Forças Armadas em protesto.

Logo depois, ele assinou uma “ordem alusiva ao 31 de março de 1964” em que diz que acontecimentos como o golpe militar ocorrido há 57 anos, o qual chamou de “movimento”, devem ser “compreendidos e celebrados”.

CPI da pandemia

O relatório da CPI da Covid, desenvolvido pelo Senado e que apurou as ações e omissões do governo diante do enfrentamento à pandemia, pediu em outubro passado o indiciamento do general por sua atuação como ministro e coordenador do Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19.

O documento aponta que os altos números de casos e mortes por covid-19 no Brasil foram em parte causados por erros do governo sobre os quais o general teria responsabilidade. O relatório afirma ainda que o ministro foi conivente com a “postura negacionista” de Bolsonaro sobre a pandemia.

Com informações da BBC News Brasil

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